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"O que nos motiva é se sentir bem", diz Chitãozinho, sobre seguir na estrada aos 50 anos de carreira

Dupla lança canção inédita como um dos pilares das comemorações de cinco décadas de carreira

22/05/2021 - 12h00min

Atualizada em: 23/05/2021 - 14h37min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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Divulgação / Divulgação
Dupla gravou a música separada, cada um em sua casa

Completar 50 anos de carreira na música é um feito que, sem dúvidas, deve ser celebrado. E este era o plano de Chitãozinho & Xororó, uma das duplas que ajudou – e ainda ajuda – a escrever a história do sertanejo no Brasil, para 2020.

Com a pandemia, as ideias, que incluíam uma turnê pelo Brasil, precisaram ficar na gaveta, em nome da segurança de todos. Este ano, porém, os artistas decidiram colocar em prática pelo menos a parte dos planos que é possível sem comprometer a saúde deles e da equipe, com o lançamento de novas canções nas plataformas digitais. E tudo feito em grande estilo, com direito a participação direta pelas redes sociais.

Neste final de semana, o Diário Gaúcho a carreira de Chitão e Xororó e mostra que, mesmo após cinco décadas, os dois seguem firmes e fortes na carreira, com vontade de inovar, apostando alto na tecnologia para seguir produzindo mesmo durante a pandemia e continuar unindo os fãs em torno de sua música.

Adaptação aos novos tempos

Em 2020, Chitãozinho & Xororó completaram 50 anos de carreira, 50 anos do primeiro disco, que leva o nome da dupla, mas conhecido popularmente como Galopeira, nome da música que abria o lado A do LP de capa azul. Porém, do começo do ano passado pra cá, muita coisa mudou no mundo, depois do começo da pandemia de coronavírus. 

No começo de 2020, a dupla tinha nos planos, para comemorar as cinco décadas de carreira, disco e show inédito que percorreriam o Brasil, além de mais alguns shows da turnê Amigos - A História Continua, que reúne Chitão, Xororó, Leonardo e Zezé di Camargo & Luciano. Porém, veio a pandemia e mudou os planos de todos, não só dos artistas. Em 2021, a dupla decidiu colocar em prática um dos lançamentos que tinham em mente, e que podia ser feito mesmo em tempos de pandemia. Aí veio o lançamento da nova faixa da dupla, a inédita Pássaros, disponível nas plataformas digitais. 

Inspiração

A faixa, assinada por Xororó, Tonny e Kleber, com produção e arranjos também do próprio cantor, juntamente com Cláudio Paladini e o filho Junior, teve um processo de lançamento inusitado. No Instagram de Xororó, ele lançou a brincadeira Karaokê do Xororó, em que os fãs puderam fazer duetos online com o artista cantando a canção inédita. O vencedor foi anunciado pelo Instagram do sertanejo. Antes de Pássaros, Xororó teve a mesma iniciativa com outra canção inédita, Luz.   

- Essa música (Pássaros) surgiu há uns três anos, quando eu estava na minha fazenda, em Goiás. Naquele dia, vi um gavião fazendo um voo fantástico e pensei: "que vida legal tem um gavião, que liberdade tem um gavião, que pode ir pra qualquer lugar voando." E a música tem muito disso, ela transporta a gente para onde a gente quiser. Me coloquei no lugar daquele pássaro e tive a ideia da música, pensando como seria se eu fosse um pássaro. Um pássaro apaixonado, claro - conta Xororó, em entrevista via Zoom.

Chitãozinho, na mesma entrevista, conta que a música caiu no "seu colo", justamente por conta da iniciativa do irmão, de lançar a faixa antes, nas redes sociais. 

- Fiquei emocionado, essa música é impactante. Vi ele cantando, no Instagram dele e achei demais. A música já estava pronta. Quando voltei pra casa, foi só colocar a voz e decidimos colocar nas plataformas sociais. Uma música dessas não aparece todo dia -afirma Chitão.

Antenados

Sempre ligados nas tendências, a dupla pretende seguir antecipando lançamentos nas plataformas, até com forma de manter a interatividade com seu público. 

- Estamos sempre ligados, tudo começou como uma grande brincadeira. O Chitão criou o karaokê do Chitão, pras pessoas fazerem dueto com ele em algumas canções. E me cobraram para fazer o mesmo. Pensei: "vou pro estúdio, pegar minhas músicas inéditas, botar voz. e antes mesmo de o chitão conhecer, vou colocar no Instagram e convidar os fãs"- explica Xororó.


Em mais de uma hora de papo, a dupla falou sobre isolamento social, a sua importância na história da música sertaneja e sobre motivações para seguir gravando canções inéditas, após 50 anos de carreira. Confira:

Com mais de um ano de pandemia e isolamento social, afora algumas lives, quais têm sido as atividades de vocês? Como estão passando por esse período? 

Chitãozinho- Sempre gostei muito de ficar em casa. Graças a Deus, temos condições de segurar a onda. De vez em quando, a gente tem faz algum trabalho, mas mais pensando em quem trabalha com a gente. Nesse período, peguei a mania de "maratonar" séries. E, para relaxar, eu vou para a minha fazenda, em Goiás, fico alguns dias lá, tenho liberdade, fico naquele sol escaldante de Goiás (risos), faço uns passeios de barcos no Rio Araguaia, que eu adoro, também pesco lá. Em junho, vou pra lá ficar o mês todo.  

