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"Pego os textos bíblicos e vou trazendo uma mensagem, uma aplicação pessoal", diz pastor e autor do livro "Café com Deus pai"

 A edição de 2024 da obra de Junior Rostirola já vendeu 2 milhões de exemplares

22/03/2024 - 21h51min


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Pastor Junior Rostirola participou do Gaúcha+.

Com 2 milhões de exemplares vendidos nacionalmente, o livro Café com Deus pai 2024, do pastor Junior Rostirola, é o mais comercializado na Amazon brasileira. Uma nova edição é lançada por ano, com um texto para cada dia.

Em entrevista ao programa Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (21), o autor fala sobre a sua trajetória e o processo de escrita das obras. 

Em formato de podcast, o conteúdo também é disponibilizado diariamente em diferentes plataformas de áudio.

Confira a entrevista:

Como nasce o Café com Deus Pai?

O Café com Deus Pai foi um projeto que Deus colocou nas minhas mãos há quatro anos. É um livro devocional, ele tem uma palavra para cada dia do ano e isso foi durante toda a minha trajetória como cristão. 

Eu conheci Jesus aos 13 anos. Venho de uma família completamente disfuncional, onde meu pai era alcoólatra. Os meus três primeiros irmãos morreram por conta do meu pai. Eu comecei a apanhar muito cedo, aos sete meses de idade. Então tive muitas dificuldades em questão de se relacionar, em questão de realmente cumprir o meu papel como criança, como adolescente, como jovem.

Na escola, as poucas vezes que eu me aproximei dos meus colegas para jogar futebol, eles diziam que eu não sabia andar e que eu não sabia correr. Então essas mentiras, elas começaram a se tornar verdades na minha vida. E eu fui me tornando num ser completamente distorcido. Aos 13 anos, eu estava numa depressão profunda, no fundo de uma cama. Nos dias de hoje as crianças se cortam, eu não me cortava, mas eu tentava arrancar os meus olhos, puxava os meus cabelos, porque os meus olhos são claros, porque eu puxei a minha mãe e o meu pai tinha os olhos escuros. Então a vontade de ter um pai era tamanha que eu acreditava na mentira que meu pai não me amava por conta de eu não ser parecido com ele, de não ter os olhos dele, de não ter os cabelos dele. 

Com tudo isso, por ter esse lado disfuncional, minha casa era toda quebrada, polícia todos os dias lá em casa, eu era uma criança completamente traumatizada, mas aos 13 anos eu tive um encontro com Deus. E a partir do momento do encontro que eu tive com Deus, eu comecei a fazer parcerias com as verdades de Deus e as mentiras eu comecei a lançar fora. Só que foi um processo muito difícil. Eu tinha muitas feridas abertas. Eu era muito sequelado. Por exemplo,  só comecei a falar e me relacionar com as pessoas a partir dos 22 anos de idade, porque eu tinha realmente uma paralisia no sentido de um bloqueio, na verdade. 

E nessa época o senhor já entrou numa igreja? 

Aos 13 anos eu tive um encontro com Deus numa igreja. Por isso que eu amo a igreja.

Uma igreja evangélica?

Eu entrei numa igreja evangélica, exatamente. Foi lá que eu tive um encontro com Deus Pai. Foi lá que também eu conheci a minha esposa. Foi lá que eu fui curado dos meus traumas. Então eu sou suspeito de falar da igreja, porque eu amo a Igreja de Jesus Cristo na Terra.

E quando eu falo igreja, eu não estou falando de placas de igreja. Eu não estou falando de uma religião, porque a religião, ela complica. Jesus simplifica. Eu estou falando da igreja que somos nós. 

E como é que o senhor chega, pastor, até esse projeto, o Café com Deus Pai, que tem tanto podcast quanto o livro agora?

