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Prefeitura de Porto Alegre espera esvaziar abrigo para atingidos por enchente na Ilha da Pintada até o fim da semana

Poder público diz que tem auxiliado moradores a retomar as vidas; abrigados alegam que estão sendo expulsos antes de receber benefícios

19/10/2023 - 10h19min


Ian Tâmbara
Ian Tâmbara
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Leandro Machado / Arquivo pessoal
Casa de Leandro Machado, morador da Ilha Mauá, desabou e foi levada pela cheia.

A prefeitura de Porto Alegre espera encerrar o abrigo público para atingidos pela enchente na região das ilhas até o fim desta semana. A intenção da administração é que todos os acolhidos no local voltem às suas residências. A previsão foi informada nesta quarta-feira (18) pelo secretário de Desenvolvimento Social de Porto Alegre, Leo Voigt. Segundo ele, o espaço, na Ilha da Pintada, já deveria ter sido esvaziado.

— De fato, o abrigo é temporário. Ele não é uma instalação permanente, é uma coisa transitória enquanto durar a enchente e a impossibilidade de acessar as casas. O abrigo tem data para encerrar. Senão ele deixa de ser um abrigo e passa a ser uma instalação permanente. É um salão paroquial que tem outra atividade, tem outro fim. Não está desenhado para a longa permanência de pessoas morando lá — afirma o secretário.

Ainda conforme Voigt, a medida está sendo feita em sintonia com o Programa Municipal de Recuperação Emergencial e Auxílio Humanitário, que prevê o cadastro das famílias atingidas pelas enchentes para ajuda de custo na compra de móveis, reformas de casas e pagamento de estadias provisórias.

A prefeitura informou que foram feitas vistorias em 196 casas, junto com moradores. Depois, 135 processos internos de avaliação foram instaurados e, até terça-feira, 92 famílias tiveram pedidos de algum tipo de benefício encaminhados.

Ao menos 24 famílias já receberam o auxílio para estadia e outros 68 estão aptos a receber, nesta semana, o benefício para compra de eletrodomésticos e móveis. Os cartões com crédito para compra dos itens começaram a ser entregues no abrigo na terça.

Relatos de expulsão

A casa de Leandro Machado, morador da Ilha Mauá, desabou durante a enchente. Por isso, ele recebeu o benefício para aluguel. Ele questiona, no entanto, o fato de ter sido retirado do abrigo antes de assinar o contrato da moradia. Por isso, teve que buscar abrigo na casa de uma parente.

Assim como Machado, outros moradores que estavam no abrigo público na Ilha da Pintada questionam a forma como o processo de retirada das famílias do local está sendo conduzido. Eles relatam que uma servidora da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) teria ameaçado expulsar os acolhidos na terça e teria dito que eles só receberiam auxílio se saíssem de lá.

— Disseram que era para todo mundo sair, que era para sair porque eles iam limpar a igreja e que até as duas horas tínhamos que desocupar — reclama o morador.

Prefeitura e a Fasc negaram, ainda na terça, que isso tenha ocorrido. Nesta quarta-feira, porém, o secretário admitiu que pode ter havido algum problema no tratamento.

— É possível que tenha acontecido algo, mas isso, por enquanto, está em um relato na imprensa. Não tem nenhuma efetividade, nenhum registro, nenhum porta-voz fazendo a formalização de uma queixa. E, se houver, nós vamos prontamente averiguar e vamos reordenar esse espaço. Quem sabe essa servidora está precisando ser cuidada, porque ela se esgotou nesse momento de cuidar. Isso pode ter acontecido. E talvez não tenha sido só com ela — explica Voigt.

Até a última atualização, 50 pessoas seguiam abrigadas no local. São 20 famílias, sendo 29 adultos e 21 crianças.


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