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História das Copas

Brasil vira-latas: quando as vitórias não chegavam para a Seleção Brasileira

Para entender o que levou o Brasil aos resultados em cada Copa, o Diário Gaúcho resgata os bastidores da Seleção no período entre um Mundial e outro

18/01/2014 - 10h01min

Atualizada em: 18/01/2014 - 10h01min


Ghiggia foi o carrasco da Seleção em 1950, no Maracanazo

Os altos e baixos estiveram sempre presentes na história da Seleção. Tanto que antes
do primeiro título mundial, em 1958, o futebol do país vivia o que o dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues resumiu como complexo de vira-latas.

1930 - O Rio é o Brasil

Não dá para dizer que foi a Seleção Brasileira que esteve no Uruguai. Devido à briga de
dirigentes paulistas e cariocas, apenas jogadores dos times do Rio foram convocados para a primeira Copa.

A briga entre os dois Estados acabou deixando de fora um dos maiores craques do futebol do nosso país. Friedenreich, tinha 38 anos e ainda era goleador. Alguns pesquisadores colocam na sua conta nada menos que 1.329 gols.

Além dos paulistas, o técnico Píndaro Carvalho Rodrigues deixou de fora nomes como o goleiro Lara, figura lendária do Grêmio e citado no hino oficial do clube, e o atacante Mário de Castro, que, segundo historiadores, marcou 195 gols em cem jogos pelo Atlético-MG.

Além da rixa entre os dois Estados, o Brasil não disputava partidas contra seleções desde a Sul-Americano de 1925, no Paraguai. Na Copa, fez apenas dois jogos, ambos pela primeira fase. Perdeu para a Iugoslávia (2 a 1), e goleou a Bolívia (4 a 0), também goleada pelos iugoslavos.

1934 - Amadores e profissionais

O Brasil não aprendeu a lição de 1930. A briga em 1934 foi entre amadores e profissionais. A recém-criada Federação Brasileira de Futebol (FBF) reunia clubes profissionalizados desde 1933, mas não era filiada à Fifa. A amadora Confederação Brasileira de Desportos (CBD), era. Para evitar eliminação precoce, como no Uruguai, a
CBD contratou jogadores.

O Botafogo, único grande clube de fora da FBF, era a base da Seleção, que teve também jogadores pagos de São Paulo da Floresta, Vasco, Grêmio e Nacional-Uru. A Seleção chegou à Copa sem jogar nos dois anos anteriores - o Peru desistiu do confronto na Eliminatória. Chegou quatro dias antes da Copa, caiu no primeiro jogo, ao
levar 3 a 1 da Espanha.

1938 - Entre os grandes

Fora da disputa das Eliminatórias, devido ao boicote dos países sul-americanos à Copa, a Seleção ficou um ano e meio sem jogar. Ao menos, a desorganização no futebol brasileiro foi superada.

Em março de 1938, o técnico Ademar Pimenta fez a convocação com 34 nomes. Os jogadores trabalharam cerca de 40 dias no Rio e em uma estação de águas termais em Caxambu (MG). Ademar montou dois times. Um mais pesado, outro mais leve. O zagueiro Domingos da Guia e o atacante Leônidas da Silva, o Diamante Negro, eram os únicosque atuavam nos dois.

O Brasil embarcou com 22 atletas no dia 30 de abril. A viagem até Marselha durou
15 dias. Ademar ainda teve 20 dias para treinar até a estreia, contra a Polônia. O Brasil caiu na semifinal.

1950 - Só parou no Uruguai

A Seleção Brasileira ganhou cara de seleção nacional. O técnico Flávio Costa assumiu em 1944. Comandou o Brasil ao mesmo tempo em que ajudava o Vasco a virar o Expresso da Vitória, com série de títulos cariocas e o Sul- Americano de 1948. O que explica oito nomes do Vasco entre os 22 convocados. Enquanto o grupo se preparava para o Mundial em Araxá (MG), Flávio viajou à Europa para ver jogos dos rivais - novidade para a época.

Flávio estreou na Copa sob críticas da imprensa. Pelo futebol opaco nos amistosos e
torneios disputados às vésperas e pela velha rivalidade Rio-São Paulo. No Mundial, o Brasil fez bonito até a última partida. Aplicou três goleadas, duas delas no quadrangular final, o que levou à torcida a acreditar que o título era questão de tempo.

Maracanazo

Ponha na receita o país-sede na final da Copa, dono de campanha irrepreensível, com duas vitórias seguidas por goleada na fase final. Tempere com a necessidade de empate na final. Está feito o favorito. Assim se criou o cenário para o Maracanazo, como os uruguaios apelidaram a vitória, de virada, por 2 a 1, sobre o Brasil, diante de 200 mil
pessoas no Maracanã. O Brasil abriu o placar com Friaça, aos dois do segundo tempo. Mas 19 minutos depois, Schiaffino empatou e, aos 34, Ghiggia virou e deu o bi ao Uruguai. Anos depois, Ghiggia resumiria:

- Apenas três homens calaram o Maracanã. O Papa (João Paulo II), Frank Sinatra e eu.

O Brasil chorou a derrota na final. Um desastre que marcaria a geração de jogadores e doeria na torcida por longos oito anos ainda. Um tombo que levou Nelson Rodrigues a diagnosticar na noss Seleção o complexo de vira-latas.

1954 - A seleção canarinho

A derrota na final da Copa de 1950 abalou as estruturas do futebol brasileiro. As críticas
duraram. Entre as soluções, mágicas, uma foi que o problema estava no uniforme, branco até 1950.

Assim, em outubro daquela ano, o jornal carioca Correio da Manhã instigou a CBD a promover concurso nacional para definir a nova camisa da Seleção. A única regra era usar as cores da bandeira nacional. Em dezembro, ente 200 candidatos, foi anunciado o vencedor (base do uniforme da Seleção até hoje): camisa amarela com detalhes em verde, calções azuis com frisos brancos e meias brancas, com detalhes em verde e amarelo. O criador foi o gaúcho Aldyr Schlee, à época com 19 anos. O uniforme estreou nas Eliminatórias, com três vitórias seguidas, que encaminharam a vaga da Seleção Canarinho, apelido dado pelo radialista Geraldo José de Almeida.

Na Copa, o Brasil parou nas quartas de final parou na toda poderosa Hungria.


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