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Marco Pigossi trabalha com projetos artísticos sobre a causa LGBT+: "O que a gente mais quer é pertencer"

Ator assumiu em novembro do ano passado namoro com o cineasta italiano Marco Calvani

12/07/2022 - 10h07min


GZH
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@marcopigossi / Reprodução Instagram
Marco Pigossi e o namorado Marco Calvani (D) mantêm parcerias de trabalho em Londres, onde estão morando

Desde que o ator Marco Pigossi, 33 anos, assumiu publicamente o namoro com o cineasta  italiano Marco Calvani, 41, em novembro do ano passado, o artista tem se engajado cada vez mais na causa LGBT+.  Em entrevista ao jornal O Globo, o brasileiro revelou alguns projetos artísticos na área e como tem buscado inspirar novas gerações.

Um dos projetos artísticos que Pigossi destacou foi o documentário Corpolítica. O filme foi produzido pelo ator, contou com roteiro e direção de Pedro Henrique França e foi selecionado para o Queer Lisboa, Festival Internacional de Cinema Queer, que ocorrerá em setembro. A narrativa teve como temática a candidatura de pessoas LGBT+ nas eleições municipais do Rio de Janeiro em 2020.

Marco também está trabalhando na ideia de produzir um filme sobre o pioneirismo do Brasil na distribuição de remédios e antivirais contra a Aids. Apesar de estar residindo em Londres, na Inglaterra, desde 2018, o ator contou que se orgulha muito de seu país natal e que pretende contar histórias positivas sobre o lugar que nasceu e viveu boa parte de sua vida. 

A relação do ator com o namorado também motivou a realização de algumas parcerias de trabalho. No mês passado, foi exibido no Provincetown International Film Festival um curta que Pigossi produziu com a ajuda de Calvani. O filme A Better Half conta a história do reencontro de um homem de meia-idade com o responsável por deixar um grande trauma na sua vida. O curta foi inspirado no caso de abuso sofrido pelo próprio Calvani na infância.

Já em setembro ocorrerá a exibição do filme Best Place in The World, segundo trabalho de Marco com o namorado. O longa narra a história de um jovem brasileiro que abandona a família, que é evangélica, para viver em Provincetown, famoso reduto LGBT+, localizado em Cape Cod, nos Estados Unidos. É nesse local que o personagem consegue se sentir livre para viver plenamente sua sexualidade. O título da obra, vale destacar, é inspirado em uma música de Gilberto Gil.

De acordo com Pigossi, no projeto original de Best Place in The World, o personagem principal seria natural de um vizinho latino-americano, mas depois optou por identificá-lo como brasileiro. Segundo ele, a ideia foi do seu namorado.

— O Marco (Calvani) acompanhou meu processo de sair do armário e transformar isso numa questão política para abrir caminhos para jovens — contou Pigossi, em entrevista ao O Globo, sobre a inspiração do personagem.

O ator revelou que depois de ter assumido diversas vezes o papel de galã heterossexual das telenovelas, e de ter escondido sua sexualidade por medo de preconceito e de perder oportunidades de trabalho, ele agora sente a necessidade de falar sobre o assunto.

—  Tenho necessidade de me expressar sobre o meu processo, sobre o que causou em mim, sobre o que pode causar nas pessoas — afirmou.

Processo de descoberta

Marco Pigossi relembrou que durante sua adolescência não teve abertura com sua família para conversar sobre sexualidade. Por conta disso, quando descobriu que era gay, se sentiu muito solitário e incompreendido. 

Segundo Marco, no início ele rezava e pedia para que "Deus o consertasse", temendo as consequências de viver sua orientação sexual. Atualmente, com maior compreensão sobre o assunto, o ator acredita que essas incertezas e o que sentiu nesse período eram reflexos de uma cultura homofóbica que está enraizada na sociedade e que precisa ser combatida. 

Durante a fase escolar, o artista era bastante reservado, conforme recordou. Muitas vezes ele se escondia e não descia para o intervalo junto com os outros colegas e até dispensou a viagem de formatura que seria realizada pela turma. A situação começou a mudar apenas quando entrou para o teatro. Em cima dos palcos, poderia se expressar e viver diversas realidades.

— Conheci corpos gays ali. Era um alívio deixar de ser eu. O que era uma fuga, mas carregada de carga cultural, do despertar como pessoa — confessou.

Mesmo durante a fase adulta, Pigossi relutou várias vezes até assumir publicamente que era gay. 

— Vesti a máscara heterossexual, sempre fui observado pela beleza. Fiz esse personagem hétero para me esconder, o que deixou minha vida mais confortável — disse.

Apesar de considerar que essa fase que enfrentou até poder se assumir gay tenha sido dolorosa, o ator reconhece que ele possui alguns privilégios que tornam o processo mais fácil do que para outras pessoas.

— Sou branco, privilegiado, classe média, filho de médicos. Imagina quem está na favela, é negro... — enfatizou.

O relacionamento

Em 25 de novembro do ano passado, Marco Calvani publicou nas redes sociais uma foto na praia de mãos dadas com Pigossi, com a legenda: "Obrigado por isso. Feliz dia de Ação de Graças". Em seguida, o ator republicou o conteúdo nos Stories e escreveu: "chocando um total de zero pessoas". 

Antes da imagem considerada como o primeiro registro oficial do casal, o cineasta já havia publicado uma imagem do ator em uma parada de orgulho LGBT+ com a legenda "o amor vence" e também outras fotografias dos dois surfando.

Após assumir o namoro com o italiano, o assunto ficou entre os mais comentados. No post do cineasta, muitos fãs e seguidores de Pigossi e Calvani se manifestaram. "Parabéns, vocês formam um lindo casal", escreveu um internauta. "Que cena mais linda", disse outro.



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