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Estupro coletivo no Rio

Em conversa no WhatsApp, delegado afastado duvida do estupro da adolescente de 16 anos

Alessandro Thiers disse que jovem teve relação consentida com uma pessoa

30/05/2016 - 13h06min

Atualizada em: 30/05/2016 - 14h19min


Alessandro Thiers (esquerda) foi afastado do caso por pedido da advogada que defendia a vítima

Uma conversa no WhatsApp obtida pelo jornal Extra revelou que o delegado Alessandro Thiers, afastado da investigação do estupro coletivo da adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro, tem dúvidas quanto à veracidade do crime.

Conforme Thiers, a jovem teria tido uma relação sexual consentida com uma pessoa. O delegado titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DPCI) diz que "há fortes indícios de que não houve estupro" e que o "único crime seria a divulgação do vídeo".

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Por outro lado, Thiers disse que o "relato de abuso" ocorreu "há tempos atrás", e que a jovem teria sustentado que os autores do crime não foram mortos pelo chefe do tráfico local justamente a pedido dela. O delegado também reforçou a justificativa dada à polícia por um dos rapazes que a frase "mais de 30 passaram aqui", que pode ser ouvida no vídeo que revelou o caso, seria apenas referência a uma música.

Thiers também disse que a adolescente frequentava a favela onde ocorreu o crime e tem contatos com traficantes do lugar.

Outra referência feita pelo advogado tem relação com a participação de Eloísa Samy, a advogada que defendia a vítima. Samy foi alvo de investigação do delegado durante os protestos de 2013 no Rio de Janeiro. De acordo com O Globo, Samy teria se envolvido em atos de vandalismo e mantido contato com a ativista Elisa Quadros, a Sininho, presa em 2014.

Na conversa obtida pelo Extra, o delegado levanta a possibilidade de as duas mulheres terem interferido no depoimento dado pela adolescente.

Alessandro Thiers foi afastado do caso no domingo, quando a investigação passou para a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). A mudança foi um pedido de Eloísa Samy, que deixou de defender a vítima por pedido da família.

O argumento da advogada era que Thiers havia intimidado a adolescente. Em entrevista ao Fantástico, a jovem contou que o delegado não se mostrou sensível ao interrogá-la e ainda perguntou se ela tinha o costume de praticar sexo coletivo.

– Ele (o delegado) disse: "me conta aí". Não perguntou se eu estava bem, se eu tinha proteção. Ele perguntou se eu tinha o costume de fazer isso, se eu gostava de fazer isso. O próprio delegado me culpou – desabafou a jovem.

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