Dos 13 anos até os meus 22 anos foi a cura. Mas até os meus 29 anos, quando eu plantei a Igreja Reviver, eu tinha uma vida devocional muito intensa e essas palavras diárias que eu lia na Bíblia, isso começava a fazer parte da minha história, até eu plantar a Igreja Reviver. Mas aos 39 anos, eu estava um dia no meu gabinete e Deus realmente colocou no meu coração de eu escrever um livro com palavras realmente que viessem fazer com que as pessoas tivessem um relacionamento com Deus Pai. Que as pessoas realmente encontrassem uma esperança, encontrassem cura, conseguissem realmente linkar essas pessoas ao Pai. Que era o que eu menos tinha em relação ao pai biológico e, quando eu tive um Pai espiritual, que foi Deus, que eu tive esse encontro, então, através dessas palavras, o meu relacionamento com Deus Pai começou a ficar muito alinhado, muito próximo. Os livros, a Bíblia que eu sempre li, isso me ajudou muito.

E nesse tempo, aos 39 anos, Deus colocou no meu coração de escrever um livro. E o meu primeiro livro, que eu lancei devocional, ele deu errado. Ele não ficou do jeito que eu queria. Eu sempre fui muito exigente. E eu entendo que a excelência, ela honra a Deus e abençoa as pessoas. Então, eu desisti do projeto. E simplesmente, seis meses depois, eu estou no meu escritório, orando a Deus, e Deus fala pra mim assim: "Júnior, filho, por que que tu abandonou o projeto que eu entreguei nas tuas mãos?" E ali eu comecei a chorar, porque eu ouvi Deus falar comigo.

Não é uma força de expressão, o senhor ouviu mesmo?

Sim, exatamente. Eu ouvi Deus falar comigo. E ele falou: "Por que que você abandonou, filho, o projeto que eu entreguei nas tuas mãos? Sendo que eu nunca te abandonei". Eu fui muito impactado com aquilo e eu falei com Deus assim, "Pai, eu até volto a colocar esse projeto em prática. Porém, eu não quero mais o mesmo nome, porque tinha um outro nome, o devocional. E na hora, Deus falou pra mim: "O próximo nome será Café com Deus Pai. Quando eu ouvi isso, eu chamei a minha equipe, falei com a minha equipe, todo mundo celebrou, foi quando a gente lançou o primeiro Café com Deus Pai. E assim não parou mais.

Lançou em podcast ou já primeiro em livro? 

Não, eu lancei em livro. Hoje eu tenho a minha editora. Mas na época, eu estava em uma outra editora, foi até uma questão de realmente a editora dizer pra mim: "Mas tu não pode fazer um podcast, tu não pode lançar esse livro gratuitamente". Eu disse: "Nunca foi sobre dinheiro e nunca foi sobre números. Sempre foi sobre propósitos".

Então eles disseram pra mim: "Não, mas a gente não vai vender livros físicos". Eu disse: "Não importa, o que importa é que a palavra realmente alcance as pessoas". Então eu lancei gratuitamente, as pessoas não precisam comprar meu livro, elas têm hoje no Spotify gratuitamente. Só que mesmo assim se tornou o livro mais vendido do Brasil, porque a pessoa quer ter uma experiência. É diferente você ouvir apenas e você ter o livro em mãos pra fazer anotações, pra ter uma experiência, pra fazer realmente, que aquele livro vire completamente um diário seu. 

As vendas do livro estouraram logo ou é um fenômeno mais recente, do ano passado pra esse?

Não, ele sempre foi um fenômeno, porque hoje no Brasil, 15 mil livros, 20 mil livros, o autor que lança um livro e vende 20 mil livros, ele já é um best seller, já é um cara que já vendeu muitos livros. 

Até hoje quantos exemplares foram vendidos?

O primeiro eu vendi 30 mil, o segundo eu vendi 150 mil, o terceiro eu vendi 700 mil e esse agora eu já vendi 2 milhões. 

São edições diferentes, mas é sempre a mesma proposta?

O nome é o mesmo, Café com Deus Pai, vai permanecer sempre. Só que o conteúdo é diferente.

O senhor pega trechos bíblicos e traz esse trecho pra realidade atual. Como é que o senhor faz? 

