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Crédio imobiliário

Como o corte de juros na Caixa impacta o sonho da casa própria

Após perder espaço no financiamento imobiliário, instituição tenta retomar a preferência de quem busca um imóvel. Mas bancos privados não devem desistir fácil

16/04/2018 - 17h30min

Atualizada em: 16/04/2018 - 21h50min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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Pode estar se armando no Brasil uma disputa acirrada nos financiamentos de imóveis residenciais. E o maior beneficiado nessa competição, se confirmada, é quem sonha com a casa própria. O primeiro movimento no tabuleiro ocorreu nesta segunda-feira (16), com a Caixa Econômica Federal anunciando redução das taxas de juros para financiamento da casa própria e o aumento do percentual financiado para aquisição de imóvel usado. 

Para compra de imóvel no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), as taxas mínimas passaram de  10,25% para 9% ao ano. Nesta modalidade, estão incluídos imóveis residenciais de até R$ 800 mil – caso do Rio Grande do Sul. Somente para Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal o limite é de R$ 950 mil. 

– Agora, a Caixa está se aproximando dos demais bancos. Ainda não é a melhor taxa, porque no Banco do Brasil a taxa parte de 9,2%, no Itaú, é de 9%, no Bradesco, de 9,3% e no Santander, de 9,9%. Mas a Caixa se equiparou aos demais para se manter como alternativa – explica o vice-presidente da Associação dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.

Com problemas de capitalização e taxas de juros congeladas, a instituição chegou a perder a liderança no financiamento imobiliário com recursos da poupança, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). No começo deste ano, foi superada por Bradesco e Santander. Mas para retomar seu lugar, a briga pode ser dura. Uma tendência bem possível, a partir de a agora, é que os demais bancos pensem em baixar mais os juros para não perderem espaço.

– Porque os outros bancos sentiram o gostinho do financiamento habitacional. O risco de ficar no prejuízo é baixo porque, se a pessoa não pagar, o banco toma o imóvel. E, durante os 30 ou 40 anos de um financiamento, o banco terá alguém para vender mais produtos, como o seguro para esse imóvel, por exemplo – projeta o vice-presidente da Anefac.

Pela primeira vez, é a Caixa que segue

Antes, a Caixa era quem dava o rumo dos juros. Agora, pela primeira vez, segundo o  especialista em mercado imobiliário e fundador do site Canal do Crédito, Marcelo Prata, o banco está seguindo as demais instituições financeiras. Mas, como sempre liderou esse mercado no país, tem grande chance de recuperar seu espaço. 

Isso porque, além da taxa de juros mais baixa, a Caixa colocou sobre a mesa um trunfo poderoso que pode dar um chega pra lá na concorrência: o percentual máximo possível de ser financiado para imóvel usado voltou a 70%. Esse limite havia caído no ano passado para apenas 50%.

– O brasileiro precisa de mais recurso para conseguir entrar em um financiamento, nem todo mundo tem metade do valor para dar como entrada. Isso, mais do que a taxa de juros, impactou no resultado da Caixa nos financiamentos no ano passado – explica o especialista.

A Caixa também retomou o financiamento de operações de interveniente quitante, que são imóveis com produção financiada por outros bancos, com cota de até 70%. O banco ainda informou que tem R$ 82,1 bilhões para o crédito habitacional para 2018.


É a hora de comprar imóvel?

- Se você não tem nada planejado, dificilmente será o melhor momento.

- Por exemplo, aconselha-se criar uma reserva (entre seis e 12 meses de salário) para esse tipo de aquisição. 

- Imprevistos como doença, queda de renda ou desemprego devem ser levados em conta.

- Se você já planeja a aquisição e vem se ajustando financeiramente, agora pode ser a chance de um bom negócio. Do contrário, o sonho pode virar pesadelo, até com a perda do imóvel, a chamada retomada por parte da instituição financeira.

- Reúna a família e converse sobre o tema. Um ponto a ser levado em conta é o custo de vida da região onde se deseja morar, que pode ser mais alto do que o atual. 

- Se for o caso, analise o valor do aluguel que está pagando. Se for o mesmo valor da prestação de um financiamento, poderá ser uma opção financiar o imóvel.

- O caminho mais seguro é poupar parte do que ganha. Faça uma simulação em qualquer banco de quanto custaria a prestação e comece a guardar o equivalente a essas parcelas em um investimento conservador como poupança, CDB ou tesouro direto.

PARA BATER O MARTELO

Responda algumas perguntas:

1) Quanto posso pagar de prestação sem comprometer a minha renda?

2) Quanto posso dar de entrada (a maior possível) para amenizar essa mensalidade?

3) Possuo alguma reserva financeira para despesas extras?

4) Do que estou disposto (e posso) abrir mão durante esse período de financiamento?

- Quem responder bem essas perguntas pode estar perto de fechar um bom negócio, com menos risco de dor de cabeça no futuro.

- Lembre-se de que o financiamento de um imóvel é considerado um dívida de valor, por isso deve ser protegida e garantida, uma prioridade frente as demais despesas.

- Tenha sempre uma reserva estratégica, para que em uma eventualidade não deixe de honrar este importante compromisso.

OLHO NOS CUSTOS EXTRAS

- Não é só a prestação do financiamento, há custos que são por conta do comprador e não aceitam parcelamento.

- Sugere-se a reserva de 5% a 8% do valor do imóvel para taxas de registro em cartório, imposto de transferência, pagamento da vistoria e custos de mudança.

- Fique esperto. Há lei que garante desconto de 50% no registro e na escritura na compra do primeiro imóvel pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH). É importante lembrar disso no cartório. 

- Leve em conta os valores do IPTU e da taxa de condomínio.

- Deixar de pagar o imposto e o condomínio pode levar à perda do imóvel, mesmo sendo o único da família.


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