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7 de setembro

Conheça pessoas que deram seu grito de independência

Você também pode obter sua independência na vida seguindo o exemplo deles

07/09/2012 - 08h16min

Atualizada em: 07/09/2012 - 08h16min


Alessandro resolveu ficar de bem com a balança

Hoje, se comemora a Independência do Brasil, o dia em que deixamos de ser dependentes de Portugal e passamos a construir nossa própria história. Mas a liberdade é um privilégio que se conquista todos os dias, de diferentes formas. O Diário Gaúcho mostra, em homenagem à data, pessoas que deram o seu "Grito do Ipiranga" e se livraram do que os oprimia: o aluguel, o vício do cigarro, a dependência financeira, o excesso de peso, a falta de um curso superior.

Com grana própria

A vontade de comprar as próprias coisas e encarar a responsabilidade do mercado de trabalho fizeram com que Hiohan Rodrigues, 20 anos, de Guaíba, decidisse lutar pelo primeiro emprego. Depois de algumas tentativas, ele declarou sua independência: desde dezembro passado é auxiliar de expedição numa importadora e exportadora de material escolar.

Antes, roupas e calçados eram custeados pela mãe. Agora, ele compra suas coisas e, aos poucos, está ampliando a cozinha da mãe e construindo para ele um quarto com banheiro nos fundos, para ter seu espaço. No futuro, sonha com a casa própria.

- Antes, eu não sabia administrar dinheiro. Agora já sei - conta.

Trabalhar fora também o fez mais respeitado na família:

- Antes (quando não trabalhava), me mandavam no mercado, pagar conta. Agora já não pedem mais - diverte-se Hiohan.

Como ele fez: buscou informações sobre concursos públicos, viu oportunidades de trabalho nos classificados e, como não tinha experiência, não escolheu uma área específica, estava disposto a encarar qualquer desafio. Quando foi indicado à vaga na empresa, deu o máximo de si, tanto para honrar quem o indicou, quanto para crescer na firma. Ele começou no setor de separação e hoje está na expedição. Também já fez curso de operador de empilhadeira.

Livre do aluguel

A partir de janeiro próximo, a assistente administrativa Maira Dick, 32 anos, experimentará o gosto de entrar em casa e declarar que aquele teto é dela. Depois de morar de aluguel durante longos anos e enfrentar oito mudanças com os três filhos, ela deixará o Bairro Mathias Velho, em Canoas, para viver em sua nova casa, em Esteio.

- Vamos poder fixar raízes. Batalhei a vida inteira por isso. A gente está muito feliz, estamos realizando um sonho - revela.

Maira conta que a vontade de ter seu próprio lar existe desde o nascimento do primeiro filho, Christian, 14 anos. Hoje, ele e os irmãos Helen, 12 anos, e Vivian, oito anos, acompanham de perto, com a mãe, cada etapa do imóvel, que está em construção.

- Eu sabia que um dia ia conseguir, mas achava que seria lá pelos 60 anos. É emocionante. Isso significa muito para mim.

Agora, Maira planeja perseguir outro sonho: a formação dos filhos.

Como ela fez: quando conseguiu nova oportunidade de trabalho (antes ela era auxiliar de cozinha e tinha um salário menor), Maira renovou a esperança de comprar sua casa. Abriu mão de muitas coisas para economizar, entre elas a vida social. Ela também contou com a ajuda do Programa Minha Casa Minha Vida. Paciência, fé e amigos como os que ela tem no trabalho, que dão muito apoio, foram essenciais.

Longe do cigarro

Foram quase três décadas até que a técnica administrativa Daniela Dutra Fagundes, 47 anos, conseguisse dar adeus ao vício do cigarro. A conquista da independência se deu há três anos e três meses, e ela não se cansa de enumerar os benefícios dessa mudança de hábito.

- Comecei a adquirir qualidade de vida. Participo de corridas rústicas, fiz mergulho, comecei a cantar, que é algo que eu sempre gostei. Sem falar na diferença no paladar, no olfato, na pele, nos cabelos - comemora.

Daniela diz que a vitória sobre o tabagismo é um estímulo para enfrentar outros obstáculos que possam surgir. Diante de uma dificuldade, ela reflete:

- Se eu consegui parar de fumar, posso superar isso também - afirma, e então segue em frente.

Como ela fez: aceitou o convite de um colega para frequentar o grupo da Comissão de Controle do Tabagismo do Grupo Hospitalar Conceição, onde trabalha. Isso foi fundamental para mostrar que ela não estava sozinha nessa luta. Além disso, começou a se premiar. Com o dinheiro do cigarro, se deu pequenos presentes, como ir mais ao salão de beleza.

De bem com a balança

As considerações de um médico sobre o peso e as condições de saúde do comerciário Alessandro da Silveira Gaspar, 36 anos, foram "o tapa na cara" que ele precisava para decidir cuidar de si.

