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Aluna do Instituto Federal de Osório apresenta trabalho na Suécia 

Estudante encontrou uma alternativa sustentável para a indústria têxtil

18/09/2023 - 18h30min

Atualizada em: 19/09/2023 - 14h28min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Arquivo Pessoal
Amanda (D) recebeu apoio da professora Flávia (E) para concluir a pesquisa, que levou três anos de dedicação

O projeto de pesquisa de uma estudante de Osório, no Litoral Norte, ganhou o mundo ao ser apresentado durante um evento em Estocolmo, na Suécia. Amanda Ribeiro Machado, 18 anos, cursa o Ensino Médio no IFRS e, com a orientação da professora Flávia Twardowski, descobriu uma alternativa sustentável para diminuir os impactos ambientais causados pelo descarte incorreto de corantes utilizados pelas indústrias têxteis.

A solução encontrada pela estudante surgiu utilizando-se resíduos da produção de vinho. Um dos motivos que fizeram com que a jovem escolhesse esse material foi pela sua predominância no Estado, que é o maior produtor de vinho do país. A alternativa veio a partir de uma preocupação social: 

– Em todas as apresentações, nós sempre destacamos a questão do consumo compulsivo de roupas. O mercado da moda traz um impacto ambiental enorme, e a gente (Amanda e a professora Flávia) sempre faz esse alerta.

O Prêmio Jovem da Água ocorreu entre os dias 20 e 24 de agosto. Estudantes de 40 países participaram de uma avaliação online e, por fim, presencial.

Realizações

Para Amanda, a paixão pela pesquisa surgiu aos 13 anos. Ela frequentava o 9° ano do Ensino Fundamental, quando passou a fazer parte do projeto de extensão do IFRS chamado “Meninas na Ciência”, que incentiva alunas a ingressarem na área científica. A partir de então, se dividia entre as aulas, pela manhã, e o projeto, no turno inverso.

– Foi a partir daí que me apaixonei pelo mundo do laboratório, pelos desafios que a pesquisa impõe. A ciência me abriu muitas portas, transformou minha vida – relata.

A professora Flávia comenta que essa já é a segunda vez consecutiva que o IFRS de Osório participa da competição internacional. No ano passado, também orientou um projeto que pesquisava absorventes sustentáveis e foi destaque na premiação.

–É importante o reconhecimento da ciência produzida por jovens de instituições públicas brasileiras, e as meninas devem ser incentivadas desde o ensino básico – comenta a professora.

Neste ano, Amanda concluirá o Ensino Médio e comenta que quer permanecer pesquisando. A estudante já planeja ingressar no curso de Engenharia Mecânica.

– Trabalhar com pesquisa me fez ter uma outra visão de mundo, me trouxe outras possibilidades. Quero seguir nesse caminho – destaca.

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Biogrape: o que é a pesquisa de Amanda e Flávia

O projeto intitulado Biogrape: Inovação para o Tratamento de Efluentes Têxteis a partir de Celulose Bacteriana do Vinho começou a ser desenvolvido quando Amanda estava no 1° ano do Ensino Médio. Foram quase três anos de pesquisa. Após vencer a etapa nacional do Prêmio Jovem da Água, em Minas Gerais, a pesquisa participou da fase final, na Suécia.

Ela explica que, em uma das etapas da produção de roupas – o tingimento de tecidos com corantes –, ocorre uma lavagem em que se descarta cerca de 50% a 70% do corante utilizado. Com alto nível de toxidade, o material gera danos ambientais.

Amanda, então, buscou uma solução sustentável: desenvolveu uma membrana biodegradável com resíduos da produção de vinho, que também seriam descartados. A estudante explica que, durante o processo, ocorre uma “adsorção”, o oposto de uma “absorção”, ou seja, a membrana impede que o corante passe. Assim, o retém, fazendo com que se acumule em sua superfície, e depois se degrade, sem deixar resíduos.

Produção: Nikelly de Souza




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