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Casa nova

É hora de comprar imóveis? Confira dicas para adquirir a casa própria sem dor de cabeça

Para especialistas em finanças pessoais e em mercado imobiliário, 2018 é um ano para retomar o sonho da casa própria. Veja as opções de pagamento e qual delas se encaixa melhor na sua vida

29/03/2018 - 04h00min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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Félix Zucco / Agencia RBS
Mônica Magnus adquiriu apartamento na planta em Canoas e aguarda o término das obras

Especialistas em finanças pessoais e em mercado imobiliário estão vendo 2018 como um ano para retomar o sonho da casa própria. É como se aquele desejo de sair do aluguel e conquistar esse patrimônio tivesse hibernado desde 2015. Em momento recente mais sombrio da economia, a prioridade dos trabalhadores era outra: manter o emprego ou tentar voltar ao mercado após uma demissão. Nesse cenário de insegurança, a maioria dos brasileiros achou arriscado entrar em um financiamento, cujo pagamento poderia se estender por até 30 anos para a aquisição de um imóvel.

Mas, neste ano, há perspectivas de retomada da confiança. Um empurrão nesse caminho foi dado com a Caixa Econômica Federal reabrindo a linha de crédito pró-cotista, destinada a trabalhadores que têm conta no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Trata-se da opção mais barata depois do Minha Casa Minha Vida, com taxas de juros entre 7,85% e 8,85% ao ano. A pró-cotista havia sido suspensa no primeiro semestre de 2017 por escassez de recursos.  

— Temos fatores positivos em relação ao mercado. E as instituições financeiras se sentem incentivadas a oferecer mais crédito imobiliário. Teremos mais oferta de imóveis e taxas de juros melhores do que no ano passado — explica a gerente de inteligência de mercado do grupo ZAP! Viva Real, Cristiane Crisci.

No ano passado, a Capital se mostrava atenta aos bons negócios. De acordo com dados do portal ZAP, Porto Alegre foi a quarta cidade brasileira com mais busca por imóveis em 2017, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte (MG) e uma posição à frente de Curitiba (PR).


Diagnóstico do orçamento familiar é importante

De acordo com a especialista, a perspectiva é de um equilíbrio entre oferta e procura nos próximos meses, e isso é positivo para quem está atrás de imóvel. Significa preços estabilizados, o que não aconteceria se houvesse muita gente com dinheiro na mão e poucos imóveis à disposição. Esse clima de "agora, vai" por parte de quem sonha com a casa própria chegou a quem constrói e vende. 

— Em 2018, tivemos o melhor mês de janeiro da história em vendas, e foi o terceiro melhor mês no geral. Prevemos 13 lançamentos neste ano no Rio Grande do Sul, 10 no segundo semestre. Os bancos também reduzem os juros para financiamentos — afirma o gestor comercial da construtora MRV no Estado, Gianfranco Pavinato Tagliari.

Doutor em Educação Financeira, Reinaldo Domingos também enxerga a volta das condições favoráveis para se colocar um financiamento imobiliário no orçamento familiar. Mas ele alerta que somente olhar para fora, para o mercado e as taxas de juros, não é suficiente para tomar essa decisão.

—  Precisamos olhar para dentro das nossas vidas. Posso comprar um imóvel mesmo? É preciso um bom diagnóstico financeiro, do orçamento familiar, para se chegar a essa resposta. Se o valor do aluguel que uma família paga, por exemplo, for igual ao da parcela de um financiamento, uma ótima iniciativa é deixar de pagar esse valor sem retorno futuro para colocar na prestação de algo que será patrimônio — aconselha.


A hora da casa nova para a consultora de vendas Mônica 

Desde os 16 anos, a consultora de vendas Mônica Magnus Lima só paga aluguel. Mas essa história está com os dias contados. Com 31 anos e uma filha adolescente, ela espera se mudar para a casa própria entre maio e agosto.

— Nossa, foi muito dinheiro colocado fora em aluguel. Hoje, por exemplo, pago cerca de R$ 700. Enquanto que a prestação do financiamento ficou em mais ou menos R$ 600. Vou conseguir até aliviar um pouco o orçamento do mês — conta a moradora de Cachoeirinha, orgulhosa com o negócio fechado.

Por três anos, Mônica procurou uma casa para garantir mais privacidade. Mas com o tempo, percebeu que um apartamento seria a melhor opção pela segurança. Partiu para um apartamento novo em Canoas, no bairro São José, com portaria 24 horas e até piscina. O imóvel teve uma parte do valor financiado por meio da Caixa, com o restante sendo acertado junto à construtora. Esse modelo permitiu o parcelamento da entrada, o que foi fundamental para a aquisição. 

Mônica acompanha, em tempo real, o andamento das obras por meio de um aplicativo da própria construtora. Mas ela não se segura apenas com o aplicativo e, sempre que tem uma folga, vai pessoalmente conferir as obras.

— Já fechei com a construtora o acabamento da cozinha e do banheiro. Então, vou pegar do jeito que eu quero. Não estou em uma correria para me mudar, mas a ansiedade é grande — conta.

Os passos até a realização do sonho

ANTES DE COMEÇAR

É a hora de comprar imóvel?

- Se você não tem nada planejado, dificilmente será o melhor momento.

- Por exemplo, aconselha-se criar uma reserva (entre seis e 12 meses de salário) para esse tipo de aquisição. 

