O desenvolvimento que chegou à região da 5ª Unidade, na Restinga, ainda enfrenta entraves como a deficiência do transporte público. A área que recebeu um campus do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), com 430 alunos, e aguarda a conclusão das obras do Hospital Geral da Restinga e Extremo Sul para novembro, sofre com horários de ônibus restritos.

A única linha que atende o local é a A-15, uma alimentadora com 15 horários diários. Mas que pode ter intervalos de até duas horas e 40 minutos entre as viagens. Com isso, conforme o horário, muitos estudantes optam por caminhar até a Estrada João Antônio da Silveira, a 500m, ou até o terminal de ônibus da Avenida Nilo Wulff, a quase 3km de distância.

- Tem poucos horários dessa linha. Se a gente perde o ônibus, tem de caminhar até a estrada - relata o estudante Otávio Tinoco Sturza de Moraes, 15 anos.

Perigo à noite: breu total

Quem mora em bairros como Ponta Grossa, Chapéu do Sol, Belém Novo e Lami precisa pegar três conduções entre a casa e a escola.

É o caso do estudante Keller Kutsatz, 17 anos, que sai de casa às 7h e consegue chegar às 8h na aula (com meia hora de atraso). E a volta, no fim do dia, pode levar uma hora e meia.

- À noite, é muito ruim, perigoso, fica uma escuridão na parada - observa Keller.

Meia hora de caminhada

O relato de Tiago Mauricio Albuquerque Silva dos Santos, 16 anos, mostra que é preciso ter fôlego para ser estudante:

- Muitas vezes, a gente vai a pé até o terminal, dá uns 30 minutos de caminhada, porque vale mais a pena do que ficar esperando.

Já o colega dele, Abner Fraga de Aguiar, 16 anos, lembra que, quando eles têm atividades no turno inverso ao das aulas, é preferível ficar na escola do que voltar para casa e almoçar correndo para não perder o ônibus.

Só hospital trará incremento

O gerente de planejamento de transporte da EPTC, Flávio Tomelero, afirma que o diálogo com o IFRS sobre o transporte sempre esteve aberto. Ele explica que os serviços da linha foram implantados a partir das informações sobre os horários de entrada e saída das aulas.

- Em 2012, tivemos um contato próximo e foram feitos ajustes para que alunos não chegassem atrasados. Estamos à disposição para conversar - assegura.

Ele garante, ainda, que a oferta de serviços desta linha deve aumentar a partir do momento em que o hospital for inaugurado (novembro) e o número de alunos do IFRS, ampliado.

Sobre o transporte escolar, ele esclarece que já foram chamados 11 prestadores de serviços nessa área e que nenhum se dispôs a realizá-lo. A convocação de um novo prefixo está em andamento.

Obras estão paradas

No ano que vem, a demanda pelo transporte público será ainda maior na região. As obras de ampliação do IFRS, paradas desde o início do ano em função do rompimento de contrato com a construtora, serão retomadas até agosto.

A licitação está na fase final. No início de 2014, a capacidade deve saltar para mil alunos. A obra foi dividida em duas partes: uma para a conclusão de dois blocos que carecem de finalização (vidros, pintura, piso) e outra para dois blocos que estão em fase mais atrasada.

Lotações em licitação

O problema dos ônibus perto do IFRS só não é mais antigo do que a promessa da implantação das lotações na Restinga. O caso ainda está em fase de licitação, com a abertura de envelopes das participantes, apresentação de documentos e período de recursos.

Os encaminhamentos são realizados em sessões públicas. A partir do momento em que for definida a empresa, o prazo máximo para assinatura do contrato é de 90 dias.

Serviço deficiente leva à evasão

Diretor de ensino do IFRS, Neudy Alexandro Demichei afirma que foi realizado um levantamento com os alunos sobre onde eles moram, como se deslocam e quanto tempo levam até a escola. Esses dados foram apresentados à EPTC no segundo semestre do ano passado, mas segundo ele, não houve resposta efetiva.

- A nossa reivindicação era de que o trajeto da A-15 fosse ampliado. Ou, então, que outras linhas fizessem desvios, mas não deu. Muitos alunos da noite evadiram, porque só conseguiam chegar aqui depois das 20h - relata.

O diretor afirma ainda que não há oferta de transporte escolar (vans particulares) na região, apesar de uma reunião com pais, alunos e prestadores de serviço ter apontado a demanda existente.