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No céu da Capital

Como foi a experiência de voar de dirigível sobre Porto Alegre

Repórter relata como foi voo na aeronave, modelo ADB-3-3, que faz parte da divulgação do South Summit

29/03/2023 - 22h13min


Kathlyn Moreira
Kathlyn Moreira
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Quando o chefe de reportagem Paulo Rocha me mandou mensagem perguntando o que eu achava da ideia de voar de dirigível, confesso que senti um frio na barriga. Não sou uma grande fã de avião. Sou mais aquele tipo de passageira que fica com a mão suando durante a decolagem e o pouso.

— Não é todo dia que se anda de dirigível — me dizia o Paulo, e meu espírito de repórter também falou mais alto. 

— Bora — respondi.

Vinda de São Paulo, a aeronave faz parte da divulgação do South Summit, evento de inovação que teve início nesta quarta-feira (29) na Capital, e foi contratada pela Federação das Empresas de Logística e de Transporte de Cargas(Fetransul). O modelo ADB-3-3 usa gás hélio e foi construído pela Airship do Brasil, integrante do Grupo Bertolini, com sede em Bento Gonçalves, na serra gaúcha.

Chegamos ao aeroclube Belém Novo, na zona sul de Porto Alegre, às 6h45min. Enquanto eu me preparava para entrevistar o piloto, o comandante Charles Chueiri, no programa Gaúcha Hoje, da Rádio Gaúcha, sentia a ansiedade por dentro.

O dirigível é grande mesmo e tinha uma equipe enorme em volta fazendo todos os ajustes, mas será que é tranquilo? Será que balança muito? Será que vou conseguir ficar lá em cima?

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O nervosismo apertou quando Charles me disse que a duração média de viagem era de três horas. Pensei: mais tempo no ar do que no trajeto de Porto Alegre a São Paulo. Será que eu aguento? De onde está vindo esse entusiasmo?

Confirmamos que faríamos parte da aventura e, quando percebi, já estava aguardando na pista enquanto os profissionais faziam a correria para aproximar a gôndola — local onde fica piloto e passageiros — para nosso embarque.

Fomos eu, o repórter fotográfico Jefferson Botega e o comandante Charles. A única equipe de reportagem na missão. Antes de subir, fomos orientados a colocar o cinto de segurança e sentar logo na poltrona.

Instalados, colocamos o fone de ouvido com microfone para melhorar a comunicação em razão do barulho. Decolamos às 8h na maior calmaria. A subida é suave e sem aquela inclinação característica do avião.

Em poucos minutos, já estávamos voando a uma altura de cerca de 350 metros (1.200 pés) a uma velocidade média de 30 km/h. Com janelas bem amplas, era possível ver com clareza pontos da zona sul da Capital e o Guaíba.

Testei o sinal de internet e consegui fazer uma breve entrada no programa Gaúcha Atualidade, mas a instabilidade da rede dificultou a conexão, então não foi possível falar muito. Optamos por fazer registros nas redes sociais em tempo real.

Enquanto Botega fazia várias gravações e imagens (inclusive com vista do lado de fora, com auxílio dos equipamentos), eu ficava encantada identificando perfeitamente o Estádio Beira-Rio, a Usina do Gasômetro, a Catedral Metropolitana, a Basílica Nossa Senhora das Dores, o Centro Administrativo e a orla do Guaíba.

Perto das 9h, chegamos próximo ao Cais e ficamos sobrevoando o Guaíba. Durante o trajeto, recebi mensagens de amigos e conhecidos que tinham escutado na Gaúcha ou visto nas redes sociais sobre nosso voo. Alguns estavam empolgados, outros falavam que não iriam jamais.

— Vou acenar para ver se alguém abana de volta — brincava o comandante Charles.

Natural do Paraná, o piloto foi conhecendo mais sobre Porto Alegre a partir dos comentários e indicações que íamos fazendo. Sem oscilações, continuamos sobrevoando pelas águas e observando a movimentação lá embaixo.

Por volta das 10h, Charles fez a comunicação de que estava preparando o retorno ao Aeroclube. Partimos em direção à Zona Sul já em clima de despedida. Quem diria que a repórter que estava cheia de receio não queria mais descer.

A aterrissagem foi tão tranquila quanto a decolagem. Fiquei impressionada com a correria da equipe que, de forma sincronizada com o piloto, segurava os cabos permitindo a parada sem nem chacoalhar a estrutura.

Descemos pela pequena escada agradecendo e respondendo a perguntas dos moradores e curiosos que foram até o local olhar de perto a aeronave. Um deles foi o pequeno Léo Rodrigues de Prade, cinco anos, que estava deslumbrado do outro lado da cerca.

— Eu nem acreditei! Fiquei de boca aberta! Olha o tamanho da "pança"! — exclamava o garoto.

O morador do bairro Chapéu do Sol tirou a sorte grande e teve autorização para se aproximar e sentar na cadeira do piloto para fotos. Sorridente e falante, saiu cheio de histórias, assim como nossa equipe de reportagem.

Jefferson Botega / Agência RBS
Léo Rodrigues de Prade, cinco anos, com a mãe



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