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Retratos de Vida

Empresário se transforma em palhaço para alegrar crianças

Em apenas meia-hora, Maurício Bagarollo, 36 anos, troca de identidade e vira Dr. Zinho

13/10/2012 - 11h12min

Atualizada em: 13/10/2012 - 11h12min


O jaleco branco confirma: Dr. Zinho está na área

Em apenas meia-hora, Maurício Bagarollo, 36 anos, troca de identidade. Os pés do empresário sobram dentro do sapato nada discreto. As meias invertem a posição original e aparecem por cima das calças. Os cabelos ganham fios novos e o nariz... Bem, o nariz vermelho completa a magia do figurino. O jaleco branco confirma: Dr. Zinho está na área.

A missão é cumprida antes mesmo que ele diga uma palavra. Os sorrisos entram nos ambientes de mãos dadas com a "equipe médica". E não é privilégio só dos pequenos. O momento contagia as "crianças grandes", que voltam à infância ao se deixarem levar pelas brincadeiras. Quem vê a cena de fora, emociona-se.

Equipe carrega a alegria e o humor

As bolhas de sabão das "doutoras" Cute Cute e Belinha - vividas por Adriana Theisen Tomer, 39 anos, e Maria Isabel Silva Preiss, 41 anos - emolduram o ambiente e dão brilho aos olhos curiosos de quem tenta pegá-las. Em poucos segundos, junto com o Sílvio, o cachorro imaginário, a bagunça está formada. São duas horas em que as terapias e cuidados na AACD e nos hospitais Santo Antônio e São Lucas carregam um sabor especial. O trabalho feito pelos verdadeiros profissionais da saúde ganha força e anima os pacientes a seguirem em frente. Ponto. Mais um objetivo alcançado.

- É isso que nós queremos. Nosso trabalho é em conjunto com médicos e terapeutas. Desviamos as atenções quando é a hora de uma injeção, mostramos que uma fisioterapia pode ser feita com um sorriso no rosto. Queremos humanizar os hospitais - explica Maurício.

Filme inspirou o trabalho voluntário

A ideia de levar alegria a hospitais começou em 1998, quando fazia faculdade de Direito, e viu o filme Patch Adams - O Amor é Contagioso, que conta a história real de um médico que incomodou a classe médica por sua forma afetiva de cuidar do paciente e entender que a cura é uma condição física e emocional.

Sozinho e sem montar uma ong, Maurício não teve autorização para entrar nos hospitais. Em 2003, foi transferido de São Paulo para Porto Alegre. Conseguiu colocar o seu sonho em prática em 2008. O resto da equipe foi sendo montada aos poucos, com um rigoroso processo de seleção.

- São mais de 40 horas de workshops e oficinas com os doutores-palhaços antes que eles possam iniciar o trabalho voluntário - afirma Maurício, que hoje conta com 13 voluntários na Ong Doutorzinhos.

No fim da visita, ao olhar para trás, percebe-se que o propósito teve sucesso. Os sorrisos e semblantes alegres multiplicam-se. É hora de Maurício chegar em casa e ajudar a filha, a pequena Maria Clara, dois anos, que quer se vestir como o pai, com nariz de palhaço e tudo.


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