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Reinvenção do setor cultural

"Parei de imaginar uma data", diz Gabriel, do Ex Expresso, sobre retorno dos shows

Músico revela, ainda, que a banda não aderiu ao formato de shows menores

23/04/2021 - 17h24min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Divulgação / Divulgação
Banda não embarcou no modelo de shows menores

 Grupo que mobilizava multidões por onde passava, eleita como melhor banda de baile pelos leitores do Diário Gaúcho em 2019, o Eh Expresso sentiu o impacto  da pandemia, mas acabou fazendo do limão, uma limonada, como diz o ditado. Mesmo sabendo que dezenas de pessoas dependem do trabalho da banda, a turma liderada por Gabriel, vocalista do Eh Expresso, optou pela responsabilidade.

- Claro, já estamos há um ano e um mês sem shows, pesa para todo mundo. Mas, quando começou um movimento de flexibilização, de liberação de algumas atividades, alguns pequenos eventos voltaram, com shows menores, formato acústico, bandas reduzidas. Porém, optamos por não seguir aquele modelo, para preservar a saúde da gente e do nosso formato de negócio e de banda - afirma o músico. 

 Lives no calendário

No começo da crise, Gabriel lembra que o cenário era pintado como catastrófico, pois os trabalhadores da área cultural não sabiam o que fazer. O primeiro passo para viabilizar as lives foi buscar patrocínios, coisa que não é tão fácil para artistas locais, que não têm grandes empresas para financiar os shows virtuais, como os famosos nacionais. 

- Neste período, conseguimos produzir conteúdos muito legais para o nosso canal do YouTube. Foi bem complexo encontrar essa saída. Achamos que a coisa ia dar uma amenizada na virada do ano e que conseguiríamos voltar a fazer alguns shows, mas vimos que isso não aconteceria tão cedo. Simplesmente, parei de imaginar alguma data (sobre o retorno de shows e eventos presenciais) - atesta Gabriel.

O músico espera que, com a maior parte da população vacinada, os shows voltem a ocorrer, mas admite não ter a menor ideia de quando isso vai rolar. Por isso, acredita que o modelo das lives deve ser considerado pelos artistas.

- Acho que as lives entrarão no calendário das bandas. Pretendemos, mesmo que os shows presenciais voltem, fazer uma a cada 40 dias, bem elaborada, com contexto, que vai gerar um conteúdo perene para as plataformas do grupo. As pessoas vão querer esse tipo de material. Acredito que o público terá muito receio de frequentar um show no modelo antigo, com milhares de pessoas - revela o vocalista. 

A mais recente apresentação online do grupo, a terceira desde o início da pandemia, gravada no Hotel Vila Ventura, em Viamão, no dia 17, já tem mais de 24 mil visualizações no YouTube. 

Impacto financeiro da pandemia

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 1,3 milhão de pessoas do setor cultural perderam o emprego no Brasil por conta da pandemia de coronavírus, que paralisou os eventos e shows. 

Ainda conforme o IBGE, essas atividades empregavam, em 2018, quase cinco milhões de trabalhadores diretos. Segundo cálculos da Associação Apresenta Rio, que reúne promotores de eventos no Rio de Janeiro, os prejuízos na área, por conta da pandemia de coronavírus, no país, já chegam a R$ 80 bilhões e podem chegar a R$ 270 bilhões, até o fim deste ano. 

De acordo com Pedro Guimarães, presidente da entidade, algumas iniciativas públicas poderiam dar um respiro para o setor. 

- Medidas de auxílio financeiro direto, como o oferecimento de linhas de crédito especial e a manutenção dos programas de incentivo - disse ele em entrevista para a Agência Brasil.


Empregos perdidos

No Rio Grande do Sul, para se ter ideia da importância do setor, segundo a Secretaria Estadual da Cultura, a área cultural empregava, em 2019, mais do que a indústria calçadista e automobilística, de acordo com dados da pesquisa Impactos da covid-19 nos Setores Cultural e Criativo do Brasil. Setores vinculados à cultura, criatividade, conhecimento e inovação eram responsáveis por 4,1% da força de trabalho no Rio Grande do Sul, o que equivalia a 130 mil empregos formais. Atualmente, segundo dados da pasta, mais de 30 mil postos formais foram perdidos no Estado. 

No Brasil, o setor de economia criativa corresponde a 2,64% do produto interno bruto (PIB). Em 2020, de acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o PIB do setor criativo foi de R$ 129,9 bilhões. Ou seja, houve uma redução de 31,8% em relação a 2019, que foi de R$ 171,5 bilhões. 



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