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Em Canoas, moradores pedem sinalização em via onde menino morreu atropelado

Jovem foi atingido por um veículo em alta velocidade na Avenida Engenheiro Irineu de Carvalho Braga, no bairro Fátima; via está sem sinalização e iluminação adequadas e não tem redutores de velocidade

28/12/2022 - 09h42min

Atualizada em: 28/12/2022 - 10h25min


Lauro Alves / Agencia RBS
Jaqueline (C), mãe do guri, a irmã Hauany (D) e a tia Janaína (E) reclamam solução para o problema

O Natal para Jaqueline Gamarra, 35 anos, foi incompleto. Mãe de quatro filhos, a técnica em eletrônica sentiu a ausência do terceiro, Ryan Gamarra Beker, 15 anos. Ele teve os sonhos interrompidos na noite de 5 de dezembro, a poucas quadras de casa. O menino voltava de bicicleta da casa da namorada quando foi atingido por um veículo em alta velocidade na Avenida Engenheiro Irineu de Carvalho Braga, no bairro Fátima, de Canoas.

A via em que o acidente aconteceu faz parte do trecho sete da Perimetral Oeste, uma obra que promete ligar de ponta a ponta todo o lado oeste da cidade. Apesar de ser uma grande aposta da prefeitura, a avenida está sem sinalização e iluminação adequadas e também não possui redutores de velocidade, tornando a rua perigosa para quem precisa atravessá-la.

– Convivemos com o medo constante de atropelamentos. Os carros passam a milhão e não tem um redutor de velocidade para evitar isso. De noite, tudo fica um breu, porque não tem iluminação em quase nenhum ponto da avenida. A gente preferiria ter chão batido a isso (asfalto de hoje), porque as crianças teriam o pé sujo, mas estariam conosco, vivas – afirma a tia do jovem, Janaína Beker de Oliveira, 41 anos, técnica de enfermagem.

O caso é investigado pela 4ª Delegacia da Polícia Civil de Canoas. No entanto, a delegada Tatiana Bastos, titular da unidade, não deu informações por telefone à reportagem sobre o andamento das investigações. Segundo a família, o motorista parou para prestar socorro, mas o impacto foi tão forte que Ryan morreu na hora. 

Família tenta superar tragédia

As feridas no peito dos familiares e amigos de Ryan, invisíveis e sem cura medicinal, estão sendo aliviadas com muito apoio coletivo. Mesmo assim, marcas ficaram. 

Jaqueline, que sempre unia a família à mesa para as refeições, relata não conseguir mais cozinhar e realizar as refeições desta forma, pois “falta um pedaço”. 

– Não deixo mais meus filhos andarem naquela rua. Me sinto muito insegura, fico com medo e não consigo descansar até eles chegarem em casa – desabafa.

Os tios relatam situação parecida. Toda vez em que utilizam a avenida, o sentimento de perda e luto volta. 

– O que me conforta, de certa forma, é que ele morreu apaixonado. Teve a chance de conhecer o primeiro amor – se emociona Janaína, que viu na imprudência e na falta de sinalização o fim de uma vida que ainda tinha muito para descobrir. 

“Quando uma mãe perde um filho, todas perdem”

Arquivo pessoal / Reprodução
Em ato simbólico durante protesto após morte, moradores deitaram suas bicicletas na via em que Ryan partiu

A partida precoce de Ryan foi sentida por toda a comunidade. Com cartazes, camisetas estampadas e balões brancos, mais de 100 moradores dos bairros Fátima e Rio Branco se uniram em passeata na semana seguinte ao acidente, no local do atropelamento, para chamar a atenção da prefeitura para a falta de segurança da Avenida Engenheiro Irineu de Carvalho Braga.

– Quando uma mãe perde um filho, todas perdem – explica a comerciante Marlene de Souza Tamagno, 61 anos, que decidiu ajudar na busca por soluções para a insegurança vivida pelos moradores porque seu filho, João Vitor Tamagno, 13 anos, era amigo de Ryan. 

Ela e alguns vizinhos fizeram uma reunião com a Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade no dia 14 de dezembro para pedir melhorias na rua. Na ocasião, ela afirma que ficou combinado que a prefeitura colocaria, o quanto antes, a sinalização devida e um pardal móvel na avenida para evitar futuros acidentes. Marlene também abriu o protocolo 00090971/2022-1 junto à prefeitura.

A família de Ryan ainda conversou pessoalmente com o prefeito em exercício, Nedy de Vargas, que teria dito que todos os ajustes da via serão finalizados até março de 2023, quando a Avenida deve ser entregue.

– Estamos fazendo tudo isso para que mais nenhuma mãe precise sentir o que estamos sentindo. É como se tivessem tirado um pedaço da gente – lamenta Jaqueline.

Marlene afirma que a prefeitura, após a reunião, colocou algumas placas de sinalização na via, porém, os redutores de velocidade ainda não foram atendidos. 

Prefeitura: redutores até março

Por meio de nota, a prefeitura de Canoas disse que “já foi encaminhado o pedido para o consórcio que está executando a obra instalar placas de velocidade de 60km/h, semáforos e redutores de velocidade, para que a prefeitura de Canoas faça o controle da velocidade com radares móveis. Como o prazo para conclusão deste trecho é março de 2023, a sinalização definitiva está prevista entre o final de janeiro e início de fevereiro”. Também afirma que serão instaladas lâmpadas LED no canteiro central e substituídas as lâmpadas laterais de sódio por LED.

O caso

Lauro Alves / Agencia RBS
Após ser atingido por um veículo no cruzamento da Rua B (das Torres) com a Avenida Engenheiro Irineu de Carvalho Braga, Ryan morreu no local.

Na noite de 5 de dezembro, Ryan saiu da casa da namorada e foi em direção à sua, onde morava com os três irmãos e os pais. No cruzamento da Rua B (das Torres) com a Avenida Engenheiro Irineu de Carvalho Braga, ele foi atingido por um veículo em alta velocidade e morreu no local.

A família soube da tragédia pelo irmão mais velho de Ryan, Dionata Gamarra, 20 anos, que trabalha como motoboy no turno da noite. Ele passou pelo local no caminho para a empresa. Quando chegou, recebeu uma foto do acidente e identificou as roupas do irmão. 

Produção: Júlia Ozorio



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