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Filho do rap: Muka encontrou na rima a força para enfrentar momentos difíceis em sua adolescência

Natural de Canoas, artista prepara álbum novo para abril

28/03/2023 - 11h30min

Atualizada em: 28/03/2023 - 11h45min


MD Corporação / Divulgação
Muka participa de ações para fomentar a cultura hip-hop.

Samuel Queoma Brocardo Paim, 33 anos, já atua no rap há 14. Conhecido como Muka, ele participou de projetos sociais para fomentar a cultura hip-hop e encontrou na música os conselhos que não teve do pai.

– O rap é um dos elementos que o MC pratica dentro da cultura hip-hop. São quatro: DJ, MC, B-boy e grafite – explica.

Foi essa cultura que chamou a atenção de Muka em um momento difícil durante a adolescência. A distância do genitor, após a separação dos pais, fez com que o artista tivesse seu primeiro contato com o rap nas ruas.

– Mudei de casa, de vida, passava muito tempo na rua com a gurizada. O rap foi a coisa boa que tirei de lá. Por não ter o pai por perto, o rap foi meu pai, ele dá os conselhos nas letras, foi uma base – relembra. 

Em 2009, Muka compôs seus primeiros versos. No ano seguinte, a perda de Nego Slyp, um amigo de infância que lutava contra o câncer, o incentivou a buscar mais conhecimento sobre a cultura hip-hop. Segundo ele, isso o instruiu em muitas coisas da vida, sendo sua base em momentos difíceis.

– Ele queria começar um projeto social para levar o hip-hop até crianças em situação de vulnerabilidade social em Canoas, mas faleceu antes de começar. Eu dei seguimento ao sonho dele – conta.

O Projeto Viva Cidadania Cultural durou três anos, entre 2010 e 2013, fomentando o hip-hop junto a crianças de todos os cantos de Canoas. Em pequenas apresentações, Muka participava como MC e levava DJs e B-boys para dançar, além de grafiteiros.

– Além de ajudar a cultura hip-hop, o projeto resgatou minha mente de coisas ruins que eu fazia antes de tudo isso – revela.

O artista fez parte de alguns coletivos de rap, como o grupo Questão de Respeito. Em 2013, os músicos conquistaram o Prêmio Microfone de Ouro, em Porto Alegre, com mais de 10 mil espectadores. Na ocasião, o grupo venceu na categoria melhor música, sendo premiado com a gravação de um videoclipe na época: 

– Eu era conhecido como Muka QR, por conta do Questão de Respeito. Toda minha bagagem vem deles.

Futuro

Como todo artista, Muka também sonha em viver só da música. Atualmente, ele concilia a carreira artística com o trabalho em uma empresa de sementes, em Porto Alegre, e começa seu primeiro projeto solo. 

– A carteira assinada é o que me dá estabilidade e condições de investir na música. Hoje, produzo menos, mas estou estudando mais, buscando mais musicalidade e profissionalização – diz. 

Inspirado em Racionais MCs, Facção Central, Naldinho e, principalmente, Sabotage (1973 – 2003), Muka acredita que a mescla de gerações é seu diferencial. Para ele, a atitude dos artistas do passado e o ritmo da cena atual são importantíssimos.

– Eu cresci ouvindo esse rap mais pesado lá do início, que deu base para todos de hoje em dia. Mas compreendo o rap atual, de curtição. Eu tento mesclar os dois, com a atitude de antes e a musicalidade atual – pontua. 

Muka revela que suas letras variam de acordo com os momentos de sua vida. Em meio à adversidade, no início da carreira, as músicas tinham um tom mais forte, de indignação, e falavam sobre a rua, os desafios e a resistência. Hoje, está em outra fase: 

– Hoje, eu quero trazer uma reflexão sobre amor-próprio, sobre amar a vida. São tempos de muita ansiedade e depressão na sociedade, sabe?

Álbum novo

A nova etapa de Muka chega com o lançamento do álbum Amar É o Segredo. Com participações de diversos artistas, ele adianta o que os ouvintes devem encontrar no disco. 

– A ideia é trazer uma reflexão sobre o amor. Vai ter músicas com uma batida mais forte, uma pegada mais acústica também, vai ser diversificado – comenta. 

A produção, que deve contar com oito faixas inéditas, será lançada na segunda quinzena de abril.

Pitaco de Quem Entende

O produtor musical Diego Garcia comenta sobre o trabalho do artista: 

– O rap é compromisso, não é viagem. Muka leva ao pé da letra esse ensinamento, com disposição e uma sonoridade acima da média. 

AQUI, O ESPAÇO É TODO SEU!

/// Para participar da seção, mande um histórico da sua banda, dupla ou do seu trabalho solo, músicas, vídeos e um telefone para lucas.oliveira@diariogaucho.com.br.

/// Para falar com o artista, ligue para (51) 99272-2995.

*Produção: Lucas de Oliveira


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