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Veja quais são os remédios que a Anvisa já liberou para tratar covid e quando são indicados

Nesta segunda-feira, a agência permitiu a venda em farmácias de medicamento da Pfizer para início de sintomas

22/11/2022 - 09h06min

Atualizada em: 22/11/2022 - 09h07min


Marcel Hartmann
Marcel Hartmann
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PhotoGranary / stock.adobe.com
O Paxlovid é o primeiro a ser vendido em farmácias e já foi autorizado para distribuição pelo SUS

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta segunda-feira (21), a venda em farmácias e hospitais particulares do Paxlovid, remédio para uso nos primeiros cinco dias de sintomas da covid-19. A medicação, vendida sob prescrição médica, diminui as chances de a doença evoluir para casos graves.

O Paxlovid, fabricado pela Pfizer, é para uso adulto e destinado a populações vulneráveis, com risco de hospitalização, como idosos e imunossuprimidos. O uso é controlado, uma vez que há efeitos colaterais e risco de interação com outros remédios, além de ser destinado a grupos de risco.

Em nota, a agência afirma que “a aprovação levou em consideração a venda ao mercado privado do medicamento em outros países com autoridades internacionais de referência, como Estados Unidos e Canadá. A medida também considerou o cenário epidemiológico atual, com a circulação das novas subvariantes da Ômicron e o aumento de casos da doença no país”.

Em meio à expectativa de nova onda de covid-19 gerada pela subvariante BQ.1, “neta” da Ômicron, médicos cobravam do governo federal a oferta de novos remédios específicos contra a doença voltados à população mais vulnerável.

Ainda não há bala de prata contra a covid-19, mas há cinco medicações aprovadas pela Anvisa que reduzem chance de hospitalização e morte, sobretudo para a população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos.

O Paxlovid é o primeiro a ser vendido em farmácias e já foi autorizado para distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas o uso é ainda irrisório. Em outubro, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) emitiu nota na qual criticou a má distribuição de fármacos no país e pediu que o governo federal ofereça amplamente pelo SUS as medicações já aprovadas pela Anvisa (veja a lista a seguir).

No fim de setembro, a Pfizer enviou um lote de 50 mil tratamentos de Paxlovid, mas médicos criticam que não houve distribuição efetiva pelo Ministério da Saúde. “Passados quase seis meses da aprovação da medicação, nenhum paciente foi tratado com essa que é a única opção terapêutica incorporada no SUS para casos leve/moderados da doença”, diz a SBI, em referência ao Paxlovid.

Por meio de nota enviada na sexta-feira (18), o Ministério da Saúde afirma que os comprimidos “estão em processo de distribuição a todos os Estados e Distrito Federal, conforme a solicitação e o agendamento programado com as secretarias estaduais de saúde”. A pasta não informou se já enviou Paxlovid ao Rio Grande do Sul.

Questionada por GZH desde quinta-feira passada (17), a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul não informou se já recebeu algum lote da medicação. A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre informou que não recebeu lotes de Paxlovid do Estado e que a previsão é de que o Estado distribua o medicamento em 1º de dezembro.

Em nota a GZH, a Pfizer informa que o envio do lote de setembro faz parte de um acordo assinado com o governo brasileiro que prevê ainda a entrega de mais 50 mil unidades, totalizando 100 mil.

Todavia, não há previsão de mais repasses. “A Pfizer tem direcionado seus esforços aos acordos estabelecidos com o governo brasileiro, de modo que, neste momento, não há outras negociações em curso”. A farmacêutica também diz que “detalhes sobre as negociações e os preços praticados são objeto de compromissos de confidencialidade assumidos contratualmente entre a Pfizer e o governo federal”.

— Sabemos que uma porcentagem de pessoas tem alto risco, como quem não tomou doses de reforço, imunodeprimidos e idosos com quarta dose há cinco meses. Nessas pessoas, os remédios mudariam a evolução da doença. Esses tratamentos não são recomendados a toda e qualquer pessoa, apenas para aquelas de maior risco - explica o médico Alexandre Vargas Schwarzbold, professor de Infectologia na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e um dos autores da nota da SBI.

Professor de Infectologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento, Alexandre Zavascki compara a realidade brasileira, onde remédios não estão acessíveis nem pelo SUS, nem pela rede privada, à realidade europeia ou norte-americana, onde é possível obter Paxlovid e outras medicações de graça ou em drogarias.

