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Sala de aula às escuras

Sem luz desde julho após sequência de furtos de cabos, escola de Porto Alegre mantém aulas em horário reduzido

Segundo a Secretaria Estadual de Educação,, empresa responsável pelo conserto já foi escolhida e serviço deve iniciar em até 10 dias

17/10/2022 - 15h53min


Kathlyn Moreira
Kathlyn Moreira
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Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Rita de Cássia, que fica no Morro Santa Tereza, em Porto Alegre, não adianta ligar o interruptor. Desde julho, os 265 alunos das turmas do 1º ao 9º ano estudam com auxílio apenas da luz do sol que entra pelas janelas. Se o tempo estiver nublado ou chuvoso, a situação fica ainda mais difícil. 

O problema ocorre em razão de uma sequência de furtos de cabos no poste que fica em frente ao local, na Rua Silveiro. Foram tantas ocorrências, que a direção já até perdeu as contas. Os crimes acontecem desde setembro de 2020. Após vários danos, foi necessário abrir uma licitação para reaver o prejuízo e fazer uma reforma elétrica. 

 —  Nesse meio tempo, a gente vai fazendo orçamento (para as reformas), mas eles vão roubando de novo, e o orçamento não cobre. Até agora, acho que já foram uns oito furtos. Eles arrebentaram com tudo —  conta a diretora Jeanine Bastos Bergenthal. 

O processo licitatório foi realizado no final de 2021, mas o empresário desistiu. Foi necessário, então, começar tudo do zero para que outro fornecedor executasse o serviço. Enquanto isso, os alunos recebiam atividades para fazerem em casa.

 — Arrancaram disjuntor, tudo o que vocês podem imaginar. Quando um empresário me disse "agora eles não tem mais o que levar aqui fora, vão começar a arrebentar as salas de aula", eu corri (para pedir) e a secretaria (Estadual da Educação, a Seduc) autorizou a guarda durante o dia  — relembra Jeanine, referindo-se aos vigilantes contratados. 

A normalização da rede elétrica ocorreu em maio deste ano, mas a luz não durou muito tempo. Dois meses depois, mais um furto deixou o colégio às escuras novamente. Dependendo de iluminação natural, as aulas presenciais estão ocorrendo em horários reduzidos, das 8h às 10h, e das 13h15min às 15h15min. 

Em relação à nova reforma elétrica necessária para recuperação dos fios, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que o valor de R$ 15.950 será depositado na conta da escola por meio da autonomia financeira. Conforme a pasta, a empresa responsável pela obra já foi escolhida e a previsão é de que o serviço comece em até 10 dias.

Enquanto isso, as refeições dos estudantes também são afetadas pela falta de energia. De acordo com a vice-diretora, Thais Bernardes da Silva, foi preciso fazer uma adaptação.

 — O fornecedor da merenda traz a carne que vai ser consumida no dia, porque não temos como armazenar perecíveis. Eles comem no horário das 10h  — explica a docente, ao se referir ao almoço.

Para tentar coibir os furtos, a escola conta com seguranças contratados pela vencedora da licitação, que fazem a vigilância ao longo do dia e da noite. No entanto, eles são responsáveis somente pelo cuidado com o interior da escola, não podendo atuar no lado externo, que é onde está o poste. Procurada por GZH, a Guarda Municipal afirmou que "de forma integrada, os patrulhamentos auxiliam na presença ostensiva do Estado, visando, também, coibir este delito".

Jeanine reconhece que a Seduc colabora no enfrentamento do problema, mas se mostra preocupada com os alunos, cujas aulas ficam prejudicadas.

— Minha intenção é fazer com que esses alunos que estão vindo para cá tenham oportunidades de vencer na vida e não ter essas complicações  — salienta a diretora. 

Votação também no escuro 

Lauro Alves / Agencia RBS
Aviso no portão da escola reforçava que votação seria mantida no local no primeiro turno das eleições

Eleitores que votam na Escola Santa Rita de Cássia também tiveram que lidar com a falta de energia no primeiro turno, que ocorreu no dia 2 de outubro. Como as urnas são mantidas com baterias que têm autonomia de 12 horas e possuem iluminação, foi possível manter a zona 114 operando na instituição. O espaço receberá a votação novamente para o segundo turno, no dia 30 de outubro. 

Em outra escola que enfrenta o mesmo problema a situação foi diferente. Apesar do aviso de que a Escola Estadual Presidente Roosevelt, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, não teria votação, muitos eleitores foram ao local no primeiro turno. Lá, encontravam cartazes e uma funcionária do colégio entregando um panfleto informando o novo local, junto do Foro Trabalhista, na Avenida Praia de Belas. 

Sem luz há mais de um mês, após também ser alvo de furto de cabos, a escola passará por obras para restauração da rede elétrica a partir do final de outubro.  A reforma, feita por dispensa de licitação, tem estimativa orçamentária de R$ 150 mil e prazo de execução de 30 dias.


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