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Musicalidade no Rap: confira a história de Veron

Com diferentes influências artísticas e destaque em premiações, artista da zona sul da Capital, mescla ritmos em suas rimas

13/06/2023 - 15h25min


Dani Rodriguez / Divulgação
“Estrada da Vida” é o novo trabalho do rapper

Marcio Rodrigo Veron de Oliveira, 43 anos, está ligado à música desde cedo. Morador do bairro Cristal, zona sul de Porto Alegre, quando criança ele se inspirou nos “sertanejos raiz” que o pai “arranhava no violão” e conheceu a cultura hip hop em um projeto social da antiga Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem) em 1987.

– Meu pai tinha um violão de três cordas e tocava em alguns botecos. Em casa, eu ficava imitando ele, fingindo que estava cantando e tocando junto. Ele foi a primeira referência – relembra.

As aulas de break ministradas pelo DJ Nezzo, na Febem, despertaram o interesse de Veron pela cultura hip hop. Influenciado por isso, ele venceu um festival de música na escola com o seu grupo de rap.

– Ali, eu entendi que poderia trilhar um caminho na música. A minha decisão de ser um artista e viver música 24 horas por dia veio muito cedo – conta.

Entre 1991 e 2001, Veron fez parte do Unidade Rap do Cristal, o URC. O grupo foi apadrinhado pelo Racionais MCs na época e recebeu destaque na mídia local, participando de diversos programas do Grupo RBS, como o Jornal do Almoço.

Carreira solo

Após a passagem pela URC, Veron deu início a sua carreira solo. O artista levou o rap a diversos prêmios importantes pelo Brasil. Ele participou do Prêmio Sabotage, em São Paulo, foi três vezes indicado ao Prêmio da 5ª Revista Elemento de São Paulo, e teve quatro participações no Prêmio Açorianos, em Porto Alegre, além de duas participações no tradicional Festival de Cinema de Gramado.

Sem se prender em nichos, como ele diz, Veron buscou o máximo de musicalidade durante sua carreira. Seu rap é mais melódico e traz influências de diversos gêneros, além da inovação musical ou audiovisual a cada novo álbum lançado.

Em 2017, lançou seu primeiro álbum solo, intitulado As Cinzas Também Amam, que o levou à abertura do prêmio Açorianos do ano seguinte.

– É um álbum mais intimista, tem muita ideia de reflexão, ele penetra na alma com muita musicalidade – pontua.

O Rap É Pop, álbum lançado em 2018, foi destaque em diversos prêmios de música e audiovisual. O artista lançou dois curtas-metragens em forma de música do álbum.

– Deste álbum, tem a Faixa 3, uma releitura da música 3, da Ultramen, que virou um curta-metragem intitulado Terceiro Mundo e foi gravado na antiga Cadeia de Santos – explica.

Para completar a trilogia de álbuns, Veron inovou novamente. Lançado em 2020, Do Valão aos Palcos traz referências de diversos gêneros musicais para o rap.

– É uma linha do tempo de todas as minhas influências musicais. Do blues ao jazz, do rock ao reggae, MPB. Trouxe muitas referências, usei samples do Bob Marley (1945 – 1981), do Jimi Hendrix (1942 – 1970), Rolling Stones – conta.

Buscando entender o ser humano, o artista lançou um álbum em forma de crítica à sociedade. Na música Além do Cosmos, do álbum Livre, ele reflete sobre os problemas da humanidade.

– Abordei a sujeira dos mares, da Terra, as crianças mortas, as pessoas sendo maltratadas – comenta sobre o álbum.

Durante a pandemia, Veron gravou o álbum Tente Ficar Vivo no estúdio que montou em casa. A primeira faixa leva o mesmo nome do álbum e teve seu videoclipe indicado ao 19º Festival de Cinema e Curtas-Metragens da Cidade de Santos, em São Paulo. 

Futuro

Atento às mudanças do mercado musical, em especial do rap e do trap, Veron prepara um novo álbum. Ainda sem data de lançamento, ele revela que este disco deve ser o seu último lançamento por, pelo menos, cinco anos.

– Estou trabalhando muitas músicas novas, são 24 para escolher apenas 12. Estou no processo de entender o caminho que vou seguir nesse álbum. Quero que dure por uns quatro anos – diz.

Intitulado Estrada da Vida, o álbum deverá ser “bem atual”, segundo o artista. Ele destaca que vai explorar ainda mais o lado pop do rap atual e quer que o trabalho seja lembrado daqui a 10 anos.

– Eu busco muito a literatura. O artista traz para si os conhecimentos e leva em forma de música para a sociedade debater – expressa.

 Produção: Lucas de Oliveira


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