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Decisão do Banco Central

Selic cai para 6,75% ao ano: veja três casos em que o juro menor afeta o seu bolso

Banco Central decidiu baixar juro básico ao menor valor da história, mexendo nos empréstimos e investimentos

08/02/2018 - 10h19min

Atualizada em: 08/02/2018 - 16h17min


Erik Farina
Erik Farina
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Longe de ser mera estatística ou economês, a redução da taxa básica de Juros (Selic) para 6,75% ao ano, decidida nesta quarta-feira (7) em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, afeta em cheio o bolso de cada brasileiro. Para o bem ou para o mal. Do dinheiro tomado emprestado no banco, ao juro no carnê da loja de vestuário, por exemplo, ficarão mais baratos. Já o rendimento do dinheiro aplicado no banco, em opções populares como CDBs e Fundos, vai render menos. Tudo se move no lastro da Selic. 

Com a redução de 7% para 6,75% ao ano, a taxa chega ao menor nível da série histórica, iniciada em 1986. Ainda que seja um valor relativamente alto em relação a outros países, trata-se de queda expressiva em relação a pouco mais de uma ano atrás, quando estava em 14,25% ao ano. Confira três situações em que você já percebe a queda da Selic. 

EMPRÉSTIMO PESSOAL

A queda na taxa básica de juros afeta em cheio todas linhas de crédito. Uma vez que os bancos têm custo mais baixo para captar o dinheiro no mercado financeiro, também repassam por menos aos consumidores. Em outubro de 2016, quando a Selic estava em 14,25%, quem tomava dinheiro emprestado do banco para investir em um novo negócio ou pagar dívidas, por exemplo, encarava um juro médio de 73% ao ano. Pouco mais de um ano depois, e com a Selic cortada pela metade, esse custo caiu para 62,5%, conforme a Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac). Os juros no Brasil seguem entre os mais altos do mundo, pois, conforme os próprios bancos, a queda das taxas não é o único fator que pesa sobre a taxa: há o risco de inadimplência, os juros e a margem de lucro (spread).

— Como o juro subiu muito nos últimos anos, em razão do desemprego e da inadimplência, ele continua em patamares muito altos. No entanto, a tendência é que gradativamente vá caindo, conforme a economia volte a crescer e o risco de inadimplência caia — explica Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac. 

JURO NO COMÉRCIO

Quem costuma pagar parcelado já está percebendo que o juro no carnê tem caído. As lojas —que tomam dinheiro das financeiras pagando menos — têm cobrado menos no financiamento, então o consumidor depara com juros mais baixos do que um ano atrás. Pesquisa da Anefac mostra que o juro médio anual do comércio caiu de 98% para 89% ao longo de pouco mais de um ano. Ou seja, quem parcela uma geladeira que custa R$ 2 mil em 10 vezes, em vez de pagar uma parcela de R$ 300, pagará R$ 289. Queda semelhante ocorre no financiamento de veículos, uma das linhas mais baixas de crédito, diretamente impactado pela Selic. Como o risco de calotes é menor, os bancos mantém essa taxa relativamente mais próxima à Selic do que as linhas sem garantias. 

— Há espaço para redução de juros em todas as frentes do comércio, da venda de automóveis à venda de roupas e eletrodomésticos. No caso dos imóveis, as taxas não mudam com muita frequência porque os bancos esperam sinais mais claros da economia, pois são empréstimos de longo prazo — afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, da Anefac. 

RENDIMENTO DE APLICAÇÕES

Quem se acostumou com juros gordos em aplicações financeiras nos bancos ou corretoras tem caído na real. Investimentos na chamada renda fixa, que até agora pagavam rendimento de dois dígitos, caíram praticamente pela metade em razão na queda da Selic. A lógica é que, como o juro médio do mercado despencou, essas instituições também pagam menos ao cliente. Um exemplo claro são os CDBs, populares aplicações em bancos. Em outubro de 2016, quem deixava R$ 1 mil em um CDB que pagava DI de 90% (ou seja, entregava 90% da Selic), recebia, ao final de um ano, pouco mais de R$ 1.100. Agora, esse valor caiu para pouco mais de R$ 1.040. A mesma regra se repete ou outras aplicações de renda fixa, como Tesouro Direto e as Letras (LCI e LCA). A boa notícia é que a inflação também desabou no último ano, portanto, mesmo recebendo menos, o cliente que faz a aplicação tem conseguido bater, com folga, a alta de preços. 

— Quando cai a inflação e a Selic, o ganho de quem investe se mantém, pois o investidor está conseguindo preservar o poder de compra — afirma o consultor financeiro Adriano Severo.

Embora não seja atrelada diretamente ao CDI, que é o indicador que reflete a Taxa Selic e influencia no rendimento da maioria da renda fixa, a caderneta de poupança também é afetada pela mudança no Juro Básico. Isso por que desde que a Selic caiu abaixo de 8,25%, a regra da poupança também mudou: em vez de render 0,5% mais Taxa de Referência todo mês, passou a render 70% da Selic, mais TR. Portanto, a previsão é que a poupança agora renda pouco menos de 5% ao ano.



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