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Aplicações devem render menos até o final de ano; saiba como proteger seu dinheiro

Previsão de queda nos juros deve servir como incentivo para dar uma boa olhada nos investimentos.

30/03/2017 - 20h00min

Atualizada em: 30/03/2017 - 21h42min


Erik Farina
Erik Farina
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A queda dos juros básicos da economia, que direcionam os rendimentos de aplicações usuais dos brasileiros, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e fundos de investimento, abre um novo campo de cálculos e comparações para quem tem algum dinheiro guardado para emergências ou projetos de longo prazo. O tombo da Taxa Selic de 12,25% para 9%, prevista por economistas para este ano, derruba, em efeito dominó, os ganhos de investimentos pessoais.

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As aplicações mais comuns são orientadas pelo chamado DI, que nada mais é do que a referência à Selic: quanto maior o percentual de DI pago, mais próximo é o investimento da Selic. Ou seja, um CDB que paga 100% de DI, pagará 12,25% de juros ao ano. Portanto, quanto menor a Selic, menos os investimentos irão pagar.

– Quem irá sentir mais no bolso a queda da Selic é o pequeno investidor, sem grandes quantias aplicadas, que dificilmente consegue em um banco ou uma corretora uma aplicação que chegue perto de 100% de DI – explica o especialista em investimentos Edgar Abreu, professor do curso de pós-graduação em Finanças, Investimentos e Banking da PUC-RS.

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No bolso

Fosse o total de rendimentos prometidos pelo banco pagos como juros, os CDBs, Fundos, Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) seriam atraentes mesmo pagando um percentual bem mais baixo do que a Selic – já que a inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 6,29% em 2016.

Eles manteriam o dinheiro protegido, mas não é bem assim. É preciso descontar o Imposto de Renda e eventuais taxas de administração para saber quanto, efetivamente, irá para o bolso do investidor.

– Tirando todos os descontos, caso a Selic caia abaixo de 9,5%, os rendimentos dessas aplicações podem ficar até inferiores à Caderneta de Poupança – alerta Willian Eid Junior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV-SP.

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O especialista explica que, descontando o Imposto de Renda e taxas de administração, as aplicações em Certificado de Depósito Interbancário (CDI) crescem, de forma líquida, cerca de 10,5% por ano com a atual Selic. Mas com a queda do juro para 9%, esse rendimento irá desabar para a casa de 7% ou 8% ao ano. Já a Caderneta de Poupança tem uma remuneração fixa (não varia conforme a Selic), pagando 0,5% ao mês mais Taxa de Referência (TR). Quando o juro cai muito (e, portanto, CDBs e Fundos passam a pagar menos), a poupança acaba se tornando relativamente mais atraente.

Na opinião de Abreu, professor da PUC-RS, investidores que queiram almejar ganhos mais altos do que a poupança em um cenário de juro baixo terão, a partir de agora, de olhar com mais simpatia para alguns títulos do tesouro e operações mais sofisticadas e relativamente desconhecidas do grande público, como Certificado de Operações Estruturadas (COE) e até bolsa de valores.

Pontos altos e baixos das opções de investimentos

Os juros estão em queda livre. Até o final do ano, a Taxa Selic, que baliza as aplicações mais populares no país, como CDBs e Fundos, deve cair de 12,25% para 9%. Veja os pontos positivos e negativos para levar em conta em cada aplicação no cenário de queda na taxa de juros:

CDBs
Ponto positivo: os pré-fixados se tornam valiosos, pois entregam o juro atual, que é mais alto do que o esperado até o final do ano.
Ponto negativo: evite os CDBs que oferecem rendimento abaixo de 85%, pois, descontado o Imposto de Renda, o ganho pode ficar abaixo da inflação.

Fundos
Ponto positivo: são atraentes principalmente no longo prazo, pois o desconto do Imposto de Renda é regressivo, fica menor ao longo do tempo.
Ponto negativo: investidores sem muito dinheiro para aplicar (acima de R$ 60 mil) não costumam encontrar taxas de administração abaixo de 1% – ou seja, pagam caro demais pela aplicação.

Tesouro Direto
Ponto positivo: ganham força títulos atrelados à inflação e os pré-fixados associados à taxa básica de juros.
Ponto negativo: corretoras que cobram comissão podem ser evitadas, uma vez que cresce o número de gestores que isentam clientes.

POUPANÇA
Ponto positivo:
rendimento pode ultrapassar o de CBDs e dos fundos caso a Selic fique abaixo de 9,5% ao ano, a depender das condições da aplicação.
Ponto negativo: opção é ruim no longo prazo, pois não garante proteção do dinheiro contra a inflação em todos os anos.


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