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Gandaia

Sem fiscalização, usuários de estacionamentos com parquímetro usam a malandragem para evitar pagamento

Aproveitando-se da pouca fiscalização na Área Azul, usuários do estacionamento pago em Porto Alegre chegam a debochar do poder público, usando bilhetes vencidos há dois meses

29/05/2013 - 07h30min

Atualizada em: 29/05/2013 - 07h30min


Tem carro que passa o dia inteiro no mesmo lugar

Aproveitando-se da pouca fiscalização na Área Azul, usuários do estacionamento pago em Porto Alegre chegam a debochar do poder público, usando bilhetes vencidos há dois meses. EPTC admite que vigiar é uma tarefa difícil - função para a qual escala estagiários. Segundo um deles, só depois de dez flagrantes um fiscal é chamado para multar. Apesar disso, e respondendo à pergunta acima: o cidadão deve sempre agir dentro da lei.

Tente estacionar o carro em uma vaga de Área Azul na Capital. Provavelmente você não conseguirá sem rodar um bom tempo. Veículos de motoristas que excedem o tempo máximo (duas horas) não são retirados.

Por que essa gandaia ocorre? A má educação é embalada pela fiscalização deficiente. São só 14 orientadores e 55 estagiários da EPTC para cuidar 4.321 vagas - a responsabilidade é da prefeitura desde 2011, quando terminou o contrato com a Estapar.

Menos de dez, sem fiscal

Detalhe: os estagiários não têm poder de multar. Na Avenida Alberto Bins, no Centro, a reportagem conversou com dois deles. Emanuel Mendonça, 22 anos, revelou:

- Se tiver mais de dez carros em situação irregular, a gente aciona a base da EPTC, que desloca uma viatura com fiscais. Menos do que isto, a orientação é esperar um fiscal passar de moto ou carro para avisá-lo - disse Emanuel.

Gol no Bom Fim: te liga, azulzinho!

Além da falta de fiscais para controlar e punir quem não respeita as regras, usuários utilizam uma velha tática para burlar o sistema: colocam tíquetes antigos sobre o painel. Sem controle, espaços de estacionamento público viraram boxes privados.

Na arborizada Rua José Bonifácio, no Bom Fim, motoristas apostam tanto na impunidade que chegam a debochar. Um Gol prata tinha um tíquete com horário de saída às 15h33min. O Diário flagrou o caso às 12h03min.

Mas como isso, se o tempo máximo permitido é de duas horas? Simples: o bilhete era do dia 13 de março. Ou seja, de 16 dias atrás. Perto dali, um Ford Fiesta prata havia excedido o tempo em 20 minutos, estacionado à sombra de árvores frondosas, aproveitando a total inexistência de fiscalização.

Sem fiscais e quase sem tíquete

A reportagem do Diário Gaúcho constatou irregularidades ontem nos bairros Moinhos de Vento e Bom Fim. Em vez de respeito às normas, encontramos rodízio de malandragem nas ruas Comendador Caminha, no entorno do Parcão, e José Bonifácio, ao lado do Parque da Redenção.

Dois flagrantes na sequência

Na Comendador Caminha, um Honda Fit cinza poderia ficar até as 10h29min, mas às 11h36min ainda estava lá. A foto ao lado, com o relógio do repórter a mostrar a hora, comprova a falcatrua do cidadão.

Na frente desse veículo, um Palio preto tinha permissão para permanecer até as 10h45min, mas às 11h38min ele continuava ocupando a vaga que poderia ter sido usada por outro motorista 53 minutos antes.

Problema no parquímetro

Bancário aposentado, Jorge Galimberti, 57 anos, disse que não costuma ver fiscais por ali. Depois de estacionar o carro, Jorge constatou que o parquímetro está desregulado. Ele precisava de R$ 0,75 para deixar o veículo por 30 minutos ali, mas colocou R$ 1,50 em moedas.

A máquina, que não está programada para fornecer troco, devolveu a moeda de R$ 1, ficou com a de R$ 0,50 e, mesmo sem ter recebido o valor exigido por lei, emitiu o tíquete solicitado.

- Acho que não está funcionando direito - concluiu Jorge.

Confira a estrutura

Porto Alegre tem 4.321 vagas de Área Azul, com 221 parquímetros, nos bairros Moinhos de Vento, Menino Deus, Azenha, Bom Fim, Petrópolis, Tristeza, Floresta e Centro.

O menor valor em Porto Alegre é de R$ 0,75, que permite 30 minutos de uso. O limite é de duas horas, ao preço de R$ 3. Ao final, é preciso trocar de vaga.

O motorista que deixa o carro na vaga por mais tempo pode ser multado em R$ 52, levar três pontos na carteira de habilitação e ter o veículo guinchado.

Deixe o tíquete em local bem visível.

Você flagrou algum carro em situação irregular? Denuncie para a EPTC por meio dos telefones 118 ou 156.

EPTC fará nova licitação em junho

Embora afirme que a EPTC dispõe de mais agentes (69) do que a Estapar, que chegou a ter 62 até 2011 (último ano do contrato), o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, admite que não pode fiscalizar toda a cidade. Uma das consequências da redução do número de agentes é a queda na arrecadação. Por ano, a EPTC recolhe R$ 6 milhões na Área Azul (R$ 500 mil por mês).

- Se tiver uma falha no processo, vamos avaliar - garantiu Cappellari.

Em junho, o órgão lançará um novo edital para escolher a empresa que fará esse serviço. No ano passado, o edital sofreu impugnações e acabou sendo cancelado pela prefeitura.


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