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Rotina pesada

O dia a dia de um pequeno produtor de leite

No abastecimento do mercado leiteiro, as propriedades familiares têm valor fundamental

13/05/2013 - 07h07min

Atualizada em: 13/05/2013 - 07h07min


Na quarta-feira passada, os consumidores de leite amanheceram preocupados. A Operação Leite Compensado, fruto de investigação do Ministério Público, revelou um esquema no qual transportadores adicionavam ureia, formol e água ao leite para aumentar o rendimento.


Em contraponto a essa fraude, está a realidade dos pequenos produtores, marcada por muito trabalho. É o caso de  Vilmar Preuss, 47 anos, na Lomba do Pinheiro.


De uma família de agricultores da cidade de Jaguari, a 369km de Porto Alegre, ele cresceu aprendendo a tirar o seu sustento do campo. Há cerca de 13 anos, decidiu investir na produção de leite - e reconhece que a rotina é puxada.


- Hoje (ontem) é Dia das Mães e nós estamos em casa, por causa dos bichos. E nós nem sabemos fazer outra coisa - afirma.


Sem domingo nem feriado


Ele divide os cuidados da propriedade com dois irmãos e com a mulher, Viviane Oliveira da Silva, 28 anos.


Às cinco da manhã, faça chuva ou sol, seja domingo ou feriado, começa a ordenha das 27 vacas holandesas. No final da tarde, perto das 17h, o ritual se repete.


Notícia causou preocupação


A família utiliza uma ordenhadeira (aparelho mecânico para retirar o leite) para auxiliar no trabalho. Depois da coleta, o leite é armazenado em uma refrigeradora com capacidade para até 730l. Dia sim, dia não, o transportador vem recolher o fruto do trabalho deles.


Assim como os consumidores, Vilmar também recebeu com preocupação a notícia da adulteração no leite. Para a família, a rotina de trabalho continua a mesma, mas o produtor está cauteloso.


- A gente não tem nada a ver, mas pode prejudicar o nosso ramo de trabalho, o nosso sustento - teme.


O alimento de Gabriel


Apesar do dia a dia cheio de trabalho e do cenário de preocupação em função das fraudes reveladas essa semana, o casal não esconde o orgulho de trabalhar com retidão. E o garoto-propaganda não poderia ser melhor: o caçula Gabriel, que completa um ano hoje.


- O nosso filho toma o leite que a gente produz. E a maioria que toma são crianças - destaca Vilmar.


A família se completa ainda com o outro filho, Matheus, 12 anos. Para diversificar a fonte de renda, em parceria com os dois irmãos de Vilmar, eles trabalham com a produção e venda de verduras. E buscando evitar prejuízos, os produtores também precisam ficar de olho nos furtos de animais, que acabam sendo comuns na região.


A produção


- A família possui 27 vacas holandesas.


- A cada ordenha (duas vezes por dia), cada uma delas produz de 10l a 15l de leite.


- Cada ordenha leva, no total, cerca de 1h30min.


- A família recebe R$ 0,73 por litro de leite produzido.


- A cada 15 dias, eles investem R$ 1,3 mil em massa de soja para alimentar as vacas.


- Gastam também R$ 700 por mês de ração com os animais.


- Até que o transportador venha buscar, o leite fica armazenado em uma refrigeradora com capacidade para 730l, a uma temperatura de 3ºC.


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