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Ricardo Düren: "A graça está no caminho"

Jornalistas do Diário Gaúcho escrevem sobre temas do cotidiano

21/02/2024 - 05h00min


Ricardo Düren
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Agência RBS / Agência RBS
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Consta que Alexandre, o Grande, costumava ter umas ideias que pareciam meio malucas e que deixavam seus generais em polvorosa. Nas campanhas militares, fazia desvios de rota, detinha-se em cidades que o encantavam por sua exuberância e costumes, peregrinava a lugares sagrados e místicos. Quando tinha tudo para marchar contra a Babilônia e conquistar a Pérsia, deu-lhe na veneta rumar para o Egito. O Egito, celeiro de grãos da Antiguidade, era estratégico para quem tinha um exército cheio de bocas para alimentar, mas dizem que Alexandre estava mais interessado era na cultura da terra dos faraós.

Alexandre, sabe-se, não seria hoje um grande exemplo de cidadão. Matava e saqueava. Era dado a farras e bebedeiras, gostava de ser bajulado e ninguém lhe tirava da cabeça que ele era um semideus. Mas sua ânsia por conhecer outras culturas, de peregrinar atrás de conhecimento e experiências, é instigante.

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Ex-aluno de ninguém menos do que Aristóteles (o filósofo), Alexandre, como todo grego que se preza, era leitor de Homero, autor da Ilíada e da Odisseia. A Ilíada relata em versos a guerra de Troia e a Odisseia narra a tumultuada viagem do herói Odisseu, o ardiloso inventor do cavalo de Troia, de volta para casa após os combates – uma jornada de 10 anos enfrentando sereias, ciclopes, feiticeiras, tempestades em alto mar e a fúria dos deuses. Foi tenso.

Mas foi também uma viagem de conhecimento, experiências e aventuras. Creio que foi inspirado na Odisseia que alguém cunhou uma célebre frase: “A felicidade está na jornada, não no destino.”

Talvez isso explique porque, volta e meia, escolhemos o caminho mais longo e difícil para seguir com nossos projetos e, uma vez tendo chegado a nossos objetivos, sentimos uma sensação de vazio superada apenas por um novo desafio. Em meio a tantas dificuldades que a vida nos impõe, é bom saber que podemos encontrar felicidade no meio da jornada – nem que ela esteja em um cafezinho, em um bate-papo ou nas experiências que vêm com os problemas. A graça está no caminho.


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