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Economia colaborativa

Grupos de troca se popularizam e fazem sucesso na internet

O escambo, método antigo utilizado antes da invenção da moeda, vira tendência na era digital. Grupos em redes sociais incentivam permuta de mercadorias sem uso de dinheiro.

13/11/2015 - 07h18min

Atualizada em: 13/11/2015 - 07h18min


Comprar, usar, passar adiante e receber outro produto em retorno. O sistema informal de trocas de mercadorias cresce a cada dia como alternativa para quem quer se livrar de algum objeto que está em bom estado e ainda assim ter algo em troca. Afinal, em tempos de crise, o que não serve para um, pode servir para outro.

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O movimento faz parte da economia colaborativa, um novo comportamento do consumidor que pensa não apenas em economizar, mas também em reutilizar materiais para benefício coletivo.

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Em Porto Alegre e na Região Metropolitana, a prática do escambo, troca das mercadorias sem uso de dinheiro, popularizou-se via redes sociais. Pelo menos 15 grupos no Facebook oferecem espaço para que os usuários mostrem seus produtos de maneira gratuita e combinem as trocas.

Em um destes espaços, no grupo Brique Só Meninas POA, a atendente de loja Linara Santiago Mello, 22 anos, e a estudante Larah Noviscki, 16 anos, combinaram um encontro de "negócios".

Eram oito da manhã quando Linara chegou no Centro de Porto Alegre. O terminal de ônibus da Praça Parobé foi o ponto escolhido para praticar a tendência. No horário marcado, Larah desceu do ônibus com a mochila cheia para trocar as peças de roupas usadas com a amiga, até então, virtual.

Em pleno movimento do coração da cidade, em poucos minutos, a troca estava feita. Calças e blusas para um lado, vestidos e camisetas para o outro. Sem experimentar, apenas checando as peças, as meninas realizaram a permuta com a certeza de que as trocas valiam a pena para as duas.

- Eu tenho muitas roupas que não servem mais ou que enjoei de usar, mas que estão em ótimo estado. Por isso decidi oferecer as minhas peças em troca de coisas diferentes - conta Linara.

Desapegando

Em junho, ela abriu o próprio negócio online nas redes sociais, a página do Facebook Lili's Desapegando, para renovar o guarda-roupa de maneira barata e consciente. Em menos de seis meses, já fez trocas com mais de dez pessoas desconhecidas.
A estudante Larah conta que também tinha diversas roupas esquecidas no guarda-roupas. 

- Minha mãe estava insistindo para que eu passasse as peças adiante. Foi então que vi que o sistema de trocas era bastante acessível. Encontrei os anúncios da Linara, gostei e ofereci as minhas - explica.

Consumo consciente

Existem basicamente três motivos pelas quais os grupos de troca tem se popularizado: por modismo, devido à crise econômica e devido ao surgimento de grupos que acreditam no impacto das suas ações e que estão fazendo a diferença no mundo.

De acordo com a doutora em Inovação Social Daniela Horta, professora da Unisinos, o novo comportamento de consumo consciente é reflexo da história da economia: depois de algumas décadas de consumismo, a posse exagerada de bens passou a ser questionada - principalmente após a década de 1990, com a crise econômica mundial e o fortalecimento da questão climática. A ideia da troca ganhou força com a ampliação do acesso às redes sociais. 

- Esses movimentos (de troca) não acabam com a economia, mas sim estimulam um outro tipo de negócio. Percebo um aumento da adesão nos últimos dois anos, em todas as classes sociais - fala Daniela.

O passo a passo para entrar no sistema de trocas

- Os produtos que têm mais saída são roupas, acessórios, eletrônicos e móveis. Há espaços específicos para todos os gostos e tamanhos, com ou sem regras. 

- De acordo com as experientes em trocas, para optar pelo sistema de trocas online como forma de economia é preciso ter tempo e paciência.

- Primeiro, é necessário ver tudo aquilo que você não quer mais e que está em bom estado, e tirar fotos dos objetos para postar nos grupos de troca nas redes sociais. As fotos são extremamente importantes, pois elas irão "vender" o produto.

- Se você já tem algo em mente para pedir em troca, facilita na hora de negociar. Senão, é preciso esperar as ofertas das pessoas e analisar o que vale proporcionalmente ao seu produto. 

- Depois, é preciso arranjar um horário em comum para marcar o encontro e efetuar a troca. Marque em locais públicos para evitar armadilhas, pode ser um risco receber pessoas desconhecidas em casa.

- Se ao ver o produto você se decepcionar, não fique constrangido em não querer trocar. Mas o bom senso também vale: se você achou que iria servir a peça ou que iria gostar, fique com o produto e deixe para passar adiante mais tarde.

- Alguns grupos permitem que as pessoas façam recomendações a respeito dos usuários com quem já trocaram.

Alguns grupos de troca via Facebook

*Na maioria deles é preciso solicitar para participar do grupo e aguardar autorização.

- Bricão das Meninas Guaíba

- Troca-troca (Bricão Entre Amigos) Guaíba/RS

- Brique Viamão 

- Troca-troca (Brick Entre Amigos ) Eldorado do Sul 

- Compra, Venda e Troca - Charqueadas e Região Carbonífera 

- Trocas e Vendas - Porto Alegre

Brique Virtual Poa 

- Trocas e Vendas - Humaitá e Vila Farrapos

Brique Zona Sul - Porto Alegre 

- Brique da Gurizada - Porto Alegre e Região

Brique Só Meninas POA

- Troca de Moda 

- Bricão RS - Porto Alegre e Região 

- Brique das Gaúchas

Fernando Gomes / Agencia RBS
Larah e Linara trocam roupas no Centro de Porto Alegre

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