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Em novo disco, Maria Rita estreia como compositora

Álbum desse Jeito, com seis faixas, inclui, pela primeira vez, composições autorais. 

24/08/2022 - 11h16min

Atualizada em: 24/08/2022 - 11h17min


José Augusto Barros
José Augusto Barros
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RENATO NASCIMENTO / Divulgação
Cantora lança disco após quatro anos de hiato

Maria Rita celebra 20 anos de carreira em 2023, multifacetados, como gosta de definir. Para marcar uma ocasião tão importante, a cantora de 44 anos lança um novo disco de samba, Desse Jeito, com seis faixas, que inclui, pela primeira vez, composições autorais. 

No álbum, que chega após um hiato de quatro anos e está disponível nas plataformas digitais, ela assina duas músicas - Canção da Erê Dela, que tem participação de Teresa Cristina, e Por Vezes, na qual solta a voz ao lado de Thiaguinho. 

Nesta entrevista, a sambista, que possui uma ligação forte com o Estado pelo fato de ser filha da gaúcha Elis Regina (1945 – 1982), fala sobre o novo álbum, os sentimentos neste período de pandemia e sua estreia como compositora. 

Qual é o sentimento ao lançar este álbum, tendo em vista o que passamos nos últimos tempos?

Menino, que desespero. Estou com quase 20 anos de carreira e sempre recarreguei as minhas energias em cima do palco. Mais de dois anos sem palco foi bem louco, um desafio enorme. Foi muito bom voltar a fazer música, conseguir pensar em arte, voltar a ter otimismo. Só de ter sobrevivido, foi muito bom. E a parceria com Fred Camacho, Fabrício Fontes e Cassiano Andrade (compositores de algumas faixas do disco, antigos parceiros de Maria Rita), foi de uma sintonia incrível. 

Eles conseguem me entender pelo jeito que eu respiro, pelo meu tom de voz, é algo abençoado poder conviver com eles. Ter essa oportunidade de trabalhar com eles, de retomar de onde paramos, é um negócio muito forte. No começo da pandemia, travei pensando neles e em toda a minha equipe, tenho esse sentimento de responsabilidade com eles. O que mais me agoniava é que (a parada dos shows) não foi uma decisão errada que tomei, foi outra coisa. 


Como é a experiência de estrear como compositora com tanto tempo de estrada? Tinha algo escrito, ao longo desses anos, que nunca revelou?

Eu não tinha nada escrito, eu sou o que chamam de cantautora. Essas músicas surgiram do nada, sempre dei muito pitaco, especialmente nas composições do Fred, e ele sempre dizia: "Maria, você é muito musical". Essas duas músicas que estão no EP vieram de maneira orgânica. E escrever é me despir do orgulho do perfeccionismo, pois você já começa sabendo que vai errar. 

Sobre esse novo modelo de trabalho, com músicos trocando ideias a distância e até gravando álbuns de locais diferentes, acha que vai seguir? 

Tudo mudou, a forma de fazer disco, de lidar com o público, de gravar. Eu estava amarrada nos modelos antigos, de fazer disco inteiro, 12, 13 músicas. Passei por um processo de me entender de novo. Acredito que esse modelo seguirá, todo mundo precisa se revisar. Mas, claro, tem o outro lado: músico gosta de estar com músico, gosta de conversar...

Você já teve vários momentos na carreira, vários visuais, já cantou MPB. Hoje, se apresenta como sambista e é um dos principais nomes do gênero no país. Olhando para trás, que avaliação faz? 

Quando eu vou gravar um disco, estou pensando numa história, numa narrativa. Sou inquieta, estou sempre em movimento dentro de mim mesma, tenho um vulcão dentro de mim. Cada hora, me sinto de um jeito. Se isso vai se mostrar no meu trabalho, na minha arte, não sei. Minha ferramenta é meu ofício. Minha imagem é sempre olhando para a frente, por isso também quis me apresentar como compositora.


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