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Baixa adesão

RS fica atrás de Santa Catarina e Paraná na vacinação contra a poliomielite

Restando uma semana para o final da campanha, Estado tem 71,43% do público alvo imunizado, enquanto Paraná tem 72,67% e Santa Catarina 82,08%

16/10/2022 - 12h29min

Atualizada em: 16/10/2022 - 12h30min


Guilherme Milman
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Marcelo Casagrande / Agencia RBS

Restando uma semana para o fim da campanha contra a poliomielite, o Rio Grande do Sul segue apresentando índices de vacinação menores que os demais estados da região sul. Segundo dados do Ministério da Saúde, desde o início da campanha, no dia 8 de agosto até agora, 395.615 doses já foram aplicadas em crianças gaúchas, o que representa 71,43% do público-alvo. 

No Paraná, o índice de vacinação é de 72,67%, enquanto Santa Catarina apresenta a maior porcentagem no Sul: 82,08%. A meta do Ministério da Saúde é de 95%. 

Até esta sexta-feira (14) apenas a Paraíba conseguiu atingir a marca. Considerando todas as unidades federativas, o Rio Grande do Sul ocupa a 11ª posição. Além da Paraíba, apresentam os melhores números o Amapá (90,6%) e Alagoas (83,2%). Já os estados do Acre e de Roraima apresentam os piores desempenhos, com 35% e 31,1% respectivamente. 

Erradicada no Brasil em 1994, a poliomielite é altamente contagiosa e deve ser aplicada em crianças com dois meses a cinco anos incompletos. Ela está disponível nos postos de saúde tanto de forma injetável, que deve ser utilizada nas três primeiras aplicações (para crianças de 1 a 4 anos), quanto via oral, método conhecido como “vacina da gotinha”. As crianças menores de um ano deverão ser vacinadas conforme a situação vacinal encontrada para esquema primário. 

Com uma demanda baixa nos últimos anos, autoridades têm alertado para um possível retorno da doença. Desde o dia 5 de outubro, está sendo investigado um possível caso de uma criança de três no Pará anos que não foi completamente vacinada. 

De acordo com o Ministério da Saúde, a doença apresenta como sintomas mais frequentes febre, mal-estar, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos, rigidez na nuca e até mesmo meningite. Nas formas mais graves instala-se a flacidez muscular, que afeta, em regra, um dos membros inferiores. Para tratar o paciente infectado, não existe uma solução específica.

Entretanto, os pais devem atentar para as sequelas da doença, que podem se tornar permanentes: com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, as crianças podem ficar com pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão; crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta; dificuldade de falar; atrofia muscular, entre outros.

Se é tão perigosa, por que a baixa adesão à vacina?

O infectologista e professor da faculdade de medicina da Unisinos Marcelo Bitelo salienta que dentre os motivos que explicam a adesão aquém do desejado é explicado pelo aumento da desinformação nas redes sociais, fator que também tem gerado movimento negativo em demais imunizações. Além disso, por se tratar de uma doença que não circula há 28 anos, o médico acredita que as pessoas deixam de se preocupar com a sua proteção. 

— Quando as pessoas não observam o caso acontecendo na frente delas, acabam desacreditando na doença: “Por que vacinar se não tem caso de Pólio?" Mas sabemos que, se não há casos, é por causa da vacina. Se houver um surto no Brasil, provavelmente vai ter uma correria dos pais querendo vacinar seus filhos — explica Bitelo. 

Inicialmente, a campanha seria encerrada no dia 9 de setembro, mas foi prorrogada duas vezes: primeiro para o dia 30 do mesmo mês, e depois para 22 de outubro. Se manter o mesmo ritmo, o Rio Grande do Sul pode encerrar abaixo do índice do ano passado, de 75,9%. Desde 2015, a taxa de imunização vem sofrendo quedas anuais. 



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