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Depósitos de sujeira

No meio do lixo, o arroio

Eles poderiam ser fonte de água limpa para comunidades inteiras. Mas se transformaram em rastros de lixo, mau cheiro e poluição

17/05/2013 - 07h06min

Atualizada em: 17/05/2013 - 07h06min


De norte a sul da Capital, há arroios que cruzam vilas e bairros, carregando todo tipo de resíduo que se possa imaginar.


São o retrato de uma triste realidade: o desrespeito à natureza por parte da população e a dificuldade do poder público em conseguir manter a limpeza.


Assim como o Dilúvio, visível aos olhos de todos, que está passando por um mutirão de limpeza nos últimos dias, esses outros cursos d'água, nem sempre tão acessíveis, também mereceriam atenção.


Dep: pronto-socorro


O diretor-geral do Dep, Tarso Boelter, reconhece que, muitas vezes, o departamento trabalha como pronto-socorro: limpa arroios só quando a situação está crítica. Para mudar o quadro, dois projetos estão em andamento. Um deles é o Dep em Alerta, que vai acionar equipes do órgão toda vez que se anunciar uma chuva forte. O outro é o Dep em Ação, voltado à limpeza das bocas de lobo e dos arroios. Todos os sábados, uma região da cidade receberá um mutirão.


Na Tuca, uma súplica


"Por favor, nos ajudem a promover a limpeza desse arroio!"


Esse foi o pedido da irmã Marivone Bellini, 36 anos, ao encontrar a reportagem do Diário Gaúcho na ponte sobre o arroio que cruza o Campo da Tuca, no Bairro Partenon.


Atuante em um projeto social na comunidade, ela diz que o excesso de lixo é um problema crônico:


- Ultimamente, tá esquecido. No ano passado, que eu me lembre, não teve limpeza.


Segundo a religiosa, além da falta de manutenção por parte do poder público, a comunidade também não colabora para evitar a poluição. Em muitos casos, o arroio é transformado em lixeira a céu aberto, tomado por copos plásticos, móveis e sacos com resíduos domésticos.


- As crianças até se dão conta da sujeira, mas não mudam, porque os adultos já ensinam errado - lamenta Marivone.


Chega a invadir as casas


Na parte mais visível do Arroio da Areia, na Vila Dique, a água não parece tão suja, se comparada a outros locais. A sujeira está nas margens: são montanhas de entulhos, como caliça e madeiras velhas, que correm o risco de voltar para o arroio na primeira chuva.


Entre as residências, em trechos mato adentro, a sujeira é maior, em função do lixo doméstico e restos de reciclagem. Moradora há mais de 30 anos, a pensionista Iracema Guterrez Barbosa, 68 anos, chia:


- Há muito tempo que não limpam aqui.


No Bom Jesus, limpa, suja, limpa, suja...


Com a sujeira encontrada perto do paliteiro do Arroio Mem de Sá, no Bairro Bom Jesus, seria possível mobiliar parte de uma casa. Sofá, geladeira, balde, carrinho de bebê e até urso de pelúcia estão no curso da água. Sem falar na imensa quantidade de miudezas, como caixas de leite, sacolas plásticas, pedaços de pano...


Nas árvores mais altas, os galhos ganharam um adereço sem graça: resíduos que ficaram presos após recentes cheias na região.


- Eles até fazem a limpeza, mas no outro dia já tem sujeira de novo - relata a dona de casa Franciele Santos, 19 anos.


- Falta uma lixeira maior, diz Greice


Ela foi criada no bairro e recorda de, ainda criança, ver o arroio tomado pelo lixo. Outra moradora do local, a atendente de lanchonete Greice Lopes, 20 anos, acredita que, se houvesse uma lixeira maior ao final do arroio, a comunidade iria colaborar e depositar os resíduos no local certo:


- Acho que, se fosse limpo com mais frequência, o pessoal ajudaria mais.


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