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"É um sonho realizado", diz Léo Pain, ao lançar primeiro disco após vencer o The Voice Brasil

Grande aposta do EP é uma parceria do gaúcho com Michel Teló, que foi seu técnico no reality, em 2018

20/07/2019 - 12h00min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Cerca de 10 meses depois de ter sido o primeiro gaúcho a vencer o The Voice Brasil, Léo Pain realiza um dos sonhos de todos os participantes do programa: lança o seu primeiro disco. Poderia ser mais um movimento natural de um cantor que venceu um reality show, mas o planejamento que tem com a sua carreira mostra que esse lançamento pode ser apenas o começo do despertar desse gaúcho para o estrelato nacional. 

Divulgação / Universal Music
Cantor lança o primeiro EP após vencer o reality

Atento a um mercado no qual cantores surgem quase que diariamente e vencedores de disputas musicais parecem "sumir" mais rapidamente ainda, Léo não se acomoda. Depois da vitória, engrenou 70 apresentações em três meses, ciente de que precisava aperfeiçoar seu show. Ali, começava a pensar na virada: deixar de ser um artista regional para se transformar em um sertanejo nacional. Para começar, conta de novo com Michel Teló. 

Em São Paulo e com Teló: "Sonho realizado"

Com jeitão de galã e vozeirão marcante, o gaúcho Léo Pain, 35 anos, conquistou o Brasil ao vencer a edição do ano passado do The Voice Brasil. Dez meses depois do triunfo, o artista, que se destacou no Rio Grande do Sul ao vencer os mais variados festivais nativistas, lança o primeiro EP, Perdido e Apaixonado, disponível nos serviços digitais de assinatura de pacotes de música.

O trabalho tem seis faixas e faz parte da premiação - pela vitória no programa, Léo também faturou R$ 500 mil, um carro e contrato com a gravadora Universal Music. Neste lançamento musical, o artista, que é sobrinho do nativista Wilson Paim, traz como carro-chefe a faixa-título, gravada em parceria com Michel Teló, seu técnico no The Voice. Em entrevista a Retratos da Fama por telefone, de São Paulo, onde está morando desde janeiro, Léo comemora o momento que vive após o estrelato em rede nacional.

— É um sonho realizado. Sair de onde eu saí, de Santa Maria (ele é natural de Alegrete, mas morou no município nos últimos 13 anos) e vir para São Paulo, a maior cidade do país, gravar uma faixa com participação do Michel, é um sonho ainda maior. E realizarei outros — avisa o sertanejo, convicto de uma grande fase que se inicia na sua trajetória profissional.  


Com o Rio Grande sempre no coração

Depois de um fim de 2018 com uma média de shows quase surreal (70 apresentações em 90 dias, entre outubro e dezembro), após ter vencido o The Voice Brasil, Léo e equipe deram uma segurada na agenda durante alguns meses de 2019, para conseguir planejar o disco que acaba de ser lançado. 

No meio de toda a correria pós-vitória no programa, o sertanejo, a esposa, Lidiane Cansi, 37 anos, e o fiel escudeiro, o cachorrinho Pirata, se mudaram de mala e cuia para a capital paulista. 

Típico daqui

Na nova morada, o sertanejo gaúcho se mostra adaptado, frequentando lugares clássicos de lá, como o Mercado Municipal de São Paulo. Em março, postou uma foto em seu Instagram com a amada, quando os dois experimentaram dois pratos típicos de Sampa: sanduíche de mortadela e pastel de bacalhau. 

Porém, Léo garante que ainda mantém costumes bem gaudérios em sua rotina.

— Meu chimarrão é o meu parceiro todos os dias, de manhã e à tarde. Não abro mão — sentencia.

Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Léo e seu chimarrão: sempre com ele

Escolha racional

Sobre a mudança de Santa Maria, para o bairro Morumbi, na capital paulista, Léo conta que o movimento ocorreu de maneira natural. 

— Amo o meu Estado, sou um cara muito grato por tudo que o Rio Grande me deu, foi daí que eu parti para a visibilidade. Mas fica longe de tudo, a logística se torna cara para tocar em outros Estados — explica o músico sobre a facilidade de trânsito onde está:

— Em São Paulo, consigo atender outros estados de maneira mais fácil. É necessário estar aqui, onde tudo acontece, e fundamental para o artista que vislumbra uma carreira nacional.

Demorou, mas saiu com capricho

Há pouco mais de um ano, em setembro de 2018, tu venceste o The Voice Brasil. Como está a tua vida de lá para cá? E por que teve essa demora em lançar o disco que é parte do prêmio?

