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Eles planejam seu adeus

Muitas pessoas planejam e pagam o próprio funeral, em vida, para evitar a despesa extra e preocupações para a família na hora da morte

02/11/2012 - 09h18min

Atualizada em: 02/11/2012 - 09h18min


Maria de Lourdes paga plano de cremação

A morte preocupa os vivos e pode ser paga em suaves prestações. Coletadora de um laboratório de análises clínicas da Capital, Maria de Lourdes França, 68 anos, tem uma saúde de ferro, mas já escolheu a forma de sepultamento e os ritos fúnebres para a sua despedida.

Ela, obviamente, torce para que esse dia custe a chegar. Mesmo assim, decidiu antecipar uma providência que geralmente é tomada - no dia da morte - pelos familiares.

Maria paga R$ 45 por mês

E sabem quando ela fez esta opção? No dia do seu aniversário, em meio à alegria que envolve a data. Este mês, pagará a segunda parcela de R$ 45 da prestação de um plano de cremação. Maria estipulou o prazo de pagamento em 32 anos, seguindo o exemplo da mãe, que pagou um plano de assistência funerária durante 35 anos e morreu aos 91.

- Ela não queria dar trabalho aos filhos e até brincava, dizendo: no dia em que eu morrer, vocês vão ter até uísque no enterro - diz Maria de Lourdes.

Procura cresceu até 40% 

Levantamento feito pelo Diário Gaúcho em empresas que oferecem assistência funeral e funerárias da Capital mostra que medidas como a tomada por Maria são mais comuns do que se imagina.

Nos últimos anos, de acordo com estas empresas, o número de pessoas que decidiu antecipar o pagamento das despesas com sepultamento cresceu até 40%. Supervisor comercial há sete anos do grupo Cortel, que administra três crematórios, Rogério Oliveira confirma essa tendência. No começo, vendia de cinco a dez planos por mês. Hoje, fecha de 30 a 40 em 30 dias:

- Trabalho há vários anos nesta atividade e noto que aumentou muito a procura.

Uma decisão natural

Certa vez, durante um velório, o marido da dona de casa Cleonícia Lima Bertolucci, 73 anos, comentou que tinha horror a ambientes fechados e que não queria ter o mesmo destino da pessoa que acabara de ser sepultada. Anos depois, ela pagou um plano de cremação e, depois da morte dele, lançou as cinzas em Canela, sua terra natal.

A mãe de Cleonícia também tem um plano para cremação. Seguindo a opção feita por entes da família, Cleonícia pagou, no mês passado, a 24ª e última parcela de R$ 221,80 (o valor é mais caro porque ela pediu para ser cremada 72 horas depois da morte) do
seu plano.

- Tem de pensar nisto com naturalidade. Eu resolvi me adiantar, e quero que meus filhos joguem as cinzas no mesmo lugar em que lancei as do meu marido - disse ela.

Preços dos serviços

Sepultamentos

- Na Capital, em média, o serviço funerário mais simples custa a partir de R$ 698 (ataúde e remoção). Mas os serviços podem chegar a preços entre R$ 25 mil até RS 40 mil, dependendo da sofisticação.

Cemitérios

- No Cemitério Municipal São João não existem mais vagas. O enterro de entes de famílias que já têm sepultura ou são arrendatárias custa R$ 360. Já a taxa anual de manutenção varia de R$ 33 (gaveta) a R$ 47 (sepulturas).

- No Cemitério da Santa Casa, o enterro, com aluguel de sepulturas, válido por três anos, com serviço de capela incluído, custa R$ 1,1 mil. O aluguel apenas do túmulo ou da gaveta custa R$ 800. Proprietários de túmulos perpétuos pagam cerca de R$ 1,2 mil pelo enterro. A taxa anual de manutenção é R$ 110.

- No Cemitério João XXIII, a renovação do aluguel por três anos varia de R$ 600 a R$ 1,2mil. Se a família não tem ainda sepultura ou túmulo, custa a partir de R$ 2 mil. A taxa de manutenção é R$ 107.

Cremação

- No Crematório Metropolitano São José, na Capital, o serviço de cremação custa a partir de R$ 4,2 mil. Há opção de pagamento antecipado. O plano pode ser feito em 60 vezes de R$ 92,40.

- Inclui a capela para velório, cremação e urna para guardar as cinzas. Há outros serviços opcionais, como coquetel e urna importada em bronze ou até pingentes para guardar a cinza.

- Em crematórios de Viamão e São Leopoldo, administrados pela mesma empresa do São José, os valores iniciais são menores.

- Há agências funerárias que oferecem planos de pagamento vitalícios, ou por tempo determinado, para cremação. O valor das parcelas varia de R$ 24,99 (vitalício) ou até 60 parcelas de 91,50 (cinco anos).

(*) Os valores podem ser parcelados no cartão de crédito ou pagos com cheques pré-datados.

Sepultamento gratuito (antigo enterro do pobre)

- Na Capital, o serviço é administrado pela prefeitura da Capital.

- Para ter direito ao serviço, familiares têm de provar que a pessoa morta morava em Porto Alegre, e que ela não tinha e nem deixa bens (casa, apartamento, terreno..).

- O familiar tem de ter renda mensal comprovada de, no máximo, dois salários mínimos (R$ 1.244), e apresentar comprovante de residência.

- A Central de Atendimento Funerário oferece caixão e remoção até o cemitério da Santa Casa (enterros de segunda a sexta-feira) e ao Cemitério Municipal São João, nos sábados, domingos e feriados.

- A Central fica na Rua Santana, 966, Bairro Santana, na Capital. Funciona 24h. O serviço social, que faz a avaliação dos pedidos, das 8h às 16h30min.


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