Eu me recuso a ser invisível. Mas é o que a grande maioria das marcas acha. Pra quem já passou dos 35 anos, é difícil se identificar com essas garotas que aparecem nos comerciais de TV, anúncios de revistas e publicidade em geral. Dá pra contar nos dedos os produtos que são anunciados às mulheres que insistem em sobreviver depois dos quarenta (e que não sejam cremes antirrugas). Como se a gente deixasse de existir, ficar bonita, se maquiar, comprar roupa, ler, passear, viajar e descobrir novidades.

Em outubro vou fazer cinquenta e nunca me senti tão bem. Repare que eu não escrevi "e nunca me senti tão jovem" porque tenho espelho em casa. Minhas rugas e cabelos brancos convivem numa boa com minhas tatuagens. Mudanças no corpo acontecem com o passar do tempo, e azar de quem sofrer com isso. Mesmo trabalhando em publicidade, nunca vou me acostumar com esse pouco caso com que nos tratam. Nós, as maduras. Lembrando que uma fruta madura é a que está no ponto certo.

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Lindonas de 60

Agora que é quase Dia das Mães, a gente vê algumas mulheres mais velhas aparecendo em propagandas. Ainda é como procurar agulha em palheiro. Parece que estão preenchendo cotas, sabe. O discurso não é sincero, falta verdade nessa relação. E quem não teve filhos, se enxerga como? Em pleno 2017, as mulheres acima de cinquenta continuam sendo solenemente ignoradas como público consumidor. Ou alguém aqui acha que as lindonas de 60 só querem ser vistas como avós comprando farinha pra fazer bolo?

Depois dos cinquenta, a ala feminina segue cheia de energia e se reinventando. Concluem os estudos que ficaram pra trás, entram pra faculdade, se tornam empreendedoras, assumem novos papéis, terminam e começam relacionamentos, compram bens, fazem amizades, ocupam o seu espaço na sociedade. Uma pena que as marcas não percebam isso e não olhem pra nós com mais interesse. A mulherada é poderosa em qualquer idade.