Na época, pesava 177,9kg, e tinha indicação para cirurgia bariátrica (para reduzir o tamanho do estômago). Ao chegar ao Centro de Nutrição e Qualidade de Vida (Cenq), da secretaria de Saúde de Gravataí, teve a expectativa frustrada:

- Falaram em reeducação alimentar. Eu disse para a doutora que meu problema era meio grande, achava que não ia dar certo - lembra o comerciário, que evitava sair de casa e andar de ônibus por causa do peso.

A troca de experiências em grupo, a dieta e os exercícios foram as armas que ele usou para declarar-se independente do excesso de peso: eliminou 70kg e está em manutenção. Hoje, ele voltou a usar calça jeans - passou do manequim 62 para 48 - tem as sonhadas camisetas do Inter e retomou sua vida social. Os elogios à nova silhueta são seu grande incentivo.

Como ele fez: decidiu que era hora de cuidar-se e emagrecer. Depois de consultar um médico, foi encaminhado ao Cenq. Ele explica que foi fundamental ir às reuniões, aceitar o tratamento da nutricionista e estar disposto a romper com a rotina alimentar desregrada, além da prática de exercícios.

Com o diploma na mão

Por 19 anos, a administradora de empresas Ana Paula Gonçalves da Cruz, 48 anos, acalentou o sonho de concluir a faculdade que havia ficado incompleta em Alegrete. Pensou que, ao chegar à Capital, seria mais fácil terminar o curso superior.

Mas a vida em Porto Alegre era bem mais cara do que a do Interior, e logo ela passou a se dedicar ao emprego, ao marido e às duas filhas. O diploma chegou bem mais tarde, no início de 2011. E foi uma vitória cheia de emoção, que abriu portas na empresa de materiais de construção onde trabalha.

- Ampliei a minha atuação, surgiu a oportunidade de tomar decisões que antes eu não tomava - conta, lembrando que o chefe a incentivou a estudar.

Ela é a primeira de cinco irmãos que cursou faculdade e sua história serve de incentivo para eles e de exemplo para as filhas. O diploma marca também o início de uma nova trajetória.

- No semestre que vem, começo a cursar a pós em gestão empresarial - planeja.

Como ela fez: com o apoio da família, muita força de vontade e perseverança, conciliou trabalho, faculdade e cuidados com a casa, o marido e as filhas. Estudava no ônibus, durante o trajeto para as aulas, fazia trabalhos e se preparava para as provas de madrugada e aos finais de semana.

Como aconteceu

1807

- Napoleão Bonaparte, imperador da França, invade Portugal.

1808

- D. João VI foge para o Brasil com a família real portuguesa. No mesmo ano, o monarca português autoriza a abertura dos portos brasileiros às nações amigas.

1815

- O Brasil é elevado à categoria de vice-reino. Como o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves é governado a partir do Rio de Janeiro, o Brasil passa a ser a única colônia do mundo a se tornar metrópole. Essa condição causa irritação em Portugal.

1820

- Em Portugal, estoura a Revolução Liberal do Porto. Os liberais exigiam o regresso de D. João VI e a volta do Brasil à condição de colônia.

1821

- Dom João VI retorna a Portugal, deixando seu filho, Pedro, como regente.

- Em 9 de dezembro do mesmo ano, chegam ao Rio de Janeiro os decretos das Cortes Portuguesas, que determinavam a abolição da Regência e o imediato retorno de D. Pedro de Alcântara a Portugal, a obediência das províncias a Lisboa (e não mais ao Rio de Janeiro) e a extinção dos tribunais do Rio de Janeiro.

1822

- Em 9 de janeiro, D. Pedro desobedece à ordem de retornar e decide ficar no Brasil. A data passa para a História como o Dia do Fico.

- Em maio, o príncipe regente determina que qualquer decreto das Cortes só poderia ser executado mediante o "Cumpra-se" assinado por ele, o que equivale a conferir plena soberania ao Brasil.

- O Senado da Câmara do Rio de Janeiro pede a D. Pedro que aceite o título de Defensor Perpétuo do Brasil.

- No dia 7 de setembro, ao voltar de Santos, às margens do riacho Ipiranga, D. Pedro recebe uma carta com ordens de seu pai para que voltasse para Portugal, se submetesse ao rei e às Cortes. Junto, vêm outras duas cartas, uma de José Bonifácio, que aconselhava D. Pedro a romper com Portugal, e a outra da esposa, Maria Leopoldina de Áustria, apoiando a decisão do ministro. É então que ele levanta a espada e grita a famosa frase: Independência ou Morte!, rompendo definitivamente os laços com Portugal.

- Em 12 de outubro, é aclamado imperador, com o título de D. Pedro I. A coroação ocorre a 1º de dezembro.

1823

- A 13 de maio, Portugal reconhece o Brasil como nação independente.


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