— Há uma doença que está mais leve para a maioria das pessoas, por conta da vacinação, mas tem um grupo mais vulnerável que a covid pode agravar. Existe hoje medicação que diminui o agravamento. Nos EUA, se criou um programa que você testa grátis e, se der positivo, você ganha Paxlovid. Em outros locais, está à venda em farmácias. No Brasil, ainda vemos pessoas agravando em situações que poderiam ter sido resolvidas com cinco dias de comprimidos — diz Zavascki.

Outro remédio já aprovado para uso nos primeiros cinco dias de sintomas é o Molnupiravir, que também reduz chance de internação e morte por coronavírus. O Ministério da Saúde recusou a oferta no SUS. A MSD, laboratório responsável, ainda não oferece o produto em farmácias e hospitais privados brasileiros.

Até o momento, a Anvisa aprovou seis medicações contra a covid-19 (veja a seguir quais). O remédio de maior impacto é o Paxlovid, da Pfizer, afirmam médicos infectologistas. É também o único aprovado para distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que, agora, começa a ser vendido em farmácias.

Existe um caminho burocrático para que a população use um remédio. Primeiro, o laboratório deve pedir à Anvisa autorização para vender uma droga no Brasil. Depois que a agência reguladora libera, um órgão do Ministério da Saúde chamado Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) decide se a medicação será oferecida pelo SUS ou não.

A avaliação da Conitec leva em conta não apenas a eficácia de um remédio, mas o seu preço e se vale a pena o governo bancar a distribuição para a população. O grupo de especialistas recusou a oferta do Molnupiravir. A MSD, laboratório responsável, chegou a anunciar que o Molnupiravir seria distribuído ao Brasil no fim de outubro, mas a Anvisa pediu mais informações.

Em nota a GZH, a MSD informa que solicitou autorização para uso em farmácias e hospitais e que assim que o pedido for reavaliado pelo órgão, o “Molnupiravir poderá estar disponível para os pacientes nestes locais”.

— Não temos um arsenal ainda grande de medicações. Num cenário ideal, o Paxlovid e o Monulpiravir seria distribuído no SUS para os mais vulneráveis e nas farmácias privadas para todos. Teríamos também o Evusheld e o Remdesivir. O que impede hoje na rede privada quanto no SUS é o custo dessas medicações - diz Fabiano Ramos, médico infectologista e diretor do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Os remédios liberados pela Anvisa para uso contra covid-19 no Brasil

Para uso em covid leve:

Paxlovid: antiviral em pílula usado nos primeiros cinco dias de sintomas, antes da piora da doença e hospitalização. Indicado para pacientes vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos.

Molnupiravir: antiviral tomado nos primeiros cinco dias de sintomas para populações de maior risco, como idosos e imunossuprimidos, não hospitalizados. Reduz chance de internação e morte por coronavírus. O Ministério da Saúde recusou a oferta no SUS.

Evusheld: anticorpo "sintético" injetado em indivíduos sem covid-19, como tratamento precoce, para a elevar as defesas caso a pessoa pegue o vírus. É exclusivo para quem apresenta grande risco de complicação e morte por covid, como transplantados e imunossuprimidos. Não pode ser vendido em farmácias.

Para uso em covid leve-moderada

Remdesivir: injeção de uso em hospital, uma vez por dia, durante cinco a sete dias, para casos de covid moderada em quem está internado e com uso de oxigênio suplementar. Pode ser usado em pessoas com covid leve no início de sintomas, mas essa aplicação é pouco comum porque exige deslocamento ao hospital para receber injeção. Não pode ser vendido em farmácias.

Baricitinibe: usado junto com o Remdesivir, ajuda a reduzir a inflamação dos pulmões em pacientes hospitalizados. Uso apenas em indivíduos com uso de oxigênio suplementar. Não pode ser vendido em farmácias. É fornecido pelo SUS. A SBI afirma que falta clareza de como está sendo feita a distribuição do remédio aos Estados e aos hospitais.

Sotromavibe: anticorpo monoclonal que atua para impedir a ligação do Sars-Cov-2 às células. É usado no hospital em indivíduos com risco de piora, como idosos e imunossuprimidos. Não pode ser vendido em farmácias.


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