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Saneamento básico

Brasil tem 49 milhões sem esgoto adequado; no RS, número é de 1,7 milhão, aponta Censo

Enquanto no Brasil, quase um quarto da população sofre com o problema, no Estado, o índice é de cerca de 15%

26/02/2024 - 10h13min

Atualizada em: 26/02/2024 - 10h14min


Vinicius Coimbra
Vinicius Coimbra
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Lauro Alves / Agencia RBS
No Brasil, o IBGE destacou que a proporção de domicílios com acesso à rede de coleta de esgoto no Brasil chegou a 62,5% em 2022.

Dados do Censo Demográfico 2022 indicam que há avanços no saneamento básico no Brasil, mas o país precisa investir na infraestrutura em regiões onde os índices foram inferiores, dizem especialistas sobre os dados divulgados nesta sexta-feira (23), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram informados índices de abastecimento e canalização de água, quantidade de banheiros, esgotamento sanitário, destino do lixo e tipo de domicílios.

No cenário nacional, os destaques considerados positivos são que 97,8% da população habitava domicílios com pelo menos um banheiro exclusivo e a coleta direta ou indireta de lixo chegava a 90,9% da população. Outro dado indica que, entre 2010 e 2022, todas as unidades da federação registraram aumento da proporção de pessoas que moravam em domicílios com coleta de esgoto.

Alguns dados, porém, mostram urgência de ação. O IBGE destacou que a proporção de domicílios com acesso à rede de coleta de esgoto no Brasil chegou a 62,5% em 2022, o que representa aumento na comparação a 2010, quando a taxa foi de 52,8%. Por outro lado, isso indica que 49 milhões de pessoas – 24,3% – ainda usavam “recursos precários de esgotamento sanitário”, na avaliação do instituto. No RS, 84,85% da população está em domicílios que têm esgotamento. Significa dizer que o equivalente a 1,7 milhão de pessoas do Estado estão com recursos precários de esgotamento.

Considerando o conjunto da população residindo em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica no Rio Grande do Sul, os valores foram de 67,03% em 2000, 73,58% em 2010 e 84,29% em 2022. No Brasil, embora o número ainda possa ser considerado alto, pulou de 59,2% de saneamento para 75,7% em 2022. 

— Por ser uma pesquisa universal, podemos identificar quais são os municípios, qual é a parte da população que ainda não tem acesso a esses serviços e que devem ser objeto das políticas públicas daqui para frente, para que, no futuro, os índices sejam melhorados — pontua Luis Eduardo Azevedo Puchalski, coordenador operacional do Censo.

O Censo também detalha a composição dos domicílios brasileiros: cerca de 171,3 milhões de pessoas (84,8% do total) moravam em casas em 2022. O grupo que morava em apartamento cresceu de 8,5% em 2010 para 12,5% no estudo mais recente. No Rio Grande do Sul, o cenário é também de alta nesse tipo de imóvel, que teve crescimento de 52,16% em 12 anos na quantidade de unidades. Havia apenas 19 municípios gaúchos sem oferta de apartamentos em 2022; em 2010 eram 57.

—  Nas cidades onde temos uma economia mais desenvolvida – Serra e Região Metropolitana do RS são exemplos –, o custo do metro quadrado fica mais caro e provoca  a verticalização da cidade. Em Porto Alegre há outro ponto: se as pessoas começam a se afastar muito da região central, onde geralmente trabalham, aumenta o tempo de deslocamento, então verticalizar é uma saída — acrescenta Puchalski.

Para melhorar os índices

Estados do Norte e Nordeste são os que apresentam os piores índices de saneamento básico do Censo, enquanto Sul e Sudeste têm os melhores. Entre as unidades da federação, por exemplo, a maior proporção de coleta direta ou indireta de lixo foi registrada em São Paulo, 99%, e a menor no Maranhão, 69,8%.

A maior proporção da população morando em domicílios com banheiro de uso exclusivo encontrado em 2022 foi de 99,9%, no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O Rio Grande do Sul, no entanto, está muito próximo do topo do ranking, com 99,60%. A menor parcela foi observada no Acre: 83,6%.

— O saneamento não funciona sem investimento, porque basicamente precisamos de infraestrutura: rede de esgoto, drenagem, da coleta do lixo e do abastecimento, tratamento e abastecimento de água são coisas que custam caro. O resultado é esperado por conta do peso financeiro  — diz  Vanusca Dalosto Jahno, professora Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

A professora da Feevale diz que os dados do Censo dialogam com o que é visto no dia a dia: o Brasil tem melhorado em diversos pilares do saneamento básico nas últimas décadas. Ela, porém, assinala uma cuidado extra com  o avanço de apartamentos nos municípios brasileiros – como verificado em Porto Alegre –, que pedem atenção às mudanças no saneamento básico das cidades. 

— Esse tipo de prédio demanda mais infraestrutura porque causa geração de resíduos, coleta de esgoto e precisa de uma rede de abastecimento de água tratada, por exemplo. O aumento do número de pessoas e moradias exige a criação de estratégias, porque a expansão pode criar problemas ao meio ambiente, à população e ao entorno desses locais. São construções que pedem planejamento melhor — acrescenta.


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