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Polícia Civil prende em Porto Alegre quadrilha especializada em roubos a residências de área nobre

Três casos foram registrados nos bairros Chácara das Pedras e Boa Vista nos últimos dois anos

16/04/2024 - 10h00min


Leticia Mendes
Leticia Mendes / Agencia RBS
Objetos apreendidos com suspeitos de ataques no fim de semana.

Nos últimos dois anos, a Polícia Civil buscou identificar quem eram os criminosos que vinham atacando residências em áreas nobres de Porto Alegre. No caso mais recente, em fevereiro, durante o feriado de Carnaval, os bandidos roubaram cerca de R$ 2 milhões em joias de uma casa, no bairro Boa Vista. No último sábado (13), os policiais conseguiram interceptar os suspeitos de integrarem o grupo, após uma perseguição pela freeway. A quadrilha, segundo a polícia, era de São Paulo e viajava ao Rio Grande do Sul para cometer os assaltos.

— Eram indivíduos agressivos, que buscavam pertences de luxo, como joias. Chegavam em veículos, ingressavam nas casas e rendiam os funcionários. Identificamos que eles mantinham um monitoramento anterior sobre as vítimas — explica a delegada Adriana Regina da Costa, diretora do Departamento de Polícia Metropolitana.

O primeiro caso ocorreu em 2022, quando quatro bandidos armados invadiram uma casa. Um segundo assalto se deu no ano passado e o terceiro no feriadão de Carnaval deste ano. Para escolher as vítimas, conforme a investigação, os bandidos vasculhavam as redes sociais dos alvos.

— Esses indivíduos já praticaram roubos em outros Estados do país. São extremamente inteligentes e organizados. Usavam inclusive uma câmera num poste para monitorar a rotina da família. Isso não é comum — diz o delegado Alexandre Vieira, titular da 9ª Delegacia de Polícia da Capital.

Segundo a polícia, os criminosos instalavam a câmera num poste próximo da casa que seria o alvo e permaneciam monitorando as vítimas, para saberem o melhor momento de atacar. Ainda segundo a polícia, o grupo era bastante violento e costumava agredir as vítimas. Num dos roubos, chegaram a manter as armas apontadas para as cabeças de duas crianças. Os assaltantes permaneceram mais de duas horas na moradia, até arrombarem o cofre e subtraírem armas e joias.

Em fevereiro do ano passado, agentes da 9ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre prenderam na Praia do Rosa, em Santa Catarina, numa pousada, três suspeitos de integrarem o grupo. Eram três gaúchos, dois deles de Porto Alegre e um de Alvorada. Segundo a polícia, dois deles teriam relação direta de apoio ao grupo, e em relação ao terceiro a polícia ainda apura a situação. Com eles, foram apreendidos uma arma, dinheiro e celulares.

Em março deste ano, a equipe da 9ª DP viajou até São Paulo e conseguiu recuperar cerca de metade das joias que tinham sido roubadas da última residência. As peças tinham sido anunciadas num leilão.

Perseguição e prisão

Leticia Mendes / Agencia RBS
Prisões foram divulgadas em coletiva à imprensa nesta segunda-feira (15).

Na última sexta-feira (12), a polícia recebeu informações de que o grupo de paulistas estava de volta ao Rio Grande do Sul. Os investigadores passaram a tentar localizar o grupo e descobriram que os criminosos estavam usando um veículo alugado. Os bandidos, segundo a polícia, tinham dois novos alvos, uma casa no Três Figueiras e outra no Boa Vista.

— Quando indivíduos armados entram numa residência, uma tragédia pode acontecer. Pode haver ali uma morte, um estupro. Nós evitamos que isso acontecesse, por meio de um trabalho de investigação — diz o delegado Cléber Lima.

No sábado à tarde, a polícia conseguiu identificar o paradeiro dos criminosos. Os policiais iniciaram uma perseguição na altura do Parque da Redenção e os bandidos seguiram pelo Túnel da Conceição, em direção à saída da cidade. A fuga continuou pela Avenida Castelo Branco, até os criminosos chegarem à freeway. Ali, os policiais conseguiram interceptar o HB20. Dentro dele, estavam três suspeitos de integrarem o bando.

Um segundo veículo conseguiu escapar, mas acabou localizado pela Polícia Rodoviária Federal, em Torres, no momento em que ingressava num motel. Dos presos, três são paulitas, um deles de 28 anos, de Taboão da Serra, outro de 19 anos, da capital paulista, um de 35 anos, de Osasco, e um de 43 anos, de Barroso, em Minas Gerais. Todos tinham antecedentes criminais.

Com os presos, a polícia encontrou dois revólveres, placas clonadas, ferramentas que eram usadas para arrombamentos, lacres e luvas, além dos dois veículos. Há ainda mais um suspeito identificado, que permanece foragido.

Os roubos

  • 23 de novembro de 2022

Quatro assaltantes renderam uma funcionária na entrada de uma casa, no bairro Chácara das Pedras. Os criminosos estavam armados e usando roupas semelhantes às usadas por prestadores de serviços de manutenção. Um veículo aguardou pelo grupo do lado de fora. Foram roubadas joias e dinheiro.

  • 8 de abril de 2023

Também no Chácara das Pedras, seis assaltantes renderam a funcionária da casa, no momento em que ela colocava o lixo na rua. Os bandidos usavam luvas e máscaras. Um carro e uma moto aguardavam do lado de fora, para  a fuga. Foram levadas joias e dinheiro, além de relógios e outros objetos de valor.

  • 10 de fevereiro de 2024

Sete assaltantes atacaram uma casa, no bairro Boa Vista. Para ingressar no local, um deles tocou a campainha e cinco comparsas armados renderam o funcionário da residência no pátio. Dois veículos permaneceram aguardando do lado de fora. Foram roubadas joias, com valor estimado em R$ 2 milhões, dinheiro, armas, relógios e outros itens.

Outras quadrilhas

Esta não é a primeira vez que a polícia gaúcha identifica que criminosos paulistas viajam ao Rio Grande do Sul para cometer delitos. Existem pelo menos outros dois grupos identificados. Um deles é a quadrilha do Rolex, que costuma abordar motoristas no trânsito. As vítimas normalmente são escolhidas por dirigirem veículos de alto padrão ou em ambientes como restaurantes. Criminosos em motos param ao lado do carro e anunciam o assalto. As investigações levaram às prisões de 13 pessoas pela polícia do RS. Pelo menos 25 relógios já teriam sido roubados nessa modalidade na Capital.

Outro tipo de crime no qual a polícia identificou o envolvimento de paulistas é o ataque a condomínios também em áreas nobres. Nesta modalidade, no entanto, os bandidos ingressam em apartamentos no momento em que as vítimas não estão em casa. O intuito é furtar objetos como joias, relógio e dinheiro. Para isso, os bandidos costumam estar bem vestidos e ludibriam os porteiros, para que permitiam sua entrada. Nestes casos, a polícia continua investigando os autores.


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