Depois do The Voice, foi uma correria. Foram, praticamente, 90 dias, nos quais eu fiz mais de 70 shows (um a cada um dia e meio, praticamente). Então, a gente não conseguiu dar a atenção merecida para formular um repertório. Em janeiro, com o período de férias, conseguimos dar uma atenção para a seleção. Por isso, o disco só saiu agora. Queríamos fazer algo selecionado, porque eu venci um programa que é "a voz", né? (tradução da expressão The Voice). 

E, nesse primeiro EP, eu queria passar a minha verdade, até porque a gente não tinha aquela coisa definida do tipo: "O Léo canta isso ou o Léo canta aquilo". A ideia era ter um repertório que privilegiasse canções românticas e populares. Para completar, consegui gravar essa canção com o Michel, que também é a cara dele. O disco demorou para sair pelo capricho que eu queria ter, não era para lançar qualquer coisa.

E como tu vais trabalhar para que o teu repertório cresça?

Agora, com o lançamento desse EP, estamos entrando no mercado com um show próprio. Daqui a cerca de três meses, lançaremos um segundo EP, formatando, definitivamente, o show do Léo Pain. Claro que é inevitável que algumas canções covers apareçam, mas também quero fazer com que o meu repertório cresça e apareça, para que as pessoas consumam o meu trabalho.


E como foi a experiência de gravar com o Michel Teló?

Quando eu venci o programa, eu apertei a mão dele, tem até uma foto que registrou esse momento, com os dois sorrindo muito. Nessa hora, eu disse a ele: "Cara, além de eu ter vencido o programa, eu preciso de uma força tua, porque tu sabe que uma carreira nacional não é fácil. 

Divulgação / Universal Music
No The Voice, pupilo e técnico. Agora, parceiros de música

Meu nome não pode apagar, pois eu vivo disso". E ele respondeu: "Para toda e qualquer ajuda que tu precisar, pode contar comigo, tô à tua disposição. E te prometo agora: vou gravar contigo". O cara é diferenciado, não é à toa que ele é o único sertanejo do país que fez sucesso no mundo (em 2011, Teló ficou conhecido na Europa depois que Cristiano Ronaldo comemorou um gol, quando ainda jogava pelo Real Madrid, com a coreografia do principal hit do sertanejo à época: Ai, se Eu te Pego). 

Ouço muito um comentário, nos bastidores do meio musical, sobre o fato de o campeão do The Voice ter que aproveitar o "time" (tempo), enquanto vencedor do programa, para lançar um disco e não cair no esquecimento. Como tu vês isso? 

Não existe essa coisa de "time" sem investimento, sem um escritório de gestão de carreira forte e sem uma gravadora forte. O rótulo de campeão do The Voice vai se apagar a partir do momento em que o próximo artista ganhar o programa. Não quero me "desrotular", mas a gente tem que fazer com que a minha carreira siga como Léo Pain, e não como campeão do The Voice. Claro que esse título faz parte da minha história, foi o que impulsionou a minha carreira, estou aqui falando contigo (concedendo uma entrevista) porque eu venci o The Voice. Mas Léo Pain é um cantor que tem repertório e tem uma carreira.

Inclusive, ganhar o programa não é sinônimo de sucesso. Thiaguinho não venceu o Fama (quando participou do extinto reality show da Globo, em 2002) e fez muito sucesso também.

Exato! A própria Lauana Prado (participante do The Voice Brasil em 2014) é um exemplo disso. Ela não chegou nas finais e, hoje, é um sucesso (a sua principal faixa, Cobaia, tem 228 milhões de visualizações). Temos que terminar com esse rótulo de que o cara ganhou o The Voice e sumiu. O trabalho tem que continuar, e cada vez mais forte. Acredito que Deus vai me abençoar, Ele já colocou a mão sobre mim. 

No país, mais de 70% das músicas tocadas são sertanejas, segundo levantamento de empresas especializadas. Esse número é bem semelhante no Rio Grande do Sul. Porém, por aqui, não vemos um surgimento significativo de artistas do gênero. Como avalias isso?

Vejo um bom número de cantores aí. Porém, sem investimento, sem um escritório gestor de carreira, sem uma gravadora que saiba fazer com que a tua música rode nas rádios, a carreira não vai para a frente. Se a música do artista ficar só aí, a carreira não anda. 

Achas que a tua vitória no programa e o teu sucesso podem estimular o surgimento de novos artistas fazendo de ti um espelho para eles?

Eu procuro dizer sempre que nunca fui um cantor que almejou única e exclusivamente ter fama e sucesso. Não. Eu sempre almejei reconhecimento. Acho que, se eu servir de espelho para alguém, já estou tendo um reconhecimento por conta do meu trabalho. Porém, acho que servir de espelho, ou não, tem que partir do outro, não de mim.Sou uma pessoa que tenta, cada vez mais, fazer bem o meu trabalho e ser dedicado. Mas é claro que eu fico feliz se eu servir de espelho. 

 


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