- Imprevistos como doença, queda de renda ou desemprego devem ser levados em conta.

- Se você já planeja a aquisição e vem se ajustando financeiramente, agora pode ser a chance de um bom negócio. Do contrário, o sonho pode virar pesadelo, até com a perda do imóvel, a chamada retomada por parte da instituição financeira.

- Reúna a família e converse sobre o tema. Um ponto a ser levado em conta é o custo de vida da região onde se deseja morar, que pode ser mais alto do que o atual. 

- Se for o caso, analise o valor do aluguel que está pagando. Se for o mesmo valor da prestação de um financiamento, poderá ser uma opção financiar o imóvel.

- O caminho mais seguro é poupar parte do que ganha. Faça uma simulação em qualquer banco de quanto custaria a prestação e comece a guardar o equivalente a essas parcelas em um investimento conservador como poupança, CDB ou tesouro direto.


PARA BATER O MARTELO

Responda algumas perguntas:

1) Quanto posso pagar de prestação sem comprometer a minha renda?

2) Quanto posso dar de entrada (a maior possível) para amenizar essa mensalidade?

3) Possuo alguma reserva financeira para despesas extras?

4) Do que estou disposto (e posso) abrir mão durante esse período de financiamento?

- Quem responder bem essas perguntas pode estar perto de fechar um bom negócio, com menos risco de dor de cabeça no futuro.

- Lembre-se de que o financiamento de um imóvel é considerado um dívida de valor, por isso deve ser protegida e garantida, uma prioridade frente as demais despesas.

- Tenha sempre uma reserva estratégica, para que em uma eventualidade não deixe de honrar este importante compromisso.


NÃO CABE NO BOLSO, UM PASSO ATRÁS

- É preciso um diagnóstico completo da renda familiar.

- Para isso, durante um mês, anote todas as despesas da casa, da conta de luz ao pãozinho do café da manhã.

- Com esses números na mão, haverá condição de avaliar: 

- Quanto tempo para adequar a renda a uma prestação de imóvel?

- Quais despesas posso e estou disposto a cortar?

- Quanto tempo preciso para conseguir fazer uma reserva para outros gastos, taxas do banco e impostos?

- Se iniciado do zero, esse processo leva, pelo menos, um ano.

- Caso não esteja conseguindo pagar a prestação da casa própria, é preciso rever imediatamente os gastos, em especial as pequenas despesas, que somadas podem levar uma família ao desequilíbrio financeiro;

- Não se esqueça de que um novo imóvel demanda novos custos, como mobiliário novo, condomínio, taxas de transferência, etc.


OLHO NOS CUSTOS EXTRAS

- Não é só a prestação do financiamento, há custos que são por conta do comprador e não aceitam parcelamento.

- Sugere-se a reserva de 5% a 8% do valor do imóvel para taxas de registro em cartório, imposto de transferência, pagamento da vistoria e custos de mudança.

- Fique esperto. Há lei que garante desconto de 50% no registro e na escritura na compra do primeiro imóvel pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH). É importante lembrar disso no cartório. 

- Leve em conta os valores do IPTU e da taxa de condomínio.

- Deixar de pagar o imposto e o condomínio pode levar à perda do imóvel, mesmo sendo o único da família.

AS OPÇÕES

CONSÓRCIO

Pagar à vista um imóvel é realidade de uma minoria. Para quem não tem urgência e tem disponibilidade de uma verba mensal, uma opção é o consórcio. Neste caso, foge-se dos juros e, se tiver sorte, pode ser sorteado e ganhar a casa rapidamente. Também se pode economizar para dar um lance. Ideal para quem tem onde morar e não está com pressa de se mudar.

FINANCIAMENTO

O financiamento também é uma opção de compra interessante. Mas ao comprar uma casa financiada, é preciso saber que se estará firmando um compromisso que deverá ser honrado mensalmente. Além disso, é importante lembrar que existem os juros. Somados ao longo do contrato, pode significar o pagamento de um valor equivalente a duas ou três casas.

ALUGUEL

Não é pecado morar de aluguel. Pode ser a melhor opção por estar perto do trabalho, por exemplo, entre outras comodidades. Mas se o valor for igual ao da parcela de um financiamento, reflita. Seria melhor investir esse valor na prestação de algo que será seu.

ATENÇÃO NOS IMÓVEIS

Novos ou em construção

- Nunca feche negócio sem conhecer a localização do novo imóvel.

- Cobre da construtora o memorial descritivo do imóvel. Nele, estão os detalhes do apartamento e do condomínio como áreas oferecidas e materiais usados.

- Confira também o histórico da construtora. Entrega no prazo? Há queixas nos órgãos de defesa do consumidor?

Usados

- Visitação obrigatória antes de fechar o negócio. Observe o estado geral, as paredes, o reboco, a condição da pintura, os azulejos na cozinha e no banheiro e os registros hidráulicos.

- Confira a situação do condomínio. Pagamento está em dia? Há dívidas? Há muita inadimplência? Haverá chamada extra em um futuro próximo?

- Confira os seguintes documentos do imóvel usado: matrícula atualizada no Registro de Imóveis, certidão negativa de dívida de condomínio e certidão negativa de IPTU.

Fontes: educadores financeiros Jaques Diskin, Jó Adriano da Cruz e Reinaldo Domingos; Caixa Federal, portal ZAP,  Guarida Imóveis






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