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Está pensando em morar sozinho? É preciso planejamento financeiro para dar certo

Confira dicas para ajudar a avaliar se você está pronto para esta mudança e faça o teste online

22/06/2017 - 20h00min

Atualizada em: 22/06/2017 - 20h01min


Erik Farina
Erik Farina
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Uma das mais cobiçadas metas logo no início da vida adulta é sair de baixo das asas dos pais e ter o próprio canto para chamar de seu – um importante passo para conquistar a privacidade e a independência tão sonhadas. Mas morar sozinho exige bem mais do que disposição para assumir tarefas do lar: há de se ter um bom planejamento financeiro para vencer as contas mensais e lidar com imprevistos como consertos e taxas extras no condomínio.

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Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 25% das pessoas que moram sós estão atualmente no vermelho, incapazes de honrar seus compromissos. Por outro lado, 41% estão no zero a zero, ou seja, não falta nem sobra dinheiro. Somente 23% estão no azul – 11% não sabiam sua situação financeira ou não quiseram responder. Quase sete em cada dez não possuem reserva financeira.

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– É uma falsa sensação de liberdade ir morar sozinho sem ter dinheiro para pagar as contas: logo, a pessoa terá de pedir ajuda aos pais ou acabará criando dívidas – afirma Cássia D'Aquino, especialista em educação financeira.

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Algum conforto poderá ficar de fora

Oito em cada dez pessoas que vivem só admitem não ter preparado o orçamento para a mudança e 34% afirmam que extrapolam o orçamento em alguns meses. A justificativa mais comum é justamente não ter com quem rachar as despesas.

– Quem decide morar sozinho precisa prever qual será a despesa mensal em contas como aluguel, água, luz e internet. E saber que, provavelmente, terá de abrir mão de algum conforto – destaca o educador financeiro Adriano Severo.

Em média, os ouvidos pela pesquisa do SPC e CNDL têm uma dívida aproximada de R$ 1,5 mil, proveniente principalmente do não pagamento da fatura do cartão de crédito (36%) e do cartão de lojas (20%).

– O uso do cartão de crédito é muito sintomático, pois a pessoa vai esgotando seu orçamento e, quando chega ao vermelho, precisa buscar um complemento de fácil acesso, mas com juros altíssimos – analisa Severo.

Thaise optou por dividir as contas com amigos

Dividir a casa com amigos pode ser uma saída

A turismóloga Thaise Trindade, 26 anos, conhece bem os desafios de sair do lar familiar para viver sozinha. No início do ano passado, veio de Santa Maria para Porto Alegre em busca de oportunidades de trabalho. Alugou um quarto em uma casa de família, onde o acesso à cozinha era complicado. Além de pagar a estadia e seu consumo de luz e água, descobriu um verdadeiro devorador de orçamento: as refeições fora de casa.

– Como morava sozinha, não tinha com quem compartilhar o preparo das refeições e acabava comendo fora sempre. Isso começou a sugar meu dinheiro – conta.

Há dois meses, Thaise buscou uma solução para reduzir não só os gastos com alimentação, mas também diluir as despesas com internet, gás, luz e água: foi morar com quatro amigos em um apartamento, onde todos se ajudam na divisão das tarefas e das faturas.

– A gente vai aprendendo conforme vive essas experiências. Nem tudo são flores, mas é preciso ter coragem e, principalmente, saber se planejar.

A consultora Cássia D'Aquino considera natural rever uma decisão de morar só, e, neste caso, um caminho indicado é encontrar pessoas com quem dividir as contas – amigos ou namorado (a) –, exatamente como fez Thaise. Mas alerta: é preciso encontrar pessoas com perfil responsável nos gastos e na gestão da casa, caso contrário, a má influência poderá até piorar a situação financeira.

Situações que vão ajudá-lo a refletir se está na hora de dar este passo:

- Sua situação no mercado de trabalho tem alguma estabilidade, com renda mensal capaz de cobrir todas despesas que virão pela frente? É fundamental prever as despesas pessoais e as que virão com o imóvel.
- Além dos gastos mensais, será preciso fazer um investimento para ajeitar a casa antes de se mudar. Por isso, ter um bom dinheiro guardado é sempre recomendável, até para evitar comprar parcelado.
- Você tem dinheiro guardado para emergências? Muitos imprevistos podem ocorrer quando se mora só: perder o emprego, precisar fazer uma obra e não ter com quem dividir os gastos. O ideal é ter, pelo menos, o equivalente a três meses de despesas guardados na poupança.
- TV a cabo com todos canais? Internet rápida? Ar-condicionado em todas as peças? Talvez você não tenha como pagar pelo mesmo luxo da casa dos pais quando for morar sozinho. Neste caso, terá de escolher do que – e se está pronto para – abrir mão.
- Como você se vira na cozinha? Não é bobagem: quanto mais ágil e hábil você for com as panelas, menos terá de gastar com telentrega e refeições fora de casa. Até porque comida só de micro-ondas enjoa e pode ser pouco saudável.
- Avalie se você pode se virar bem com as arrumações diárias da casa (limpeza, lavar e passar roupa, organizar o quarto etc), caso contrário poderá ter de arcar com gastos substanciais com faxineira.
- Analise como lida com suas próprias finanças: você é gastador ou poupador? Morar sozinho traz uma gama de possibilidades de gastos, então, é preciso ligar o sinal de alerta para exageros em potencial.

Fontes: consultores financeiros Adriano Severo, Cássia D'Aquino e José Vignoli



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