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Litoral Norte

Picolé a R$ 25? Preços altos na beira da praia dividem opiniões de veranistas

GZH circulou pela beira da praia em Tramandaí e Capão da Canoa e constatou grande variação de preços

02/01/2024 - 10h12min


Fernanda Polo
Fernanda Polo
de Tramandaí
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Laura Becker
Laura Becker
de Capão da Canoa
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Lauro Alves / Agencia RBS

Veranear no Litoral Norte é sinônimo de picolé, queijo coalho, caipirinha, cerveja e frutos do mar — servidos em porções ou em pastéis. Enquanto alguns produtos tradicionais na beira da praia não aumentaram de preço em relação ao ano passado, outros ficaram mais caros. Os veranistas têm opiniões divididas quanto aos valores cobrados. Alguns não veem problema e consideram normal um aumento devido ao repasse de custos.

— O preço está bom, está acessível, como no ano passado. As coisas têm de subir, não adianta — reconheceu Vitor Martins, 60 anos, empresário de Canoas que curtia a praia de Tramandaí no sábado (30) ao lado da esposa Fátima França, 67, com milho, salgadinho, cerveja e picolés comprados à beira-mar.

No entanto, dois quiosques consultados pela reportagem de GZH conseguiram manter os mesmos preços do último verão. No Amo Tramandaí, por exemplo, os itens mais procurados nesta temporada são caipirinha de limão, porção de violinha, milho e coco.

— Cada um tem um custo, funcionário, mercadoria. A gente conseguiu comprar no mesmo preço do ano passado — ressaltou Jeferson Ferreira, 46, proprietário, ao lado da esposa Fabiana Santos, 40.

Proprietária do Quiosque da Magrinha há 45 anos – o mais antigo –, Maria Santa Medeiros, 68 anos, não repassou todos os custos aos consumidores. Os itens mais caros dos cardápios costumam ser aqueles com peixe na receita.

— Nem estamos passando, porque tu compra as coisas e tudo está aumentando, peixe todo dia está aumentando, além de estar difícil a pesca, camarão também está difícil, os pescadores estão nos dizendo. O peixe tradicional que mais bomba na praia é a violinha, e dizem que está muito difícil. Mas não tem como aumentar, se aumentar, piora — avaliou.

Picolé a até R$ 25

Em Capão da Canoa, os preços estão mais altos. O valor da maior parte das comidas e bebidas é o mesmo nos quiosques e junto aos vendedores que circulam pela areia. O tradicional milho, por exemplo, é encontrado a R$ 10 nas duas modalidades de venda – em Tramandaí, a R$ 8. Já a caipirinha é vendida a R$ 15 nas duas cidades.

No entanto, o produto que tem maior variação de preços é o picolé. GZH encontrou três marcas de sorvete oferecendo o produto. O mais barato é encontrado a R$ 8 em Capão da Canoa (e a R$ 5 em Tramandaí), nos sabores de frutas. Já o mais caro, com ingredientes que envolvem mais de um tipo de chocolate, é comercializado a R$ 25.

— Está tudo mais caro à beira da praia. Imagina um picolé custando mais de R$ 10. Aí tu volta para casa e o picolé é R$ 3 ou R$ 5 — reclamou a dona de casa Regina Maria da Silva Merencio, 65, que reside em São Leopoldo.

Entre os vendedores de picolé, há um consenso de que os preços não estão "doces". Apesar disso, todos os tipos têm saída entre os veranistas, mesmo que em menor quantidade.

— Nós tentamos argumentar com o fornecedor, mas não adiantou. Perdemos muitos clientes, pois as pessoas comparam com Santa Catarina, que está mais barato — ressaltou o vendedor Ricardo Silva Figueiró, 63.

Busca por descontos

Frente a esse cenário, os clientes têm tentado negociar com os quiosques e vendedores ambulantes.

— O pessoal está poupando mais, não está largando a mão. Chorando mais pelo preço, pedindo desconto, coisa que jamais aconteceu aqui. Do ano passado para esse ano, senti essa diferença — afirmou o vendedor de picolé João Luís Maciel, 61, de Alvorada, que estava atuando em Tramandaí.

O principal produto de destaque de seu carrinho era a paleta mexicana, vendida a R$ 14. Entretanto, neste ano, uma promoção de picolé de uva a R$ 5 se tornou a mais procurada, o que o vendedor acredita estar relacionado a uma diminuição de poder aquisitivo. Nesse mesmo sentido, João também observou um aumento na procura por marcas não tão conhecidas, mas que oferecem mais promoções. Mas alguns, é claro, não abrem mão de suas marcas preferidas.

— Continua vendendo bem ainda. Quem faz a clientela é a gente, conforme a gente participa com as pessoas. No Carnaval, me visto de Hulk, de Homem-Aranha, a gente tem de brincar com o pessoal para arrumar cliente — apontou Paulo Rogério Barbosa, 53, morador de Cidreira, vendedor de picolé da Kibon, que atua neste ramo há mais de duas décadas.

Apesar do preço sugerido pelas empresas, alguns ambulantes cobram valores superiores, como verificado pela reportagem — o que pode acabar impactando ainda mais nas vendas, lembrou Paulo.

Dando um jeitinho

Os gaúchos têm encontrado maneiras de contornar a situação e aproveitar a praia. Na beira-mar, é possível encontrar veranistas com bebidas e comidas trazidas de casa. Empresário de Guaporé, Jean Vanzella, 30, estava com amigos e família na faixa de areia de Tramandaí com um grande cooler no sábado, com cerveja, sucos para as crianças e água.

— A questão da comida é bem tranquila na praia, são valores bem aceitáveis, mas a bebida a gente acha um pouquinho mais cara, e consome mais também, então opta por trazer. Acaba pegando nos atacados e trazendo com valor melhor — contou.

Quando bate a vontade de algum produto, eles não se reprimem.

— A gente trabalha o ano inteiro que nem louco, então quando vem para a praia, não é por R$ 1 ou 2 que a gente vai ficar procurando valor. Acho que quando passou, se está com vontade, come, e fica show de bola — ressaltou.

Confira o preço de alguns produtos no Litoral Norte:

  • Milho - R$ 8 a R$ 10
  • Picolé - R$ 5 a R$ 25
  • Violinha - R$ 60 a R$ 65
  • Camarão à milanesa - R$ 110 a R$ 130
  • Caipirinha (com cachaça) - R$ 15
  • Água de coco - R$ 12 a R$ 15
  • Queijo coalho - R$ 10
  • Refrigerante lata - de R$ 7 a R$ 8
  • Cerveja 473ml e long neck - R$ 8 a R$ 10 e R$ 12 a R$ 15

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