Polícia



Operação Delivery

Quadrilha que fazia telentrega de drogas é alvo de ofensiva policial no Vale do Sinos

Agentes disfarçados realizaram compras de entorpecentes autorizadas pela Justiça, durante a investigação, para embasar o inquérito

28/03/2024 - 09h52min


Bruna Viesseri
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Polícia Civil / Divulgação

Criminosos que faziam telentrega de drogas à luz do dia são alvo de uma operação policial na manhã desta quarta-feira (27), no Vale do Sinos. A quadrilha mantinha um grupo pelo WhatsApp, onde recebia pedidos, e realizava a telentrega por meio de carros ou motos. Ao longo da investigação, policiais civis disfarçados realizaram compras, autorizadas pela Justiça, para embasar o inquérito policial. As imagens foram obtidas por GZH.

Desde a madrugada, são cumpridos nove mandados de prisão preventiva (por tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas) contra suspeitos de participar do esquema e seis mandados de busca e apreensão. Outras medidas também são aplicadas, como apreensão de automóveis utilizados para a telentrega de drogas. A ofensiva ocorre em São Leopoldo, Campo Bom, Estância Velha, Portão e Novo Hamburgo. Outros integrantes do grupo já foram presos em ações anteriores das equipes (veja abaixo). Até as 6h30min, seis pessoas haviam sido presas.

A ação é comandada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo. Um efetivo de 32 policiais civis e 12 viaturas atuam na ofensiva.

Esta é a segunda fase da Operação Delivery. A investigação contra o grupo criminoso teve início há um ano, em março de 2023, quando a polícia identificou o esquema praticado em diversas cidades do Vale do Sinos.

No WhatsApp, os criminosos mantinham grupos em que vendiam principalmente cocaína e maconha. Um deles tinha o nome de Tele Bala Online. Os usuários faziam a compra e, depois, o pagamento por meio de Pix ou no momento da entrega da droga, em dinheiro.

Policiais forjaram compra de entorpecentes

Ao tomar conhecimento do esquema, os policiais pediram autorização judicial, que foi concedida, para comprar drogas e monitorar as atividades do grupo. Foram adquiridas quantidades de cocaína, "para comprovar a ocorrência do tráfico", segundo a Draco. As equipes filmaram o momento da compra, e as imagens são usadas no inquérito.

É possível ver policiais civis disfarçados aguardando veículos, onde estão os criminosos que fazem a entrega da droga. As ações ocorreram em cidades do Vale do Sinos.

Em agosto de 2023, uma primeira fase da Operação Delivery cumpriu mandados de prisão preventiva contra três indivíduos. Outro homem foi preso em flagrante, mas acabou solto após audiência de custódia, segundo a Polícia Civil. Um quinto envolvido estava foragido desde então.

Após a ofensiva de agosto, a polícia afirma que os integrantes do grupo teriam se "reorganizado e adaptado" suas práticas, para tentar evitar serem detidos novamente.

Polícia Civil / Divulgação
Policiais fizeram compra de drogas, autorizada pela Justiça. Em agosto de 2023, uma das ações resultou em uma prisão em flagrante.

— Os investigados claramente estudaram a metodologia da Draco, para tentar evitar novas prisões. Tivemos de inovar nas técnicas de investigação, e conseguimos identificar o novo esquema — explica o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior.

Um novo grupo teria sido criado pelos indivíduos, agora nomeado Tele do Papaizinho, também mantido no WhatsApp. Depois, os criminosos teriam deixado de usar grupos, mantendo contato individualizado com cada usuário.

— A intenção era evitar que se caracterizasse a associação criminosa entre os traficantes — pontua Martins.

A polícia seguiu monitorando o grupos, apesar das mudanças. Entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, foram identificados os nove indivíduos envolvidos no esquema.

Criminoso tentou atropelar policial

Em uma das ações da Draco, um policial civil ficou ferido após um criminoso tentar atropelá-lo, na tentativa de evitar uma prisão.

O fato aconteceu no dia 8 deste mês, quando uma equipe fazia campana durante uma entrega de drogas no bairro Canudos, em Novo Hamburgo. Ao confirmarem a conduta criminosa, os policiais decidiram abordar o veículo dos indivíduos e realizar o flagrante.

O motorista do carro, no entanto, já havia sido preso, em junho de 2023, pela mesma equipe, na primeira fase da investigação. No momento da abordagem, ele reconheceu um dos policiais que se aproximou do carro e acelerou para cima do agente, na tentativa de atropelá-lo, conforme a Draco.

O policial, um inspetor, foi arremessado ao solo. Ele teve lesões no joelho esquerdo, mas se recuperou. As equipes conseguiram localizar o motorista do veículo, um homem de 30 anos, que foi preso no dia seguinte. Em audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida em preventiva, por homicídio tentado, praticado contra policial em efetivo serviço.

Em 19 de março, outro homem foi preso em flagrante por tráfico de drogas — o mesmo que estava foragido desde agosto de 2023, na primeira fase da ação. Ele tem 35 anos e seria líder do grupo criminoso.


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