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De 2020 a 2023

Três em cada quatro gaúchos que tiveram covid-19 apresentaram sintomas persistentes da doença

Condição é mais comum em mulheres e pessoas com doenças crônicas

05/12/2023 - 11h01min


GZH
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Bruno Todeschini / Agencia RBS
Pacientes com esquema vacinal completo têm menos chances de desenvolver sequelas.

No Rio Grande do Sul, três em cada quatro pessoas que testaram positivo para covid-19 entre 2020 e 2023 apresentam quadros prolongados dos sintomas da doença. Conhecida como covid longa, as sequelas do coronavírus não eram uma preocupação no início da pandemia. Os dados são de um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) que buscou entender as consequências a curto, médio e longo prazo da covid-19.

A covid longa é caracterizada pela persistência de sintomas da infecção por coronavírus por três meses ou mais. A pesquisa acompanhou mil pacientes durante três anos e as condições mais relatadas pelos participantes foram dores de cabeça, cansaço, perda de olfato e paladar, tosse, queda de cabelo e complicações neurológicas.

— O mínimo que nós consideramos para covid longa é três meses, mas temos registros de pessoas que reportam sintomas que persistem por até 18 meses. Então é bem preocupante. Se imaginarmos que três a cada quatro pessoas apresentam essa persistência nos sintomas, é uma prevalência que chama bastante atenção — explica o pesquisador da UFRGS e coordenador do estudo, Natan Feter.

Os dados mostram que pacientes com o esquema vacinal completo – que, na época do estudo, era composto de três doses – têm menos chances de desenvolver covid longa. Os participantes que não foram vacinados contra a covid-19 apresentaram 23% mais probabilidade de ter sintomas prolongados do que os com três ou mais doses. Segundo os pesquisadores, esse resultado está associado a diminuição da severidade dos sintomas de covid-19 nos pacientes vacinados.

A pesquisa também comprovou que pacientes que estiveram hospitalizados por causa da covid-19 apresentaram maior probabilidade de desenvolver o quadro prolongado de sintomas do que aqueles que não precisaram ser internados. Na mesma linha, pacientes com doenças crônicas também foram mais propensos a desenvolver sequelas da doença.

Além disso, o levantamento pontuou que mulheres têm mais chances de desenvolver covid longa do que homens. A população feminina apresentou índices maiores de sintomas como a fadiga, complicações neurológicas e perda de cabelo.

— Esse problema já é salientado pelo Ministério da Saúde há algum tempo. Com o estudo, nós conseguimos descrever isso para a população gaúcha e mapear os fatores associados. Então, mostramos não só qual é o problema, mas quem está em maior risco — analisa Feter. Segundo ele, a importância do estudo também está relacionada a comprovação da proteção da vacina contra covid-19, tanto para os casos de coronavírus quanto para os sintomas persistentes pós-infecção.

A equipe pretende continuar acompanhando a prevalência de sintomas da covid longa no Rio Grande do Sul por meio de novos questionários online. A expectativa é de que um novo levantamento seja feito em junho de 2024. O grupo também quer investigar a associação da persistência de sintomas da covid com outros fatores, como uso de cigarro eletrônico e sintomas de depressão e ansiedade. As novas análises podem auxiliar na elaboração de tratamentos e terapias para a condição.

*Produção: Yasmim Girardi


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