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Opinião

Antônio Carlos Macedo: Ameaça de racionamento de água está mais perto do que imaginamos

27/01/2015 - 07h02min

Atualizada em: 27/01/2015 - 07h02min


Sabendo usar, não vai faltar. O slogan, utilizado por uma campanha publicitária destinada a incentivar o uso racional da água, nunca foi levado a sério pelo brasileiro. Por mais que os especialistas alertassem sobre uma possível escassez, só moradores de áreas tradicionalmente afetadas pela seca davam o devido valor à água. Acostumada a contar com uma vasta rede de recursos hídricos, a maioria da população sempre desdenhou dos alertas sobre desabastecimento. Não raro, as previsões de cientistas e defensores do meio ambiente eram tratadas com desdém, vistas como coisas de alarmistas e ecochatos. Essa falta de consciência, que vai do governante ao cidadão comum, não permitiu que o país se preparasse para enfrentar uma situação crítica como a vivida atualmente, em que 48 milhões de pessoas estão ameaçadas de ficar sem água. O problema afeta cinco das dez regiões metropolitanas do país. Além de São Paulo, onde a escassez já afeta cerca de 1,2 milhão de pessoas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Campinas e Recife também estão com os reservatórios em nível crítico. Na Grande São Paulo, se for mantido o atual ritmo de chuvas, as principais reservas se esgotarão em cerca de cinco meses. Na região de Campinas, cinco municípios já fazem racionamento e outros enfrentam cortes desde o ano passado.

Consumo consciente
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A menos de um mês do Carnaval, 40% da região de Recife, incluindo Olinda, enfrentam rodízio no abastecimento. No Rio de Janeiro, o principal reservatório atingiu o chamado volume morto pela primeira vez. Em Minas Gerais, o consumo na Grande Belo Horizonte precisa ser reduzido em 30% para que as torneiras não sequem em cinco ou seis meses. O pior é que as perspectivas não são boas, pois a intensidade da chuva não está sendo suficiente para repor os mananciais que abastecem essas regiões. Dessa vez, nós, gaúchos, estamos livres de uma situação pior. Mas não podemos facilitar, pois já tivemos um alerta vermelho há dois anos, quando o nível do Rio do Sinos baixou assustadoramente, levando cidades como São Leopoldo e Novo Hamburgo ao racionamento. O Rio Gravataí é outro que já deu sinais de esgotamento. Sem contar os longos períodos de racionamento na região de Bagé. Por tudo que estamos vendo, precisamos aprender a lição e levar ao pé da letra o slogan que abre esse comentário. Só o consumo racional e consciente pode nos livrar do risco de ficar sem água no futuro. Não se trata de alarmismo. A ameaça é real e está mais perto do que imaginamos.


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