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Reações alérgicas provocadas por mariposa suspendem aulas e levam mais de cem a unidade de saúde na Ilha da Pintada

Vermelhidão e irritações na pele são causada pelas cerdas das asas da hylesia

21/03/2023 - 22h26min

Atualizada em: 21/03/2023 - 22h26min


Laura Becker
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Laura Becker / Agencia RBS
Daniel Pereira de Carvalho (na foto), diretor da escola Maria José Mabilde, apresentou vermelhidão e erupções na pele

Reações alérgicas provocadas por uma mariposa fizeram com que 117 pessoas buscassem atendimento entre a última segunda (20) e a terça-feira (21) na unidade básica de saúde da Ilha da Pintada, em Porto Alegre. Muitos destes pacientes eram alunos de duas escolas da região que precisaram suspender as aulas pelo alto registro de casos.

O dia com maior procura foi a segunda-feira, quando 85 pessoas procuraram auxílio com vermelhidão e erupções na pele. As reações são causadas pela liberação no ar de cerdas presentes nas asas da mariposa hylesia, que é atraída pela luz no período da noite.

A gerente das unidades de saúde da região das ilhas, Rafaela Foljarini de Oliveira, afirma que este tipo de ocorrência não é comum. Inicialmente, os sintomas eram tratados como se fosse escabiose, a sarna humana.

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Mariposa hylesia, cujas cerdas nas asas provocam reações alérgicas

— Os moradores mais antigos que vieram receber atendimento na unidade de saúde começaram a comentar que já tinham visto algo assim há quatro anos. Perguntamos o que tinha causado e todos responderam que tinha sido um inseto. Depois disso, a Vigilância acabou confirmando que era a mariposa — revelou.

Conforme o Diretor da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, o calor excessivo e o período de seca podem ter contribuído para o aumento da população dos insetos, mas que com a chegada da chuva e queda próxima das temperaturas, a situação tende a amenizar.

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Os sintomas não são contagiosos. A orientação é que as pessoas fechem as janelas ao escurecer e retirem o inseto com pano úmido para não varrer e espalhar as cerdas, que são a razão da reação alérgica.  

— Recomendamos trocar lençóis e toalhas com mais frequência e fechar janelas e portas durante a noite, já que elas são atraídas pela luz. Durante o dia, não há problema —acrescenta Ritter.

A autônoma Carine Pereira Hahn, de 56 anos, está há oito dias tentando curar as erupções e manchas espalhadas por todo corpo. Com histórico de alergias graves desde a infância, ela foi até o posto de saúde depois de não conseguir descobrir a causa do problema.

—Sou muita alérgica, daquelas que podem te levar a morte, sabe?! Tentei todos os remédios que conhece e nada resolve. Quando vim no posto, descobri que era por causa da tal mariposa. Durante a madrugada é o pior momento, tenho muita coceira — contou.

Escolas fechadas

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Escola Maria José Mabilde, na Ilha da Pintada

Duas escolas localizadas na Ilha da Pintada suspenderam as aulas nesta terça-feira por conta do grande número de reações registradas. Foram realizadas sanitizações durante a tarde nas escolas estaduais Almirante Barroso e Maria José Mabilde.

Conforme a Secretaria Estadual de Educação, na Escola Estadual de Ensino Médio Almirante Barroso cerca de 30 a 40 alunos tiveram reações, além de funcionários. A instituição tem atividades no período da noite, que não irão acontecer. A sanitização ocorreu no turno da tarde.

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria José Mabilde o dia também foi de sanitização. As aulas foram suspensas nesta terça-feira e só retornarão na quinta-feira (23). Isso ocorre, pois, a quarta-feira (22) será de limpeza da escola após o procedimento.

O diretor da escola, Daniel Pereira de Carvalho, revela que nunca tinha vivenciado uma situação como a que ocorreu na segunda.

— Os alunos chegavam e, logo depois, já estavam com as manchas vermelhas e cheios de bolinhas pelo corpo. Muitos pais também ligavam avisando que o filho iria faltar por apresentar o mesmo quadro. Temos 150 alunos e terminamos o dia com menos de 50 na escola — relatou.

Nem mesmo o diretor escapou das mariposas. Daniel estava com irritações no pescoço e no braço.

— Hoje trouxe uma manga comprida para quando tiver que mostrar os locais para o pessoal da sanitização — contou.

Ainda segundo o diretor, a quantidade de mariposas visíveis na escola nesta terça-feira não era tão grande como o que ocorreu na segunda. No entanto, era possível encontrar os insetos no corredor ou voando pelas imediações da escola.


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