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Os cuidados que se deve ter com empréstimos sem consulta aos cadastros de devedores

Estudo nacional aponta que sete em cada dez consumidores que optaram por esse empréstimo não conseguiram sair do buraco das dívidas. 

09/06/2017 - 20h00min

Atualizada em: 07/05/2018 - 16h44min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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Adriana Franciosi / Agencia RBS

Para quem tem dívidas até o pescoço e está com o nome sujo na praça (no cadastro de maus pagadores), os bancos tradicionais não oferecem mais crédito. Nesse cenário, caminhando pela rua ou assistindo TV em casa, é possível que o endividado depare com uma oferta providencial: empréstimos rápidos para quem está "negativado", sem consulta aos cadastros de devedores. Mas a tentação pode só piorar a situação financeira.

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Pesquisa deste ano do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 15% dos brasileiros inadimplentes buscaram esse tipo de empréstimo. E uma constatação serve de alerta: sete em cada dos consumidores (75%) que optaram por esse crédito reconheceram não ter resolvido o imbróglio financeiro.

– Em momentos de estresse, é fácil tomar decisões apressadas, mas nem sempre a solução que parece ser mais fácil é a melhor – afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Juros altos

Nada contra as instituições financeiras legais que oferecem esse crédito, reguladas e fiscalizadas pelo Banco Central. A questão é que, fora de uma estratégia bem calculada, esse empréstimo será mais uma dívida, e cara. Os juros das operações são bem mais altos, justamente, porque o empréstimo é para quem já é inadimplente.

De acordo com pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os juros para crédito pessoal oferecido nos bancos está em 4,41%. Para negativados, em financeiras, a Anefac estima taxas a partir de 15%.

– É simples, maior o risco, maior a taxa de juros. Para negativados, é bem mais caro o empréstimo. É razoável falar em taxas de 15% ao mês. Mas pode ser maior dependendo do cliente, até de 20% – afirma o diretor executivo da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira.

Significa que, para um empréstimo de R$ 1 mil nos bancos, por exemplo, em 12 parcelas, o devedor pagará de volta R$ 1.309,20. Na financeira, se negativado e com juros de 15%, pagará nas mesmas condições R$ 2.213,76. Somente de juros, são R$ 904,56 a mais, quase o valor total do empréstimo.

Sem solução mágica

Para especialistas em educação financeira, a armadilha do crédito para negativados está em acreditar que esse dinheiro é a "bala de prata" no endividamento. Ou seja, que somente com esse empréstimo se resolve o problema. A saída passa pela família identificar todas as dívidas, ver para onde está indo o dinheiro, cortar os excessos de gastos e tentar renegociar pendências. Para motivar todos a apertar o cinto, se deve projetar sonhos.

– Como estimular o filho a tomar aquele banho mais curto? Só para pagar as dívidas não é suficiente. É preciso definir sonhos para se realizar com as contas em dia. Funciona dizer ao filho que o banho mais curto é caminho para aquele passeio especial, para aquele sonhado videogame – orienta o educador financeiro e presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos.

Para quem buscar a contratação de um empréstimo, toda a atenção é necessária. Para negativado ou não, a instituição deve ser regulada pelo Banco Central. E jamais confie em empresas que prometem tirar o nome da lista de negativados.

– Não existe mágica para limpar o nome. O devedor precisa saber que não precisa de terceiros. Isso ele resolve diretamente com o credor, que é quem pode tirar o nome dele da lista de maus pagadores – alerta José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz.

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