Xororó - Afora a brincadeira de marcenaria, de fazer brinquedos para meus netos, de consertar coisas, eu faço exercício, todos os dias, durante a semana. No fim de semana, eu descanso. Mas sobre essa coisa de consertar tudo, meu apelido, uma época, era MacGyver (personagem de uma série de sucesso nos anos 1980, que resolvia problemas complexos ao criar coisas a partir de objetos comuns, grande parte das vezes com a ajuda do seu canivete suíço). Se tem problema na descarga, tento resolver antes de chamar um profissional. E até tenho meu canivete suíço (risos). Mas, a minha brincadeira principal sempre foi a música. 

Como vocês enxergam a importância da história da dupla na música sertaneja do país?

Chitãozinho - A gente não dá muita importância pra isso, não. Pra nós, o que importa é o jeito de se relacionar com os nossos, com a imprensa, com quem acompanha o nosso trabalho. A importância maior é essa convivência com as pessoas, com quem gosta da nossa música. 

Xororó - Acredito que a gente se preocupa muito com a maneira que a gente tem de passar coisa boa para o nosso público. A gente sempre se preocupou com o que a gente canta, com a maneira que a gente se apresenta, dar para a música aquilo que ela pede. Com o tempo, a gente aprende a ouvir o que a música precisa. E temos que ter cuidado e carinho com a música e com o nosso público. Ser humano precisa de carinho e amor, a gente tenta dar carinho pra todo mundo, não fazemos distinção entre os nossos fãs. O ser humano precisa de carinho. 

E como foi a experiência de gravar uma canção sem vocês estarem juntos? 

Xororó - Trabalhamos separados, fui para o estúdio, que fica bem perto da minha casa, na frente da casa do meu filho (Júnior), já fizemos algumas lives ali. O Túlio, dono do estúdio, é um cara muito cuidadoso, fui todo paramentado, com todos os cuidados, sou muito chato com os cuidados, já faz mais de um ano que não saio de casa. Já tomei a primeira dose da vacina, estou no aguardo da segunda. Temos um músico, o Cláudio Paladino, que trabalha conosco, fez os arranjos, eu coloquei a primeira voz em casa mesmo, tudo muito mais simples. E, no clipe, tem muitas imagens que eu fiz do meu celular mesmo. 

Chitãozinho - A gente sente saudade de gravar juntos, claro, mas a tecnologia ajuda demais, atualmente. Os equipamentos são maravilhosos, tudo é mais rápido. A gente consegue fazer cada um da sua casa, se quiser e a qualidade da gravação fica tão boa como se tivesse sido feita em um estúdio profissional. É muito mais fácil fazer neste modelo. O que estamos sentindo falta, mesmo, é de olhar pras pessoas, de cantar ao vivo, de ver as multidões.

Atualmente, ativistas em redes sociais cobram engajamento de artistas em temas políticos, dos mais variados. Como vocês veem isso? 

Chitãozinho - Eu acompanho política, lendo, ouvindo, assistindo, mas procuro captar de bom o que vem de encontro ao meu sentimento. Mas não gosto de dar minha opinião. Acho que artista tem que cantar, me sentiria mal em falar de política. Mas, claro, temos que falar de pandemia. De política, não vale a pena falar, não achei que teríamos uma guerra tão grande. 

Xororó - É triste tudo isso. Mas acho ruim falar de política sem ter 100% de conhecimento. Estamos passando por um momento muito difícil. Está melhorando com o avanço da vacinação, mas a pandemia não acabou. Vou continuar com a minha máscara, meu álcool gel e peço, gente: pelo amor de Deus, sem aglomeração. Tá melhorando, mas ainda tá ruim. 

Chitãozinho - Precisamos de aglomeração para os nossos shows, mas esperaremos o momento certo. A gente espera o povo ser vacinado, pra aglomerar quando o povo puder, em segurança. 

Após 50 anos de carreira, o que segue motivando vocês para gravar músicas inéditas, como neste projeto?

Chitãozinho - O que nos motiva é se sentir bem, cada vez que a gente recebe um música nova, a gente festeja, comemora, a gente sente que a música vai ficar bacana. Isso que nos faz cantar durante tantos anos. 

Xororó - Sentir a importância do trabalho que a gente faz, o bem que a música faz pro ser humano. Em um momento como o que estamos vivendo, a música ajuda demais. Se não fosse o entretenimento, como seria nossa vida hoje? Recebi uma canção, há umas duas semanas, da Bruna Viola, que se emocionou ao cantar pra mim. Gostei tanto que pedi a liberdade de escrever mais um trecho na canção. A gente se emociona e quer cantar. Música, pra gente, é isso. Eu choro com músicas de amigos, só com a melodia. Música não tem fronteira, não tem idioma. Quando ela é boa, é boa.

A dupla em números

- Mais de 40 milhões de discos vendidos

- 37 álbuns inéditos e 10 DVDs

- Vencedores de quatro grammy latino

- Mais de 6 mil shows, vistos por mais de 100 milhões de espectadores

- 1,8 milhão de vendas em um único disco

- Mais de 400 músicas gravadas

- Parcerias com mais de 100 nomes da música nacional e internacional




 



 





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