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Carregador de celular pode dar choque? Confira cuidados para evitar acidentes em casa

Morte na Região das Missões é um alerta para os cuidados com a fiação elétrica das residências. Extensões e Ts, por exemplo, devem ser de uso restrito

05/04/2018 - 17h00min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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A morte de uma mulher de 30 anos vítima de um choque elétrico na Região das Missões despertou o alerta sobre os cuidados ao carregar o smartphone. A tragédia com  Luthiani de Moura Patrício, moradora de São Luiz Gonzaga, merece atenção pelo contexto em que ocorreu. 

O carregador do celular dela estava em uma extensão elétrica de três metros com parte do fio desencapada, segundo informações recolhidas pela perícia. Ao sair do banho, ainda com as mãos úmidas, ela teria tocado nessa extensão. Acidente parecido aconteceu no começo do ano em Pernambuco. Uma dona de casa conectava o carregador a uma extensão quando sofreu uma descarga. O equipamentos e a extensão estavam em más condições. 

De acordo com a Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), esse é um perigo real para os brasileiros. Segundo dados divulgados em fevereiro pela associação, o número de mortes causadas por energia elétrica aumentou, em 2017, no Brasil, p

assando de 599, em 2016, para 627. Entre as causas campeãs, segundo a Abracopel, está o ambiente residencial – fios desencapados, extensões, Ts, tomadas e eletrodomésticos com fuga de corrente elétrica.

– Os dados da Abracopel são recolhidos a partir de notícias divulgadas pela imprensa de todo o país. Aceitamos como uma referência, mas estimamos que devem ocorrer muito mais acidentes não relatados – diz Odilon Francisco Duarte, coordenador do Laboratório de Eficiência Energética da PUCRS.

Duarte, que é engenheiro eletricista, afirma que os carregadores de celular oferecem risco mínimo de choques. Os equipamentos originais têm um dispositivo que percebe quando não há aparelho conectado, impedindo o envio de corrente. Mas ele adverte que dispositivos piratas podem não oferecer a mesma segurança.

– Mesmo assim, o carregador reduz a tensão de 127 (ou 220) para 4 ou 5 volts, fica pequena. Mas se houver contato com os plugues do carregador, aí o dano pode ser maior. E se houver ainda  água, a situação é grave. Porque o choque fica mais severo – alerta o professor.

Para se proteger de acidentes dentro de casa

1 – Manutenção: instalações elétricas precisam de manutenção periódica, para redimensioná-las ou renová-las, sempre que preciso. A primeira revisão é sugerida com 10 anos de uso e, depois disso, a cada cinco anos.

2 – Proteção extra: instale o fio terra e os DRs (dispositivos diferenciais residuais), que desligam o circuito ao detectar fuga de corrente na instalação. O DR é um botão extra na caixa de distribuição que desliga a energia do circuito na iminência de um choque elétrico.

3 – Proteja as tomadas: use protetores de tomadas sempre que elas estiverem fora de uso, para evitar a exposição de crianças pequenas ao risco de contato com a eletricidade.

4 – Atualize-se: substitua as tomadas de dois pinos por tomadas do novo padrão, com três. O terceiro pino é o fio terra, que protege e ameniza em uma situação de choque elétrico e variações. Ou seja, é mais proteção para você e para sua casa.

5 – Proteja-se: desligue o disjuntor no quadro de distribuição, antes de qualquer serviço que envolva o contato com a eletricidade em casa.

6 – Evite locais úmidos: o uso de eletrodomésticos ou eletroeletrônicos em cômodos úmidos pode gerar um risco maior de choque elétrico, a não ser que sejam projetados para isso, como liquidificadores e batedeiras. No caso de banheiros, a combinação umidade + pessoa descalça + chapinha ou secador de cabelo aumenta o risco de acidentes.

7 – Não mude a temperatura com o chuveiro ligado: sempre feche a torneira do chuveiro antes de trocar a chave da temperatura. Não fazer isto diminui a vida útil do chuveiro e gera risco de choque.

8 – Durante um temporal, o ideal é desligar tudo: não use eletrodomésticos ou eletroeletrônicos conectados à tomada durante tempestades e vendavais. O risco é de que um raio atinja a rede elétrica, induza um surto de tensão e queime o equipamento. São baixas as chances de uma pessoa se ferir, a menos que esteja em contato com o aparelho e ligado à rede.

9 – Evite o uso permanente de extensões e Ts, preferindo a instalação de novas tomadas: esses equipamentos são temporários. Ao ligar vários aparelhos na mesma tomada, corre-se o risco de extrapolar a capacidade daquele ponto. Antes de ligar, procure as potências nos equipamentos (geralmente aparecem em Watts ou Volt-Ampere) e some todas elas. Se não passarem de 1.000 W, que é a capacidade tradicional mínima das tomadas, ligue à vontade. Caso contrário, ligue em outras tomadas.

10 – Contrate um profissional: para realizar serviços envolvendo a eletricidade em casa, busque um profissional atualizado e capacitado.

O que fazer ao ver alguém levando um choque elétrico

– Em hipótese alguma toque nessa pessoa com as mãos. Se fizer isso, em vez de ajudá-la, você também levará o choque.

Desligue o disjuntor imediatamente. Isso vai cortar a corrente e terminar com o choque.

– Não sabendo onde fica o disjuntor, procure uma madeira seca para, com ela, afastar a pessoa que está levando o choque ou tirar dela o cabo de energia.

Com uma peça de roupa de algodão (algodão puro, não pode ser sintética), tente laçar e puxar essa pessoa para longe da fonte do choque.

Fontes: Edson Martinho, engenheiro eletricista, diretor-executivo da Abracopel, e Odilon Francisco Duarte, coordenador do Laboratório de Eficiência Energética da PUCRS


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