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Não resolveu

Após realização de serviço emergencial, escola de Porto Alegre volta a apresentar vazamento de esgoto

Novo problema surgiu em outra das escadarias da escola, provocado pela interdição de um dos banheiros da Emef José Mariano Beck

22/08/2023 - 10h57min


Jean Costa
Jean Costa
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Jonathan Heckler / Agencia RBS

Quatro dias após a realização de serviço emergencial para conter um vazamento de esgoto nas paredes de um dos prédios, alunos e professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Mariano Beck, no bairro Bom Jesus, zona leste de Porto Alegre, continuam a enfrentar problemas na estrutura.

Agora, além de apresentar cheiro forte de esgoto, que persiste pelo pátio, um novo vazamento surgiu em outra das escadarias da escola, provocado pela interdição de um dos banheiros, ainda na quinta-feira (17). O vice-diretor, Cleiton Barazzutti, diz que, embora parte do serviço realizado pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) tenha resolvido o vazamento, a escola ainda tem problemas que aguardam solução.

— O serviço paliativo não deu resultado, porque nós precisamos de um definitivo. Foi solucionado um vazamento parcial, que era ocasionado por uma ruptura na rede de esgoto de um dos banheiros, então foi um banheiro interditado para solucionar tal problema. No entanto, está vindo agora água em outra fossa que nós temos aqui na escola — alertou.

A situação se agravou há duas semanas, quando houve o vazamento de um dos sanitários. Entretanto, o fato persiste há três anos, com o surgimento de rompimentos nas paredes, problemas estruturais, como o transbordo de caixas de gordura, desabastecimento, além de interdições parciais dos prédios. O gestor cobra por ações imediatas, principalmente pelo fator sanitário, que se agrava enquanto o problema não é solucionado.

— Não existe local onde não haja circulação de pessoas na escola. O que nos preocupa, principalmente, é que o nosso perfil de alunos é de baixa renda aquisitiva, então nós vemos alunos que vêm com chinelo, não têm tênis, não têm um calçado adequado. A gente visualiza alunos com chinelo, quase com pé descalço, às vezes com feridas no pé, tendo contato com essa água contaminada do esgoto — lamentou.

Além do novo vazamento, durante visita da reportagem de GZH na instituição de ensino, duas caixas de gordura estavam transbordando.


Pais e alunos também cobram soluções

Ana Paula Santos Estevão, 38 anos, é mãe de um dos alunos da Educação Infantil e diz temer pela saúde dos funcionários da limpeza e das crianças. Isso devido as condições precárias das famílias, que muitas vezes não possuem dinheiro para arcar com os custos de sapatos para os alunos.

Jean Costa / Agência RBS
Ana Paula Santos Estevão é mãe de um dos alunos da Educação Infantil

— Para mim é muito, muito constrangedor, é insalubre para qualquer pessoa. Ver meu filho, de seis anos, ter que passar por aqui, eu acho muito horrível. Para os funcionários também é insalubre ter que mexer com o esgoto diretamente, parece que estão abandonando as escolas. Estão abandonando o principal, que aqui é a infraestrutura. Aqui tem crianças muito pobres, que não têm material escolar, não têm um calçado para usar. A prefeitura faz descaso contra as crianças da comunidade, quando deveria dar uma olhada a mais nessa parte — lamentou.

Aposentada por invalidez, Ana busca diariamente o filho no colégio, onde também foi aluna e presidente do conselho estudantil. Ela diz que os problemas na estrutura formam apenas uma parte do atual cenário da escola, que também enfrenta outro problema, a ausência de professores.

— Agora há pouco ele teve que passar pelo esgoto com a turminha dele, tiveram que pular e ajudar um ao outro para não entrarem na água diretamente, e muitos com chinelo. Isso, sendo mãe, dói – aponta.

Jean Costa / Agência RBS
Maria Eduarda da Silva Campos, 14, é aluna e presidente do conselho estudantil da escola

Maria Eduarda da Silva Campos, 14, é aluna e presidente do conselho estudantil da escola José Mariano Beck, e também vê com preocupação o impacto dos problemas estruturais no ensino, principalmente, por conta do cheiro de esgoto, que prejudica as aulas semanalmente e, consequentemente, afeta o rendimento dos alunos.

— Nós estamos estudando, sentindo aquele cheiro horrível de esgoto e até para passar ali podemos cair, resvalar, se machucar e se sujar. Nem digo muito pela gente que é mais velho, mas os menores, que tem prioridade, podem. Muita gente não tem como usar a escada porque não tem tênis, daí passam de chinelo, sujam os pés e não é de agora, é de anos e nunca resolve, nunca arrumam — apontou a aluna.

Em resposta, a Secretaria Municipal de Educação alegou que a escola José Mariano Beck seria acrescentada a um edital como prioridade dentro dos projetos de outra secretaria, a de Obras. A informação foi confirmada em um posicionamento enviado à reportagem pela Smed, que disse ainda que, em até 30 dias as obras devem iniciar.

A GZH, a pasta da Educação reforçou que tem ciência dos problemas da escola e que realiza ações emergenciais para minimizar o impacto, mas que é necessária uma reforma estrutural.

O que diz a Secretaria de Educação
Reiteramos que a Escola José Mariano Beck possui uma série de problemas na rede de esgoto. Estão sendo feitas intervenções paliativas, mas é necessária uma reforma estrutural. O processo licitatório está sendo finalizado e as obras devem começar em até 30 dias. Enquanto isso, nossas equipes farão ações pontuais para minimizar o transtorno. As reformas emergenciais ocorrerão em dezenas de escolas, que estão em prédios antigos e ficaram muitos anos sem o devido investimento em manutenção.


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