Eu pego os textos bíblicos e ali eu vou trazendo uma mensagem dentro daquele texto, porém fazendo uma aplicação pessoal. Trazendo uma mensagem pro coração, que é os desafios que nós encontramos no dia a dia. Então fica uma mensagem contemporânea, uma linguagem simples também. Jesus sempre foi simples, a gente não precisa querer inventar palavras, ou colocar ali um texto muito rebuscado. Eu penso que o quanto mais simples você for e o quanto mais você trazer uma mensagem ao coração das pessoas, isso surte maior efeito. Então sempre tive esse cuidado.

Pastor, é possível um exemplo prático de um trecho bíblico, um salmo, enfim, algum trecho que o senhor ache interessante? 

Sim, João 3:16 fala que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho no Ingênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha vida eterna. Nós vivemos um mundo muito difícil. Talvez você acordou hoje sem vontade de enfrentar os desafios do dia a dia. Porém, existe a esperança de que a sua vida aqui na Terra não é eterna. Porém, ela tem um curto espaço de tempo, porque você não é um ser humano com experiências espirituais, você é um ser espiritual com experiência humana. Então, a esperança é que se você estiver em Jesus, tudo isso vai passar um dia e eternamente você vai viver com ele. É dentro desse contexto que eu sempre trago uma palavra para trazer a esperança para o povo e realmente aplicar aquilo que a bíblia nos ensina.

Pelo retorno que o senhor tem das pessoas, são apenas evangélicos, são apenas cristãos, ou tem pessoas de outras religiões que também o acompanham diariamente?

Não, é todo tipo de pessoa, na verdade. É todo tipo de religião. Eu tenho ali católicos, evangélicos, espíritas, enfim. Até ateus estão lendo meu livro, estão me mandando testemunho, dizendo o seguinte: "olha, eu nunca tive um relacionamento com Deus, mas através do seu livro eu estou conseguindo me conectar ao Pai".

Já está chamando "Deus de Pai". Isso é uma evolução muito grande, e essa é a intenção, é levar as pessoas a se conectar com Deus Pai. Porque assim, todos aqueles que tiveram problemas com aquela pessoa que representava o seu Pai na Terra, têm muita dificuldade de ter um relacionamento com Deus Pai.

Como que eu chamaria Deus de Pai se o meu pai nunca me beijou, nunca me abraçou? Eu precisei ser curado das minhas mazelas, dos meus traumas, pra então criar um relacionamento com Deus, e assim hoje ser íntimo dele, a ponto de ouvi-lo. Então a intenção do livro é exatamente essa, é trazer essa conexão, curar as feridas dos corações, e levá-los a realmente ter esse encontro com Deus. Hoje, o meu público é muito maior, o público católico, espírita, do que o público próprio evangélico. 

Pastor, quando o senhor diz que escuta Deus, é claro que é impressionante, né? E o senhor diz que não é uma força de expressão, o senhor escuta de fato. O senhor tem uma estratégia pra isso? Qualquer pessoa pode chegar a esse grau de relação com Deus?

Tudo parte de um relacionamento. Eu sou casado há 21 anos. A minha esposa, hoje, só dela olhar pra mim eu já sei o que ela está falando. O tempo também fez com que a gente tivesse uma conexão tão alinhada que quando ela olha pra mim, eu já sei o que ela tá querendo dizer por conta do relacionamento.

Quando você está num alinhamento, num relacionamento alinhado com Deus Pai, você escuta Deus em tudo. Não necessariamente você vai ouvir a voz dele, mas você realmente entende que ele está falando com você através de várias coisas. Através de um louvor que você está escutando. Eu também tenho momentos que eu estou orando a Deus e eu escuto o Pai falar comigo, literalmente. Mas também não só isso. Então Deus se conecta de diversas formas.

Eu sou muito sensível em relacionamentos hoje, no sentido de ouvir a voz. Porque por muitos anos eu fui paralisado nessa área. Eu não me relacionava com ninguém e eu ficava só no colo da minha mãe ou trancado no meu quarto, numa depressão profunda. Então, a partir do momento que a minha linguagem de amor é realmente essa aproximação, esse relacionamento, esse olho no olho, de ouvir a voz, eu penso que Deus realmente me conecta dessa forma. Só que a conexão entre você e Deus pode ser de uma outra forma. Vai muito de cada um.

Ouça na íntegra a entrevista:



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