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Escola deveria ter sido penalizada, mas punição não ocorreu, avalia Luiz Armando Vaz

Comentarista de Carnaval avalia a pontuação da campeã Bambas da Orgia

12/02/2013 - 19h16min

Atualizada em: 12/02/2013 - 19h16min


Última alegoria da escola apresentou falha ao passar em frente à torre de julgamento

Luiz Armando Vaz, comentarista de Carnaval do Grupo RBS, acompanhou os desfiles nas noites de sexta e sábado e a apuração durante a tarde desta terça-feira no Porto Seco, em Porto Alegre.

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Primeiramente, cumprimento o Bambas da Orgia pelo campeonato. Sem dúvida, é uma escola que renasce das cinzas, que se liberta de um histórico de dificuldades recorrentes.

Depois de uma eleição que acabou na justiça, Bambas chega ao final do Carnaval de 2013 como campeã. Por toda a dificuldade superada, parabéns à família bambista. Toda a sorte do mundo à "azul e branco".

É uma vitória, no entanto, que reacende a discussão sobre a necessidade de reparos no processo de julgamento. A nota conquistada nos oito quesitos - 239,6 pontos - só foi possível porque o Bambas da Orgia foi avaliado em comparação com outras escolas que desfilaram na sexta-feira - não pertencentes ao Grupo Especial. Sendo assim, os votos foram depositados na urna e não foram revistos após a votação das escolas do chamado grupo de elite, que desfilaram na noite de sábado, no Porto Seco. Foi somente por conta disso que o Bambas fez tão alta pontuação.

Cria-se, então, um sério problema - que tem de ser visto com cautela, a fim de que se chegue a uma solução. Não foi um erro perceptível apenas nos detalhes. O que aconteceu na noite de sexta-feira foi um desastre justamente enquanto a escola passava na frente da torre de julgamento: um carro quebrou, bambistas tiveram de descer da alegoria e a escola encerrou o seu desfile com dois minutos de atraso.

Não há dúvidas de que a escola deveria ter sido penalizada por essa falha, que é grave. Mas a punição não ocorreu. Ela acabou se destacando, em pontos, em relação a escolas como a Imperadores do Samba - que não teve alegoria com defeito e não estourou o horário máximo permitido.

Esta não é uma questão de justiça ou de injustiça. Existe um regulamento e ele foi seguido. No entanto, de forma deselegante a Liga das Escolas de Samba de Porto Alegre do Grupo Especial coloca a responsabilidade sobre a Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Na minha opinião, a Liga reúne as dez escolas que se destacam a cada ano. Cabe a ela, portanto, a idealização de um novo regulamento que impeça situações que a presenciada nesta terça-feira.

Houve um equívoco no julgamento. Mas as notas estão dadas e o que resta é não somente lamentar, mas ajustar esta situação para que não volte a ocorrer. Da forma como realizada a votação, sem comparação entre as duas noites, o que se viu foi o seguinte: foi punida a escola que não teve problemas.


A apuração

No primeiro quesito, bateria, somente União da Vila do IAPI, Bambas da Orgia, Restinga, Império da Zona Norte e Imperadores do Samba conquistaram notas máximas dos três juízes, totalizando 30 pontos. No entanto, a segunda escola perdeu 0,2 por ultrapassar o tempo de desfile e ficou para trás.

Em harmonia, IAPI perdeu 0,6, Império da Zona Norte teve 0,2 descontados e Tinga, 0,1. Somente Imperadores conquistou notas perfeitas e somou 60, tomando a frente na disputa pelo título do Carnaval.

No quesito evolução, Imperadores assumiu de vez o favoritismo ao ver Império perder 0,3 e Restinga 0,2, enquanto a vermelha e branca teve somente 0,1 diminuído dos 90 totais. No entanto, Bambas da Orgia, somente com notas 10 até então, encostou na liderança, mesmo com os dois décimos perdidos por causa do estouro do tempo máximo de desfile.

Na pontuação de enredo, Imperadores teve 0,1 descontado e Bambas somou só notas dez, portanto as duas agremiações empataram no placar geral com 119,8. Restinga permaneceu na cola com 119,7.

Em samba-enredo, Tinga e Imperadores perderam mais 0,1 cada. A azul e branca continuou com pontuação impecável. Um princípio de tumulto se formou com os dirigentes da Império da Zona Norte, que estavam revoltados com os critérios dos jurados.

Com os ânimos contidos pela Brigada Militar, o quesito alegorias foi definitivo para a briga pelo título. Bambas, que viu seu último carro quebrar na avenida, teve somente 0,2 descontados. Restinga também perdeu 0,2 e Imperadores, 0,1. A escola azul e a escola vermelha empataram novamente na pontuação total.

Na avaliação de fantasias, o desempate: Bambas tirou somente notas 10 e Imperadores recebeu dois 9,9. O título ficou bem perto da agremiação do Bairro Floresta.

Último quesito a ser revelado, mestre-sala e porta-bandeira, confirmou o título da Bambas da Orgia, com 239,6. O placar final ficou assim:

Bambas da Orgia: 239,6
Imperadores do Samba: 239,3
Estado Maior da Restinga: 239,3
Império da Zona Norte: 238,8
Imperatriz Dona Leopoldina: 238,3
Acadêmicos de Gravataí: 236,1
União da Vila do IAPI: 235,2
Embaixadores do Ritmo: 234
Unidos de Vila Isabel: 232,4
Academia de Samba Praiana: 229,4

O desfile

O marcador eletrônico do Porto Seco decretava 5h05min da manhã de sábado quando a escola mais aguardada da noite, a Bambas da Orgia, entrou na avenida. Nas arquibancadas, parecia meio-dia. Bastou Fábio Ananias puxar o samba do enredo "Majestosa, altaneira, minha águia, minha paixão", para levantar o público. Até mesmo a chuva deu trégua em Porto Alegre.

Com um desfile em homenagem ao símbolo da agremiação, a águia, a passarela foi pintada de azul e branco. Somente o pássaro surgiu brilhando em dourado no abre-alas, em meio a efeitos de fumaça e luz. As fantasias das 13 alas estavam bem acabadas, luxuosas, com os adereços de cabeça altos e imponentes. As quatro alegorias seguiram a linha e mantiveram o alto padrão.

Já fora da área de desfile, o abre-alas travou. Houve correria dos integrantes para tirar o carro, caso contrário as outras alegorias ainda na pista não conseguiriam passar. No entanto, tudo foi resolvido sem prejuízo algum à escola. Quando acharam que tudo acabaria bem, o último carro quebrou ainda na avenida, trazendo prejuízo à escola, que finalizou sua passagem dois minutos depois do tempo máximo permitido.


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