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"O humor é um mundo machista"

Ingrid Guimarães: "Até pouco tempo atrás, a mulher sexy não era a engraçada"

Atriz falou sobre os desafios da sua carreira em evento de liderança feminina 

28/10/2021 - 13h43min


Vinicius Mochizuki / Divulgação

A atriz e produtora Ingrid Guimarães avaliou os estigmas que as mulheres que fazem humor carregam em participação no Power Trip Summit, evento de liderança feminina promovido pela revista Marie Claire, nesta terça-feira (26). Desde o início da sua carreira, ela enfrentou discriminações de gênero, como a cobrança por não se encaixar em determinado padrão de beleza, relatou.

— Sou de uma geração em que as mulheres tinham que ser lindas para serem protagonistas, tinham que fazer parte das turmas certas. Eu via comerciais e pensava que nunca ia poder fazer um — contou ela.  — As mulheres comediantes não eram protagonistas, ocupavam papéis menores. Elas serviam o café, faziam a amiga doida da protagonista ou eram as feias. Não tinha espaço. Como conquistamos espaços? Com o pé na porta. Uma mulher chegou e abriu a porta.

Na conversa, Ingrid ainda falou sobre os novos desafios da carreira, aos 49 anos. Certa vez, relembrou, ouviu um "conselho" de um ator: "Melhor aceitar o papel de gostosa, porque aos 50 anos o seu telefone vai parar de tocar". 

— Nunca esperei o telefone tocar porque eu nunca fui padrão de nada. O grande sucesso é envelhecer valorizando o que se é, o que se tem de mais espontâneo. Hoje se valoriza o especial, o único, no lugar do que se valorizava antes, que era o padrão — opinou.

Para ela, o próprio mercado tem percebido essa mudança.

— Aos 20, 30 anos, eu não fazia publicidade. Hoje, vejo muito mais produto do que antes. O mercado mudou — avaliou ela. — Até pouco tempo atrás, a mulher sexy não era a engraçada. O humor é um mundo muito machista. Para mudar, você tem que colocar as mulheres escrevendo.

Por fim, contou que, com a maturidade, veio um "olhar generoso sobre a vida".

— Eu jamais seria capa de revista 20 anos atrás. Mas hoje a mulher quer se ver. (...) Nós temos a maturidade, a aceitação, o olhar generoso sobre a vida, uma calma. Quem dera aos 30 anos eu tivesse tudo isso, eu me divertiria mais, não me levaria tão a sério.


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