Copa 2014 - Liga dos Fanáticos



História das Copas

Para grandes nomes do futebol brasileiro, faltou apenas o Mundial

Diferentemente de Pelé, Garrincha, Rivellino e outros tantos bambambãs da bola, jogadores ficaram sem o prazer de dar uma volta olímpica vestindo a amarelinha

15/02/2014 - 16h38min

Atualizada em: 15/02/2014 - 16h38min


Elegância, habilidade, garra, talento, força, genialidade. Esses jogadores uniam algumas (se não todas) essas qualidades. Para resumir, jogavam muito. Foram craques defendendo seus times e, também, a Seleção Brasileira. Mas não tiveram sorte em Copas do Mundo.

Um deles, inclusive, nem chance de disputar a Copa teve. Considerado um dos maiores de todos os tempos, Friedenreich tinha 38 anos em 1930 e, por ser paulista, acabou deixado de lado devido a uma disputa entre Rio e São Paulo. Por conta da rixa bairrista, a Seleção foi para o Uruguai apenas com jogadores cariocas.

Mas, a partir do segundo Mundial, em 1934, na Itália, o Brasil passou a ver ídolos saírem das Copas frustrados por não ajudarem a Seleção a erguer a taça. Conheça alguns.

LEÔNIDAS DA SILVA 1934 E 1938

O Diamante Negro

Ele ficou conhecido como Homem Borracha, Bonde de 200 Contos, Rei da Bicicleta, mas o apelido de Leônidas da Silva que fez sucesso foi Diamante Negro. Atacante extremamente técnico, veloz e de ótima impulsão, Leônidas ganhou o apelido, que acabou virando nome de chocolate, na Copa do Mundo de 1938, na França. O jornalista francês Raymond Thourmagem ficou encantado com o que viu do goleador daquele Mundial.

Embora haja polêmica sobre o assunto, Leônidas é considerado o pai da bicicleta (daí Rei da Bicicleta). Outro dos seus apelidos veio da sua elasticidade (Homem Borracha).

Atuou em 569 partidas e marcou 522 gols ao longo de 21 anos. Começou em 1929, no São Cristóvão-RJ, e pendurou as chuteiras em 1950, no São Paulo, time para o qual foi em 1942. O clube paulista o contratou junto ao Flamengo por 200 contos de réis - quantia considerada uma verdadeira fortuna na época. Morreu em 2004, aos 90 anos.

Os números

Pela Seleção

- 37 jogos, 37 gols

Em Copas

- 1934, Itália - 1 jogo, 1 gol

- 1938, França - 4 jogos, 7 gols

FRIEDENREICH 1930

Nem para a Copa ele foi

Por conta da rivalidade entre Rio e São Paulo, o maior jogador brasileiro do começo do século passado não jogou a única Copa do Mundo que poderia ter disputado. Artur Friedenreich tinha 38 anos no primeiro Mundial, no Uruguai, em 1930. Pelos relatos da época, poderia ter sido convocado sem problemas, já que atuou até os 43 anos.

Pelos números oficias, Fried balançou as redes 554 vezes em 591 jogos - média de 0,99 por partida, gols superior à de Pelé. O Rei marcou 1.281 vezes em 1.375 jogos - média de 0,93 gols por jogo. Filho de pai alemão e mãe negra, era um mulato alto, forte, de olhos verdes e cabelo crespo. Atuando como centroavante, jogou por 26 anos e foi artilheiro do Campeonato Paulista nove vezes.

Defendendo a Seleção Brasileira nos Sul-Americanos de 1919 e 1922, ganhou o apelido de El Tigre de argentinos e uruguaios, que ficaram encantados com o repertório de dribles curtos e rápidos, com a agilidade, a criatividade e a malícia de Friedenreich, dono de um chute forte e preciso com os dois pés. Morreu em setembro de 1969, aos 77 anos.

Os números

Pela Seleção

- 22 jogos, 10 gols

Em Copas

- Nunca disputou.

ZIZINHO 1950

O senhor da bola

Thomaz Soares da Silva jogava tanto que passou a ser chamado pelos companheiros de profissão, inclusive pelos adversários, de senhor. Não era apenas Zizinho, o seu apelido. Era Seu Zizinho. Foi um meio-campista que aliava habilidade e valentia.

Aos 19 anos, em 1941, já era titular do Flamengo. Nessa época, ganhou o apelido de Mestre Ziza. Foi, sem dúvida, o precursor de Pelé. Até o Rei do Futebol surgir, era considerado o mais completo jogador brasileiro. Viveu sua grande fase nos anos 40. Nessa época, foi tricampeão carioca com o Flamengo e titular da Seleção Brasileira. Além do Rubro-Negro, que defendeu de 1941 a 1950, jogou no Bangu (1950 a 1957), São Paulo (1957-1958) e Audax Italiano, do Chile, (1958 a 1962). Morreu em fevereiro de 2002, aos 81 anos.

Os números

Pela Seleção

- 54 jogos, 31 gols

Em Copas

- 1950, Brasil- 4 jogos, 1 gol

CARPEGIANI 1974

O maestro

Paulo Cezar Carpegiani foi um dos mais completos jogadores da sua geração. Era um meia de estilo clássico, dribles curtos e objetivos. Mas não só isso. Tinha também um ótimo poder de marcação e um preciso passe longo.

Seu talento foi admirado nos campos brasileiros entre 1970, no Inter, e 1981, quando largou a bola e virou técnico no Flamengo.

