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Saiba como escapar da compra por impulso, uma armadilha para o bolso

Mesmo com um cenário de crise econômica, quatro em cada dez brasileiros ainda fazem compras sem pensar sobre como pagar. 

12/06/2017 - 08h00min

Atualizada em: 12/06/2017 - 08h01min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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Dulce são resistiu aos brincos no Centro da Capital

Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) deixou especialistas em educação financeira com os cabelos em pé. Quase 40% dos entrevistados (quatro em cada dez brasileiros) admitiram ter comprado algo de que não precisavam nos últimos 30 dias por causa da facilidade de crédito.

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É a velha conhecida compra por impulso, que persiste mesmo em um cenário de incertezas na economia e desemprego. O estudo Uso do Crédito traçou o perfil de consumidores de todas as regiões brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos de todas as classes sociais. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, e a margem de confiança, de 95%.

– A compra por impulso faz muito parte da educação financeira. As pessoas não têm a consciência de que é uma prática que vai trazer problema no futuro. E me assusta a pessoa ver a crise atual, talvez até sem emprego, e não conseguir se controlar – afirma o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli.

Longo prazo

Os itens mais comprados por impulso, segundo a pesquisa, são roupas, calçados e acessórios (14%), perfumes e cosméticos (8%), idas a bares e restaurantes (6%) e smartphones (6%). Para a maioria dos entrevistados (29%), a tentação é maior nas lojas virtuais, que facilitam o crédito e mais estimulam as compras.

E o crédito costuma ser aliado da compra sem reflexão. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumidor precisa ficar atento às armadilhas.

– É muito comum as pessoas receberem oferta de um cartão de crédito assim que abrem uma conta em banco, ou mesmo ter acesso a linhas de crédito que ficam disponíveis de forma automática na conta corrente, estimulando a contratação de um empréstimo, por exemplo – diz Marcela.

Mas o problema não está somente na compra a prazo. De acordo com o educador financeiro do SPC Brasil, comprar por impulso, mesmo com dinheiro na mão, é desperdício de recurso que poderia ser utilizado em itens realmente necessários. Ou, ainda, poderia ser guardado para uma situação de emergência financeira ou para realizar um sonho a longo prazo.

– Um adolescente ou jovem nasceu em época de crédito fácil, sem crise. Ele acha que sempre vai ser assim e gasta. Na outra ponta, falta a educação financeira porque os pais também não tiveram. É saber se controlar e ter controle das contas – orienta Vignoli.

Brincos irresistíveis no Centro

No caminho que fazia para entregar currículos em restaurantes no Centro da Capital, Dulce Santos, 22 anos, decidiu dar uma esticada e passar por lojas de bijuterias de um centro comercial. Não resistiu. Acabou comprando dez pares de brincos que, reconhece, não precisava tanto.

Em casa, Dulce se arrepende. Mas o prazer da compra ainda é maior.

– Eu reconheço que compro por impulso. Ainda mais se estou com dinheiro. Já vim outras vezes e comprei assim. Fico só com o dinheiro da passagem de ônibus para voltar – disse ela, que ainda procura emprego.

Moradora do Bairro Mathias Velho, em Canoas, Dulce lembra que, depois da compra, em casa, sempre bate o arrependimento do gasto feito. A irmã, Maristela Santos, 27 anos, que a acompanhava no Centro, tentou fazer Dulce pensar melhor. Chegou a questionar a necessidade de comprar dez pares de brincos, mas não teve jeito.

– Em casa, depois, já bateu um arrependimento várias vezes. Mas não tem jeito, eu compro igual depois. O prazer que me dá comprando é maior – explica Dulce.

DOMINE O IMPULSO
De primeira, nunca
– Não faça compras tentando preencher uma frustração. Se você está triste, uma compra pode trazer satisfação momentânea, mas não resolve os problemas.
– Se você gostou daquele produto, não compre de primeira. Vá para casa, pense a respeito, veja se não tem algo parecido e avalie se realmente precisa.
– Questione se, naquele mês, é possível gastar aquele dinheiro. Parcelar nunca deve ser a primeira opção, e o gasto deve estar previsto nas despesas extras do mês.

Observação e autocontrole
– Observe se você acumula coisas demais e demora para usar o que adquire. Ter muitas peças de roupa sem uso, por exemplo, é sinal de compras por impulso.
– Se está cheio de dívidas e, muitas vezes, nem lembra quais são, você pode ser um comprador impulsivo.
– Reflita se, com frequência, existe a vontade de aproveitar todas as ofertas. Quando pintar esse desejo, se controle. É comum comprar algo desnecessário apenas porque "está valendo a pena".
– Repita para si mesmo que promoções existem o todo o tempo. Guarde o dinheiro para quando, de fato, tiver necessidade.

Reconheça o problema e se defenda
– Se você já está endividado, ou não consegue conter o impulso, é importante admitir o problema e tentar evitar que a situação piore.
– Guarde por um tempo o cartão de crédito e o cheque. Deixe-o em casa quando sair para passear.
– Quando for ao mercado, leve uma lista do que precisa e seja fiel a ela. Evite circular por corredores, pois pode acabar comprando coisas desnecessárias.
– Evite passear em shoppings ou sair com amigos gastadores. Procure não entrar em sites ou páginas de redes sociais de lojas de que gosta.
– Mantenha uma planilha financeira em dia, anotando todos os gastos. Vendo para onde o dinheiro vai, há mais chance de se gastar dentro da renda.
– Não considere verdade absoluta tudo que é recomendado pela propaganda e redes sociais.

Cortando o efeito bola de neve
– Conheça suas receitas e despesas e entenda onde pode economizar e que gastos pode cortar.
– Para saber aonde está indo do dinheiro, anote tudo o que gastar durante 30 dias.
– Chame a família para esse processo. É o momento de envolver todos para ajustar as contas.
– Faça escolhas e corte gastos. Se precisa apertar o cinto, diminua o que for supérfluo.
– Havendo dívidas em aberto com dificuldade de serem pagas, é hora de tentar negociar. No caso dos bancos, procure a instituição e tente trocar esse débito por outro com juros mais baixos.
Fonte: Portal Meu Bolso Feliz e SPC Brasil



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