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Monkeypox

O que muda em Porto Alegre com a transmissão comunitária da varíola dos macacos

Cinco casos em pacientes sem histórico de viagens foram confirmados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Capital; Estado ainda não se posicionou

15/08/2022 - 09h18min

Atualizada em: 15/08/2022 - 09h18min


Vinicius Coimbra
Vinicius Coimbra
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Marina Demidiuk / stock.adobe.com
Brasil chegou a 2.458 casos da doença desde o início do surto

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre adotou novas estratégias para evitar que mais casos da varíola dos macacos (monkeypox) sejam registrados. Nesta sexta-feira (12), a pasta confirmou a transmissão comunitária da doença na Capital, após exames feitos no Laboratório Central do Estado (Lacen-RS) atestarem a doença em cinco pacientes sem histórico de viagens.

Assim, esses são os primeiros casos de transmissão comunitária da varíola dos macacos reportados por autoridades sanitárias no Rio Grande do Sul. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) ainda não se posicionou oficialmente e diz "avaliar" a situação.

A transmissão é considerada comunitária quando não é possível rastrear a origem da infecção. Isso significa que o vírus circula entre as pessoas daquela comunidade, independentemente de terem ou não viajado para locais nos quais há a comprovação de transmissão da doença.

Na última atualização, Porto Alegre tem 10 casos confirmados da doença (cinco com histórico de viagens e cinco sem), 20 em investigação e outros 21 suspeitos foram descartados. De todos os pacientes, apenas um precisou de hospitalização, mas ele já se recuperou da doença. Nenhum dos registros envolve criança.

— Como não temos tratamento específico e vacina, estamos trabalhando com uma vigilância forte para identificar a doença precocemente, isolar os pacientes e evitar a disseminação do vírus — diz Fernanda Fernandes, diretora da Vigilância em Saúde de Porto Alegre.

Por isso, Fernanda diz que a secretaria ampliou os postos para coleta de amostras de casos suspeitos; a ideia é descentralizar o atendimento e evitar, assim, o deslocamento de quem pode estar infectado. Segundo ela, nos últimos dias, as coletas das amostras passaram a ser feitas em unidades de saúde e nos prontos atendimentos de urgência e emergência da Capital. (Veja a lista abaixo).

— Estávamos fazendo a coleta domiciliar (dos casos suspeitos), porque eram poucos casos, e também para o paciente não circular, mas, com o aumento de notificações, essa logística fica inviável — explica a diretora da Vigilância em Saúde da Capital.

Outro foco é capacitar os profissionais da rede municipal para que identifiquem ou descartem, de forma rápida, os casos da doença. Quem suspeitar de algum sintoma deve comparecer a uma unidade de saúde e buscar avaliação profissional. Se o médico entender tratar-se de um caso suspeito, a pessoa é encaminhada para coleta de amostra de uma lesão. Por fim, é feito o teste de laboratório.

— É número pequeno de casos. A demanda está tranquila e o resultado do teste sai em até 48 horas. Nos casos positivos, o paciente é monitorado e volta para ser avaliado pelo médico. Também monitoramos os contatos próximos (ao paciente) para identificar outros possíveis casos — pontua Fernanda.

Até o momento, o número de casos confirmados da varíola dos macacos no Brasil chega a 2.458, segundo números atualizados pelo Ministério da Saúde (MS) nesta sexta-feira. Uma morte foi registrada, em Minas Gerais.

O aumento no número de casos fez o MS lançar o Plano de Contingência Nacional para Monkeypox nesta semana. O material apresenta informações estratégicas para contenção e controle da doença no país. Também são feitas orientações assistenciais, epidemiológicas e laboratoriais para a gestão da doença.

Transmissão comunitária era esperada

De acordo com André Luiz Machado, infectologista do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), a transmissão comunitária da varíola dos macacos era algo esperado, o que não significa que cuidados não devam ser tomados para evitar o aumento de casos:

— Isso mostra um aumento da infectividade do vírus na nossa comunidade e acaba obrigando estratégias de diagnóstico, acompanhamento e manejo dos casos. Os cuidados para minimizar os impactos dessa doença partem do reconhecimento dela, da atenção que cada um deve ter e da procura por assistência médica — diz.

Os primeiros sinais da doença incluem febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, calafrios e exaustão. Além disso, a manifestação da monkeypox na pele ocorre de um a três dias após os sintomas iniciais, e podem apresentar lesões de meio centímetro a um centímetro de diâmetro.

Esses sinais incluem erupções de diferentes fases: mácula, pápula, vesícula, pústula e crosta. Segundo o médico, com a circulação do vírus na Capital, a população deve ter mais atenção às lesões notadas na pele e procurar ajuda em caso de suspeita de contágio.

Por isso, segundo o médico, deve haver uma mobilização urgente por parte dos gestores da área da saúde, com a criação de mecanismos para detectar a doença, encaminhar o paciente para atendimento e ter um olhar "mais dedicado" aos casos confirmados, para impedir, assim, a cadeia de transmissão do vírus.

O período de incubação da doença, enquanto a pessoa está assintomática, costuma se estender de seis a 16 dias, e pode chegar a 21 dias. Para o infectologista, a transmissão comunitária é, sim, uma situação que deve causar preocupação, mas ele diz entender que o momento da varíola dos macacos está distante da situação vivida na pandemia de covid-19.

— Não é uma doença com o potencial igual ao sars-cov-2 (da covid-19). Por isso, não é necessário um pavor com a possibilidade de evoluirmos para medidas de isolamento, restrição de circulação, porque a monkeypox não tem essa capacidade de transmissibilidade tão evidente, mas devemos ficar em alerta — comenta.

Locais de coleta de amostras de casos suspeitos em Porto Alegre (para fazer o exame é necessário o encaminhamento de um médico)

  • Unidade de Saúde Morro Santana: rua Eva Laci Camargo Martins, 210, Morro Santana
  • Clínica da Família Álvaro Difini: rua Álvaro Difini, 520, Restinga     
  • Unidade de Saúde Moab Caldas: avenida Moab Caldas, 400, Santa Tereza
  • Unidade de Saúde Ramos: Rua K esquina Rua R C, s/n, Rubem Berta
  • Unidade de Saúde São Carlos: Avenida Bento Gonçalves, 6670, Agronomia
  • Pronto Atendimento Bom Jesus (PABJ): rua Bom Jesus, 410, Bom Jesus
  • Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS): rua Prof. Manoel Lobato, 151,  Santa Tereza 
  • Pronto Atendimento Lomba do Pinheiro (PALP): Estrada João de Oliveira Remião, 5110, Parada 12
  • Unidade de Pronto Atendimento Moacyr Scliar: rua Jerônimo Zelmanovitz, 1,  São Sebastião

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