Foi o maestro do supertime colorado nos anos 70 - bicampeão nacional em 1975 e 1976 e octa estadual (1969 a 1976). Seus talentos e polivalência chamaram a atenção de Zagallo. E ele foi chamado para a Copa do Mundo de 1974, onde trocou de função. Da armação do jogo, passou a atuar como um centromédio, mas com liberdade para chegar na frente.

Uma das partidas que mais marcaram sua carreira foi pela semifinais do Brasileirão de 1975, quando Carpegiani comandou o Inter na vitória de 2 a 0 sobre o Fluminense, apelidado na época de A Máquina Tricolor, dentro do Maracanã.

Os números

Pela Seleção

- 17 jogos

Em Copas

- 1974, Alemanha - 6 jogos

SÓCRATES 1982 E 1986

O calcanhar do doutor

Um jogador com sobrenome Brasileiro não poderia ficar sem jogar uma Copa do Mundo pela Seleção. Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira disputou duas.

Conhecido como Doutor - por ser formado em Medicina -, Sócrates marcou época por sua genialidade com a bola e por seu posicionamento político. Irmão de Raí, meia tetracampeão com o Brasil em 1994, o camisa 8 das Seleções de 1982 e 1986 não teve a sorte de levantar a taça.

Sócrates se tornou profissional no Botafogo, de Ribeirão Preto (SP), onde jogou de 1972 e 1978. Foi para o Corinthians e lá ganhou fama pelos passes de calcanhar e por ser um dos fundadores da Democracia Corintiana. Também chamado de Magrão, passou por Fiorentina (1984/1985), Flamengo (1986/1987), Santos (1988) e encerrou a carreira no time que o lançou, em 1989. Morreu em 2011, aos 57 anos.

Os números

Pela Seleção

- 63 jogos, 25 gols

Em Copas

- 1982, Espanha - 5 jogos, 2 gols

- 1986, México - 5 jogos, 1 gol

ZICO 1978, 1982 E 1986

O Galinho de Quintino

Se o Santos teve Pelé, o Flamengo teve Arhtur Antunes de Coimbra. Mais conhecido como Zico, um dos maiores camisas 10 do Brasil chegou à Gávea aos 13 anos, em 1966. Mostrou habilidade, mas franzino como era, passou por um "regime de engorda" e um trabalho forte de preparação física, para ganhar corpo e massa muscular.

Ficou e virou mito. Conquistou sete Cariocas, quatro Brasileirões, uma Libertadores e um Mundial de Clubes. Era o rei do Maracanã, onde fazia gols de falta como quem toma um copo de água. Pelo Fla, atuou 730 vezes e marcou 508 gols. Também jogou pela Udinese-Ita (1983 a 1985) e foi um dos responsáveis pela popularização do futebol no Japão, onde defendeu o Kashima Antlers de 1991 a 1994.

Na Seleção porém, não teve a mesma sorte. Dos craques sem taça, Zico foi o que esteve em mais Copas do Mundo - 1978, 1982 e 1986. Nessa última, voltando de lesão, perdeu um pênalti nas quartas de final, diante da França.

Os números

Pela Seleção

- 72 jogos, 52 gols

Em Copas

- 1978, Argentina - 6 jogos, 1 gol

- 1982, Espanha - 5 jogos, 4 gols

- 1986, México - 2 jogos

FALCÃO 1982 E 1986

O Rei de Roma

Talvez o futebol gaúcho nunca tenha produzido um jogador tão completo. Afinal, Paulo Roberto Falcão defendia, armava e marcava gols, inclusive de cabeça. Nascido em Abelardo Luz (SC), Falcão era um volante clássico, inteligente, preciso nos passes e nas conclusões.

Suas passadas largas e elegantes chamavam a atenção. Assim como a visão de jogo. Foi, ao lado de Paulo Cezar Carpegiani, um verdadeiro maestro no Inter dos anos 70. Principalmente no tri do Brasileirão, conquistado de forma invicta em 1979.

Aos 21 anos, ganhou o apelido de Toscanini (em homenagem ao maestro italiano). Depois, por sua elegância em campo, passou a ser chamado de Bola-Bola. Mas se eternizou como Rei de Roma. Afinal, desembarcou na Itália, em 1980, para levar a Roma a conquistar seu primeiro título nacional depois de 40 anos - ao todo foram quatro (duas Copas da Itália, 1981 e 1984, e um Italiano, 1983).

Os números

Pela Seleção

- 38 jogos, 9 gols

Em Copas

- 1982, Espanha - 5 jogos, 2 gols

- 1986, México - 1 jogo

COPA & CONTEXTO

1990 e 1991 - Pouco menos de um mês depois da final da Copa da Itália, o mundo era convulsionado por um conflito bélico. O Iraque, governado por Saddam Hussein, invadiu o Kuwait. Em represália, os EUA lideraram a invasão do território iraquiano. O conflito se estendeu até fevereiro de 1991.

Em março de 1991, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai assinaram o Tratado de Assunção, que estabeleceu o Mercosul. Menos de um ano depois, foi assinado em Maastricht (Holanda) o Tratado da União Europeia, que criou o euro, a nova moeda comum para os países integrantes do bloco.

1994 - O fim do bloco socialista, que ainda não havia sido sentido na Copa de 1990, na Itália, atingiu em cheio a edição seguinte, nos EUA. A Rússia, principal país da antiga União Soviética, por exemplo, participou pela primeira vez sob novo nome e bandeira. A Iugoslávia, que ainda havia participado do Mundial da Itália e entrou em guerra no ano seguinte, já não existia.

No Brasil, Fernando Henrique Cardoso foi eleito, no final do ano, presidente do país no rastro do sucesso do Plano Real.


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