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Eu Sou do Samba

O projeto de reforma do Porto Seco

Colunista Alexandre Rodrigues escreve sobre Carnaval e samba todas as sextas-feiras

19/01/2024 - 12h36min

Atualizada em: 19/01/2024 - 12h37min


Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues
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Anselmo Cunha / Agencia RBS
Complexo Cultural do Porto Seco é usado apenas nos dias dos desfiles

Em 2024, o Complexo Cultural do Porto Seco — localizado no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre — completa 20 anos desde sua inauguração. A ideia inicial era de que o espaço recebesse não apenas os desfiles de Carnaval, mas também outras atividades sociais e culturais ao longo do ano inteiro. A realidade, hoje, é distante perto do que se enxerga por lá: uma área de 178 mil metros quadrados sem vida útil.

Mas existe luz no fim do túnel! Em setembro de 2022, o prefeito Sebastião Melo sancionou um projeto de lei permitindo a venda de terrenos da prefeitura localizados no entorno do Porto Seco, com objetivo de arrecadar dinheiro para o desenvolvimento daquela região (pela iniciativa privada). No leilão realizado em abril do ano passado, todos os 15 imóveis ofertados no Complexo Porto Seco — avaliados em R$ 36,6 milhões – foram vendidos. A arrecadação total chegou a R$ 45,5 milhões, superando a expectativa.

Proposta

Um projeto conceitual  para a construção da estrutura definitiva, inclusive, já foi proposto. Quem assina é o engenheiro Valdinei Nascimento, responsável também pela estrutura do Porto Seco há mais de 10 anos. Ele conhece como a palma da mão cada centímetro do sambódromo.

— Acompanho o Carnaval desde criança. Não adianta você ser engenheiro, tem que ser carnavalesco para entender as demandas. Por isso, em 2010, recebi um convite do Joaquim Lucena, que era coordenador das Manifestações Populares da prefeitura de Porto Alegre, para assumir a parte de projetos do sambódromo. Nós temos um grande diferencial aqui que é o carrossel: os carros saem do barracão (são 15, no total) direto para a concentração, desfilam, chegam na dispersão e já podem voltar para o barracão — destaca o profissional, acrescentando:

— Existem cerca de 4 mil famílias no entorno do Porto Seco carentes de equipamentos sociais. Depois das oito da noite, a farmácia mais próxima daqui fica a quilômetros de distância. As pessoas não têm uma lotérica, não têm um posto de saúde, uma creche. Queremos trazer isso tudo pra dentro do Complexo.

Anselmo Cunha / Agencia RBS
Engenheiro Valdinei Nascimento

O Projeto de Sustentabilidade e Geração de Renda para Centro Cultural do Porto Seco propõe transformar o local num polo de comércio, serviços e cultura “onde a renda obtida através do aluguel dos espaços, shows e outras atividades remuneradas será rateada na manutenção e melhorias no Complexo e para as escolas de samba”. O custo das estruturas definitivas é estimado em R$ 30 milhões, e aumentaria a capacidade de público de 9 mil para 20 mil.

— A gente conseguiria usar as estruturas da parte de baixo das arquibancadas e a parte de trás dos camarotes, algo que não atrapalha a logística dos desfiles. Por exemplo: faz um camarote de 10 metros de largura, pode usar cinco metros como camarote e outros cinco, como sala de aula — garante Valdinei.

Se o projeto for aceito — e passados outros trâmites necessários, como o projeto executivo —, o prazo para realização total das obras seria de 12 meses.

Veja o que prevê o “Projeto de Sustentabilidade”

Reprodução / Reprodução
Objetivo é ficar assim

/// Um multipalco: para shows e peças teatrais, com 10 estruturas de restaurantes.

/// Centro de formação de instrutores: focado na operação de caminhão munk e empilhadeiras, visando atender a demanda de qualificação de mão de obra das empresas transportadoras e de logística de Porto Alegre e Região Metropolitana.

/// Creche: com capacidade para atender cem crianças de zero a seis anos.

/// Academia de saúde e atenção básica: onde serão criados espaços adequados para a prática de atividade física e de lazer, por meio de ações adaptadas à comunidade.

/// Central de monitoramento e segurança: segurança armada 24h, com ronda permanente em todo o Complexo e arredores.

/// Farmácia: com funcionamento 24h.

/// Lotérica: visto que a população do entono, muitas vezes, não tem acesso a aplicativos de banco para pagamento de contas e outras atividades financeiras.

/// Borracharia: para atender os caminhoneiros que vêm de todas as regiões do país e que não têm, próximo ao Porto Seco, um serviço de borracharia.

/// Oficinas de fomento à educação e cidadania: programa de oficinas com o objetivo de reforçar o ensino básico e oferecer qualificação profissional.

Imperadores: 65 anos

André Ávila / Agencia RBS
Vida longa, Imperadores!

Fundada em 19 de janeiro de 1959, na Rua Joaquim Nabuco, na Cidade Baixa, a Imperadores do Samba comemora hoje mais um aniversário. A escola multicampeã do Carnaval de Porto Alegre chega ao seu 65º ano com motivos de sobra para festejar. 

— Eu enxergo nos 65 anos da Imperadores um marco importante de uma jornada de muitas histórias, muitas vidas dedicadas a este pavilhão, muitas gerações formam essa história e construíram este legado. Eu tenho orgulho de seguirmos sendo a Residência do Samba, do nosso Quilombo Vermelho, de seguirmos firmes e fortes, encantando, representando a nossa cultura carnavalesca e contribuindo cultural e socialmente com a nossa cidade — destaca a presidente Luana Costa.

E nada melhor do que uma grande festa para marcar a data. É isso mesmo que ocorre hoje, a partir das 21h, na quadra da escola (Avenida Padre Cacique, 1.567). Vai rolar apresentação do Grupo Noventa, Grupo-Show da Imperadores e do Intérprete do  Acadêmicos do Salgueiro (escola do Rio de Janeiro) Emerson Dias. Os ingressos estão à venda por meio do site Sympla (sympla.com.br) a R$ 25 (terceiro lote), com taxa. Os camarotes custam R$ 500 e podem ser reservados pelo WhatsApp (51) 99274-3495. Já as mesas, pelo valor de R$ 150, podem ser adquiridas pelo Whats (51) 99740-9169. 

História

A Imperadores começou quando um grupo de amigos teve a ideia de criar um grupo para brincar no Carnaval. Eram eles (pelo que consta em documentos): Abrelino Amorim Borges (Baiano), Alencar Frederico Homero (Neco), Antônio Natalício Gonçalves Ananias (Banana), Eloi Florence Martins (Eloí), Luiz Carlos Amorim Borges (Amorim) e Osvaldo Felipe dos Santos (Vadinho). 

O dinheiro para colocar a escola na rua era pouco. Nos ensaios, cobrava-se algo em torno de R$ 1. Entre os lugares que a escola usou para isso, está o terreno localizado na Rua Joaquim Nabuco, no pátio da casa de Carlos Alberto Barcellos, o Roxo. 

A diversão entre amigos se transformou em paixão sem igual. Seis décadas depois, a escola, hoje, é parte importante da história do Carnaval gaúcho. 



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