Polícia



São Gabriel

Testemunha afirma que ouviu PM dizer que jovem seria deixado longe para que não retornasse mais para incomodar

Depoimento reforça tese de que Gabriel Marques Cavalheiro não pediu para ser levado para localidade de Lava Pé

26/08/2022 - 12h14min

Atualizada em: 26/08/2022 - 12h15min


Adriana Irion
Adriana Irion
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Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Jovem, morador de Guaíba, estava em São Gabriel para prestar serviço militar

Uma informação dada por uma das testemunhas ouvidas pela Polícia Civil no caso da morte de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, reforça a tese de que não foi o jovem que pediu para ser levado pelos policiais militares para a localidade de Lava Pé, em São Gabriel, onde seu corpo foi encontrado uma semana depois.

No depoimento está registrado que o soldado Cléber Renato Ramos de Lima disse, durante a abordagem, que "caso não achassem o familiar dele iriam largá-lo longe para não retornar mais para o local incomodar".

A testemunha também declarou que em nenhum momento Gabriel citou a localidade de Lava Pé. O que ele teria dito aos policiais militares é que não era da cidade e estava perdido da casa do tio. No depoimento que deram no inquérito policial militar logo depois do sumiço do jovem, os PMs investigados alegaram que Gabriel pediu para ser levado a Lava Pé, onde procuraria por familiares.

E essa versão sobre o possível pedido de Gabriel só surgiu quando o desaparecimento começou a ser investigado. Inicialmente, no boletim feito sobre o atendimento da ocorrência, o próprio soldado Cléber anotou que "a guarnição abordou o sr Gabriel, que consultado estava sem novidades, sendo então orientado e liberado".

Dados do GPS revelaram que a viatura foi até a localidade, parou por um minuto e 50 segundos e, depois, retornou para o patrulhamento.

Testemunhas também relataram à polícia que Gabriel foi agredido durante a abordagem. Um dos relatos apontou que o jovem teria chamado um dos policiais de "fraco" e, nesse momento, acabou agredido com um tapa tão forte que o derrubou. Enquanto estava caído, teria levado três golpes de cassetete na cabeça. Conforme depoimentos, Gabriel foi retirado do local da abordagem parecendo estar desacordado.

O jovem desapareceu na madrugada de 13 de agosto, depois de ser abordado no bairro Independência. O corpo foi achado uma semana depois, em um açude na em Lava Pé.

Os soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima e o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso são investigados pela morte de Gabriel. Os três tiveram prisão decretada pela Justiça Militar — por irregularidades na condução da ocorrência — e também pela Vara Criminal de São Gabriel por homicídio doloso, a pedido da Polícia Civil.

Contraponto

GZH deixou recado para Vânia Barreto, advogada de Cléber, e aguarda retorno. No início desta semana, antes do decreto de prisão preventiva a partir do inquérito policial que investiga o caso como homicídio, ela, que defende os dois soldados, negou que eles tenham agredido Gabriel e disse que eles o levaram para a localidade de Lava Pé a pedido dele, mas não o conduziram até o açude onde o corpo foi encontrado, uma semana depois. 

Na ocasião, os advogados Ivandro Bitencourt Feijó e Mauricio Adami Custódio, que defendem o segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, por meio de nota, também disseram que o cliente é inocente e manifestaram "indignação" com suposta "antecipação de culpa" do segundo-sargento, que, segundo eles, "não ostenta qualquer comportamento à margem da ética-policial militar ao longo de toda sua carreira" .





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