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Longa espera

De casas a escolas, como a falta de energia impacta a rotina na zona sul de Porto Alegre

Moradores se queixam da demora da CEEE Equatorial em resolver com mais agilidade os problemas decorrentes de um temporal que atingiu esta região da Capital na madrugada desta quinta-feira

22/03/2024 - 09h46min


Jônatha Bittencourt
Jônatha Bittencourt
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Jônatha Bittencourt / Agência RBS
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Aramy Silva, no bairro Camaquã, suspendeu as aulas nesta quinta-feira.

Moradores e comerciantes da zona sul de Porto Alegre estão tendo de lidar com os transtornos da falta de energia elétrica. O desabastecimento teve início na madrugada desta quinta-feira (21) e foi provocado por tempestade que atingiu a cidade.

A reportagem de GZH circulou, durante a tarde, por alguns bairros da região.

A prestação de serviços públicos foi bastante afetada. Dez unidades de saúde tiveram que encerrar as atividades mais cedo, às 17h. Apesar de terem permanecido disponíveis às comunidades ao longo do dia, o atendimento ocorreu de maneira restrita.

A Secretaria Municipal de Saúde realizou o remanejamento das vacinas que estavam disponíveis em três postos (Nossa Senhora das Graças, Santa Anita e São Gabriel) para que não houvesse risco de descartá-las devido à impossibilidade de refrigeração.

Na área da educação, o impacto foi percebido na suspensão das aulas em algumas escolas. No portão da Escola Municipal de Ensino Fundamental Aramy Silva, no bairro Camaquã, era possível encontrar avisos indicando a falta de água e luz como justificativa para as portas fechadas.

Mesmo sem luz, escola acolhe crianças

No bairro Cavalhada, GZH se deparou com uma escola de educação infantil que, mesmo sem luz, acabou recebendo algumas crianças. Diretora da Amor de Mãe, Samanta Martins, lamenta o funcionamento em condições tão limitadas.

— As salas ficaram sem ar-condicionado e boa parte da alimentação acabou estragando. A minha sócia teve que ir ao mercado para comprar carne, verduras novas. Somente conseguimos aproveitar algumas frutas — relatou.

Quarenta crianças - algumas delas encaminhadas pela Defensoria Pública - frequentam o local, mas apenas quatro compareceram nesta quinta. Uma delas, de sete meses, é filho de um trabalhador autônomo:

Como sou autônomo, trabalho na rua, meu filho precisa ficar em algum lugar. A gente opta por uma escola para, com esse suporte, correr atrás do ganha-pão do dia a dia. Infelizmente, mais uma vez, nossa excelentíssima CEEE Equatorial com esse excelentíssimo trabalho deles — desabafa Fernando Soares Caminha.

Moradores de condomínio decidem agir

Ao lado da escola de educação infantil fica localizado um condomínio com 26 residências. Durante a tempestade, o cabo de um poste que fica do lado de dentro acabou se rompendo.

Segundo os moradores, a fiação chegou a ficar energizada por um tempo. Os condôminos decidiram acionar um eletricista e isolar a área.

— Ele disse que não tinha como mexer porque esse cabo é de responsabilidade da CEEE. Mesmo sendo num condomínio privado. Nós decidimos isolar essa área porque existe o risco de alguém levar um choque. Aqui dentro tem idosos, até mesmo com demência, e também crianças — relata a professora da rede pública, Mônica Goulart.

A moradora ressalta que um dos maiores problemas diz respeito ao atendimento prestado pela distribuidora.

— A gente liga pra Equatorial e quem nos atende é um robô. Também tentamos entrar em contato com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e não conseguimos. Nos sentimos com as mãos atadas — complementa.

Depois de muita insistência, o grupo de moradores conseguiu classificar a demanda como emergencial. No entanto, até o momento, o problema não foi resolvido. O caso já é de conhecimento da CEEE Equatorial, que possui o protocolo em mãos, mas não retornou com um posicionamento até o fechamento deste material.

Desabastecimento afeta profissionais de delivery

No bairro Camaquã, Gabriel dos Santos, que trabalha como motoboy, teve que recorrer à bateria da própria moto para carregar o celular. A medida é essencial para que, à noite, ele possa atender aos chamados dos aplicativos de entrega.

— Às vezes isso consome muita energia e eu fico com a moto descarregada. Daí a gente vai em posto de gasolina para dar uma carregada. Na tomada, o celular leva umas seis horas pra carregar. Na moto, já dobra, vai a 12 horas — destaca Santos, que ficou sem energia em casa.

Além de ter um smartphone carregado em mãos, o entregador torce, mesmo, para que os restaurantes abram à noite. Muitos estabelecimentos costumam fechar devido à falta de energia elétrica.


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